Cladograma
Cladograma é um gráfico, mas o que esse gráfico quer dizer? Por quê e quando utilizamos ele?
Vamos direto ao ponto, sem enrolação. O cladograma é um diagrama que representa as relações filogenéticas entre os seres vivos. Simples não? E o que são essas relações filogenéticas?
As relações evolutivas entre as espécies do nosso planeta sempre foram motivo de muita curiosidade entre os cientistas. Saber qual o grau de parentesco, de onde e quais ancestrais se originaram, qual a nossa real posição na cadeia evolutiva dos seres vivos é fundamental para entendermos a história da formação de nossa biodiversidade.
E é nesse contexto que surgiu a filogenia (do grego Filon=raça ou tribo + genético=em relação ao nascimento), ou seja, basicamente estudar quais são os seus “parentes” dentro da história evolutiva. E para deixar essa explicação mais didática, o cladograma foi utilizado.
Um cladograma básico é formado por ramos e nós, mas como assim? Veja na figura acima, cada ramo (traço) representa uma linhagem evolutiva e as intersecções entre esses ramos, ou nós, representam o momento em que as linhagens se dividiram resultando em táxons (unidades taxonômicas, podem ser famílias, reinos, gêneros, espécies, depende da escala e nível que está utilizando) diferentes. Os pontos de intersecção podem ser interpretados como o ancestral comum entre as espécies, ou seja, a espécie de onde todos os ramos subsequentes originaram-se.
A primeira pessoa a tentar desenvolver a ideia de um cladograma foi ninguém menos que Charles Darwin, o pai da evolução. Darwin, conforme seus estudos avançavam, imaginou que as espécies não seguiam uma tendência linear, que possuíam relações mais complexas do que simplesmente atingir o ápice da perfeição, logo imaginou que as espécies de desenvolviam em vários ramos, em “várias direções”. Sendo assim, idealizou a ideia de um gráfico que explicasse essa situação, dando origem ao que hoje chamamos de A árvore da vida de Darwin.
Interpretar um cladograma não é uma tarefa difícil, como disse anteriormente, basta se atentar aos ramos e aos nós. Considerando isso, podemos agrupar os táxons em classificações mais generalistas e aqui vamos falar de três delas: os grupos monofiléticos, parafiléticos e polifiléticos.
Os grupos monofiléticos, são agrupamentos que levam em consideração uma espécie ancestral e todos os descendentes originários da mesma. Seria como, na figura acima se pegássemos o ancestral U, os chimpanzés e os humanos.
Os grupos parafiléticos incluem um ancestral comum e alguns, mas não todos os seus descendentes, voltando à figura teríamos como exemplo um grupo formado pela espécie ancestral V, gorilas e chimpanzés, excluindo os humanos que também dela descendem.
Já os grupos polifiléticos são formados entre espécies onde o ancestral em comum mais recente não é incluído, novamente usando o exemplo dos primatas seria como se formássemos um grupo com os humanos e os gibões, desconsiderando o ancestral X (o mais próximo entre as duas espécies) e as outras espécies dele originadas.
Por fim temos o chamado grupo irmão que é formado por espécies com maior proximidade evolutiva (humanos e chimpanzés, por exemplo).
Independente do nível taxonômico que se esteja avaliando ou da quantidade de espécies, é fundamental se levar em consideração as relações filogenéticas na reconstrução histórico-evolutiva das linhagens, afim de que se tenha maior acurácia no estabelecimento dessas relações.
Paulo Ribeiro
Biólogo, Mestre em Zoologia Aplicada
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