Combustíveis Fósseis: a energia que move o mundo
Os combustíveis fósseis são recursos naturais utilizados como fontes de energia, presentes no desenvolvimento das sociedades desde a Revolução Industrial.
Os combustíveis fósseis são recursos naturais utilizados como fontes de energia, presentes no desenvolvimento das sociedades desde a Revolução Industrial. Esses recursos recebem essa denominação por serem utilizados a partir de sua combustão e também por terem sido originados pelo processo de fossilização do material orgânico ao longo do tempo.
O principal fator em torno dos combustíveis fósseis é o de eles serem considerados como recursos naturais não renováveis, isto é, possuírem uma disponibilidade finita no nosso planeta. Na verdade, esses materiais até se renovam na natureza, mas isso ocorre em um processo que leva centenas de milhões de anos, o que é muito em comparação com a evolução do tempo histórico.
Os três principais combustíveis fósseis da atualidade são o carvão mineral, o gás natural e o petróleo, que, por isso, são considerados como recursos naturais de valor altamente estratégico no âmbito econômico e, principalmente, geopolítico do mundo contemporâneo. Considerando-se dados da oferta mundial de energia divulgados pela AIE (Agência Internacional de Energia) para o ano de 2010, os combustíveis fósseis, juntos, correspondem a 86,7% de toda a demanda mundial de energia.
Por esse motivo, muitos países vem procurando desenvolver formas alternativas de energia, com a utilização de recursos renováveis, como as hidrelétricas, as usinas eólicas e a biomassa. Outro motivo para esse posicionamento estratégico dos governos é o fato de a queima dos combustíveis fósseis gerar uma grande quantidade de poluentes na atmosfera, o que é maior para o carvão mineral e menor para o gás natural. Mesmo assim, esses recursos permanecem preponderantes nos processos produtivos e estruturais de todo o planeta.
PETRÓLEO: A PRINCIPAL MATÉRIA-PRIMA DA ATUALIDADE
Dentre todos os combustíveis fósseis, a principal matéria-prima da atualidade é o petróleo. Trata-se de um hidrocarboneto, ou seja, um composto químico formado por hidrogênio e carbono, disponível na natureza em composições líquidas ou de consistência pastosa, localizado em áreas geológicas chamadas de bacias sedimentares.
E entender o processo de formação do petróleo perpassa justamente pela compreensão acerca do surgimento e estruturação dessas bacias sedimentares, que se formam a partir da sobreposição de sucessivas camadas de sedimentos (partículas de rochas deterioradas); dessa forma, à medida que essas camadas vão se sobrepondo, uma maior pressão é exercida sobre as camadas inferiores, o suficiente para converter esses sedimentos em rochas. No processo de formação do petróleo, isso acontece com tal pressão sendo exercida também sobre restos orgânicos que se juntam ao conjunto de sedimentos que vão dar origem a essa estrutura geológica. Confira o esquema a seguir:
Na maioria dos casos, o petróleo se origina em ambientes marinhos, mas pode ser encontrado em áreas continentais graças aos processos tectônicos e ao deslocamento do próprio líquido por entre as rochas sedimentares, principalmente se essas apresentarem um elevado grau de porosidade. Existe, ainda, uma teoria de que o mesmo surja por processos abióticos, diferente do acima relatado, o que não possui uma grande aceitação na comunidade científica pela falta de evidências e provas concretas.
Politicamente, a relevância do petróleo, como já dissemos, é indiscutível, sendo a maior matéria prima da atualidade e um dos recursos naturais mais estratégicos do mundo, ao lado da água. Uma das maiores crises econômicas da história recente do capitalismo surgiu justamente quando o preço desse recurso foi repentinamente elevado pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), sob a liderança dos países do Oriente Médio, que detém cerca de 60% das reservas mundiais. Isso aconteceu duas vezes na década de 1970, em dois acontecimentos chamados de Choques do Petróleo.
O maior produtor de petróleo do mundo é a Arábia Saudita, seguida pela Rússia, pelos Estados Unidos, pelo Irã e pela China. No entanto, é válido ressaltar que a maior produção não equivale necessariamente às maiores reservas, quesito no qual também se destacam a Venezuela, os Emirados Árabes, o Kuwait, o Iraque e outros países. Por outro lado, os que mais utilizam esse recurso são Estados Unidos, China, Japão e Rússia, sendo que os primeiros possuem um consumo superior ao dobro da segunda colocada.
GÁS NATURAL: ALTERNATIVA AO PETRÓLEO
O gás natural é um resíduo encontrado na natureza também em regiões subterrânea, estando frequentemente associado à presença de petróleo, embora também existam reservas isoladas. Da mesma forma que os demais combustíveis fósseis, o gás natural surge da degradação da matéria orgânica de seres vivos que habitaram a Terra a milhões de anos, em um processo muito semelhante ao acima ilustrado do petróleo. Como gera menos poluentes durante a sua combustão, muitos países incentivam o seu uso na geração de energia em termelétricas e também na indústria.
Quimicamente, o gás natural é composto principalmente por gás metano e etano, possuindo uma aparência incolor e inodora, sendo considerado um hidrocarboneto gasoso. Existem, ainda, dois tipos de gás natural: o associado e o não associado. O primeiro é encontrado em reservas dissolvido ao óleo, sendo necessária a separação. Já o segundo é encontrado livremente, sendo de comercialização mais fácil e rentável em vista dos menores custos para a sua extração.
No ponto de vista político, os dois principais produtores de gás natural no mundo são a Federação Russa e Estados Unidos, sendo que apenas os russos fazem uso geopolítico da abundância desse recursos, uma vez que boa parte da Europa e dos países da CEI (Comunidades dos Estados Independentes, na Ásia) dependem do fornecimento do gás advindo da Rússia. Inclusive, durante a recente crise da Ucrânia, que também envolveu a União Europeia, o governo de Moscou frequentemente colocou o gás natural na mesa de debates e negociações.
CARVÃO MINERAL: O MAIS ABUNDANTE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
O carvão mineral é uma rocha sedimentar – em alguns tipos, também pode ser considerada uma rocha metamórfica – de composição mineralógica não metálica. A grande vantagem do carvão mineral enquanto fonte produtores de energia é a sua alta capacidade de combustão e o fato de se manter aquecido durante um bom período de tempo. É, por isso, muito utilizado em termelétricas e na produção industrial, embora apresente a desvantagem de produzir uma grande quantidade de poluentes e gases do efeito estufa.
O processo de formação do carvão mineral ocorre a partir do soterramento de antigas florestas e agrupamentos vegetais diversos, em áreas de formação de bacias sedimentares, sob condições específicas de baixa temperatura e umidade restrita.
O carvão mineral tornou-se o principal recurso natural utilizado no mundo durante a I Revolução Industrial, sendo o motor das sociedades que primeiro se industrializaram, além de integrar toda a tecnologia agregada a esse tempo. Posteriormente, com o avanço das técnicas e dos objetos técnicos, o petróleo assumiu esse protagonismo, embora o carvão tenha a vantagem de ser encontrado em maior abundância na Terra. Os maiores produtores, atualmente, são China, Estados Unidos, Austrália e Índia, ao passo que o país que possui a maior dependência para com esse recurso é o Japão, seguido por Coreia do Sul e Taiwan.
Por Rodolfo F. Alves Pena
Mestre em Geografia
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