Como professores podem usar a IA a seu favor?
A inteligência artificial tem se tornado um pilar essencial na educação, oferecendo novas ferramentas e desafiando professores a repensarem suas práticas pedagógicas.
A presença da inteligência artificial (IA) nas salas de aula vai além das funcionalidades do ChatGPT. Atualmente, instituições educacionais em todo o Brasil estão explorando as diversas possibilidades que a IA pode oferecer.
Esse movimento busca melhorar a eficiência dos professores, auxiliar no aprendizado dos alunos e desenvolver as habilidades socioemocionais destes.
Em uma pesquisa do Instituto Semesp, realizada em março de 2024, 444 professores da educação básica foram entrevistados. Os resultados mostram que 74,8% dos docentes enxergam a IA como aliada no ensino.
No entanto, a aplicação frequente dessas ferramentas em sala de aula ainda é limitada, conforme revelado por apenas 39,2% dos entrevistados.
Para Carlota Boto, diretora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), a complexidade do uso da IA vai além de uma simples ferramenta técnica.
Ela acredita que a IA tem o potencial de redefinir o acesso e o compartilhamento do conhecimento. Portanto, é fundamental que os professores dominem tanto a tecnologia quanto o conteúdo ensinado.
Inteligência artificial pode ser usada para otimizar a atuação dos professores na sala de aula – Imagem: reprodução
Desafio da inovação e tradição
Carlota Boto destaca a importância de integrar novos conteúdos que dialoguem com as demandas atuais, respeitando ao mesmo tempo as tradições educativas.
Tal abordagem é capaz de ajudar a criar um ensino mais conectado com as transformações do mundo.
“A primeira questão a ser pensada é o repertório: o que estamos ensinando e como isso se conecta com o mundo em transformação? É importante respeitar as tradições pedagógicas, mas também integrar novos conteúdos que dialoguem com as demandas atuais”, aponta a especialista.
Impacto da IA Generativa
Anderson Soares, coordenador do primeiro bacharelado em IA da Universidade Federal de Goiás (UFG), enfatiza que a IA generativa tem transformado a produção de conteúdo.
O uso de tecnologias automáticas permite que estudantes se concentrem mais em atividades criativas. Contudo, cabe aos professores criar ambientes de aprendizado cooperativo e colaborativo.
Criatividade como pilar fundamental
Guilherme Cintra, diretor de inovação da Fundação Lemann, acredita que a criatividade e a interação humana são fundamentais no processo educativo.
Ele enfatiza que os educadores devem ser facilitadores de relações interpessoais, promovendo um ambiente de troca e reflexão, para que a tecnologia potencialize o aprendizado.
Professor precisa de apoio
Mas os docentes não podem ser os únicos a arcar com tal responsabilidade; é essencial que o sistema educacional como um todo os apoie nessa transição.
Repensar a formação do docente, o currículo e a gestão escolar são passos fundamentais para que a tecnologia seja utilizada de forma eficiente, sem sobrecarregar esses profissionais.
Exemplos práticos de integração
Lucas Chao, educador no Colégio Santa Cruz, ministra um curso de inteligência artificial no ensino médio, abordando desde a história até as aplicações mais avançadas da tecnologia.
Através da reflexão crítica, Chao encoraja os alunos a questionarem os resultados gerados por ferramentas como ChatGPT.
Chao ainda conduz uma oficina de letramento digital no ensino fundamental, focada em desenvolvimento de jogos e introdução à IA.
As atividades desenvolvidas ressaltam a necessidade de pensar criticamente sobre as implicações éticas e sociais das tecnologias atuais.
Ferramentas de IA como aliadas
Ferramentas como a PeerTeach e a Letrus exemplificam como a IA pode auxiliar professores em suas atividades.
A PeerTeach promove a colaboração entre alunos, enquanto a Letrus automatiza a correção de redações, liberando tempo para atividades mais estratégicas.
Esses exemplos mostram que, quando bem empregada, a IA reforça a centralidade da relação humana no aprendizado.
*Com informações do portal Terra.
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