A Conquista do Sertão

Domingos Jorge Velho foi o bandeirante que mais se destacou na missão de desbravar o sertão brasileiro em busca de indígenas, terras e metais preciosos.

As expedições bandeirantes foram responsáveis por iniciar a ocupação do interior do país. Geralmente esses homens eram paulistas e partiam da Capitania de São Vicente. Andavam sempre armados e agiam com extrema violência na captura de indígenas e negros escravizados fugidos.

Quando os portugueses chegaram com suas caravelas no Brasil no ano de 1500, o domínio se limitou a uma estreita faixa litorânea. O território entre a costa e o meridiano de Tordesilhas, chamado de sertão, permaneceu desconhecido polos exploradores e ocupado por uma grande variedade de tribos indígenas. No período colonial, parte do território brasileiro pertencia a Coroa espanhola, porém a metrópole europeia não havia tomado posse de seus domínios.

Expedições Militares

No período entre os anos de 1580 a 1640, em que portugueses e espanhóis estiveram sob a mesma Coroa, os territórios abaixo do meridiano de Tordesilhas foram percorridos por expedições militares formadas por aventureiros em busca de riquezas, terras e índios. Financiadas pelo governo ou por particulares, essas expedições tiveram participação importante no desbravamento e povoamento do “sertão”.

Os bandeirantes paulistas (como ficaram conhecidos os desbravadores) durante suas expedições de caça ou aprisionamento de indígenas auxiliavam os portugueses a conquistar as regiões sul e centro-oeste da colônia.

As expedições militares oficiais ocuparam principalmente as regiões norte e nordeste, essa entrada em territórios antes desconhecidos foi uma maneira de garantir o domínio português sob as terras recém-descobertas e impedir que outras metrópoles se aventurassem na região. Os criadores de gado adentraram o Nordeste e o Sul do país com seus rebanhos, iniciando uma nova atividade econômica, que até os dias de hoje representam uma forte característica da economia brasileira.

Outro grupo que também adentrou o interior do Brasil e auxiliou no seu desenvolvimento, foram os missionários jesuítas. A ordem formada por religiosos da Igreja Católica dedicaram-se a “domesticar” os indígenas através do ensino de sua doutrina. Com o objetivo de auxiliar os colonizadores no trato com os nativos, os jesuítas fundaram aldeamentos conhecidos como missões ou reduções.

Práticas Econômicas

Quando se fala em período colonial, desenvolvemos uma ideia errônea sobre as práticas econômicas. Os livros falam tanto em cultivo de cana-de-açúcar que absorvemos a concepção de que no Brasil só havia essa atividade. Porém, a criação de gado bovino representou uma prática importante para o desenvolvimento da colônia, seja para atender as necessidades de subsistência e transporte dos engenhos ou para a obtenção de charque e couro.

A condução dos rebanhos bovinos era realizada pelos tropeiros, além de conduzir os animais era da responsabilidade desses homens comprar e vender o gado. A pecuária não exigia o emprego de uma grande quantidade de trabalhadores, os vaqueiros eram em geral, indígenas e negros libertos ou fugidos. Geralmente, o pagamento dos tropeiros era feito através de cabeças de gado. Assim, esses homens deram início à formação de seus próprios rebanhos, o que possibilitou a rápida expansão dessa atividade.

Quanto mais à pecuária se desenvolvia, crescia a necessidade de conquistar novas terras para a pastagem. Dessa forma o território seria rapidamente ocupado. O gado era criado em regime extensivo, ou seja, solto nos pastos, o que originou a formação de grandes fazendas no Nordeste.

Entradas e Bandeiras

No decorrer do século XVII, as expedições militares conhecidas como bandeiras, desbravaram o território em busca de indígenas e riquezas, principalmente metais preciosos. Os grupos de bandeirantes partiam da Capitania de São Vicente rumo ao interior do Brasil. Armados e decididos a conquistar seus objetivos, os participantes das bandeiras agiam por conta própria, utilizando essas expedições particulares para capturar e comercializar os nativos. Passavam longos meses nas matas em busca de pedras preciosas, aventurando-se além do Meridiano de Tordesilhas.

Além das bandeiras, as outras expedições desse período foram às entradas. Financiadas pelo governo, tinham como finalidade demarcar o território, aprisionar indígenas e explorar as minas de metais preciosos. Ao contrário das bandeiras, as entradas costumavam respeitar os limites do Meridiano de Tordesilhas. Os bandeirantes por muito tempo foram considerados heróis, homenageados viraram nome de praças, ruas, rodovias e seus bustos até hoje ornamentam algumas cidades, no entanto a historiografia atual vem revendo essa visão.

Apesar de auxiliarem na ocupação do interior, esses importantes personagens da nossa história foram responsáveis por grandes matanças de indígenas e desmatamento de nossas florestas. Os bandeirantes aprisionaram cerca de cem mil nativos. Até mesmo as missões jesuíticas sofreram ataques dessas expedições, como os indígenas que viviam nesses aldeamentos eram preparados para o trabalho, acabavam por ser uma presa cobiçada.

Com a crise açucareira do século XVII, as expedições bandeirantes de aprisionamento de indígenas foram diminuindo. O aumento da necessidade de mão-de-obra estimulou a intensificação do comércio de escravos africanos, o que se transformou em um lucrativo comércio para a colônia.

Principais Bandeirantes

Fernão Dias Pais; Manuel Borba Gato; Bartolomeu Bueno da Veiga (Anhanguera); Domingo Jorge Velho; Antônio Raposo Tavares; Nicolau Barreto; Manuel Preto; Jerônimo Leitão; Francisco Bueno.

Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia

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