Criatura de 800 milhões de anos pode ser a chave para entender a origem dos neurônios; veja

Os placozoários são animais de 1mm que oferecem insights cruciais sobre a evolução das células neurológicas, trazendo informações valiosas sobre os mistérios da neurobiologia ancestral.

Cientistas divulgaram que animais conhecidos como placozoários podem ser responsáveis pela formação dos neurônios de todas as espécies do planeta.

Tais seres estão na Terra há 800 milhões de anos e representam uma espécie marinha complexa que apresenta dados evolutivos importantes.

Uma busca implacável pelas origens das células neurológicas ganhou novos ares com a identificação dessas criaturas.

Os placozoários não têm órgãos e são animais milimétricos com aparência de bolha. A sua sobrevivência é conseguida por meio das células peptidérgicas, que consomem algas e micróbios das superfícies de pedras.

Segundo o zoólogo Eduardo Bessa, eles se alimentam de matéria orgânica em decomposição e vivem espalhados pelos oceanos.

Inclusive, foram as células desses animais que geraram o interesse dos pesquisadores, por conta da capacidade de direcionar o movimento e a alimentação dos placozoários.

“As células são as unidades fundamentais da vida, por isso compreender como surgem ou mudam ao longo do tempo é crucial para explicar a história evolutiva da vida”, comentou Arnau Sebé-Pedros, um dos autores da pesquisa e líder do Centro de Regulação Genômica.

Os pesquisadores realizaram análises moleculares para determinar como as células desses animais se desenvolvem e se parecem com outros elementos rastreados em estudos sobre a formação dos nossos ancestrais.

(Imagem: Bernd Schierwater, CC BY 4.0/Wikimedia Commons/Reprodução)

A reconstrução molecular dos placozoários

O primeiro passo da pesquisa envolveu a criação de um mapa para identificar todas as células. Depois, elas foram organizadas em diferentes grupos, conforme a função que exercem no sistema dos placozoários.

Aparentemente, nove tipos de células estão conectadas por outras células “intermediárias” que fazem o papel de transmissão.

Além dessas, foram encontradas “14 tipos de células peptidérgicas de placozoários que expressam genes neuronais”. Essa foi a descoberta que impressionou os pesquisadores, pois tais células só foram identificadas em outras espécies milhões de anos depois.

Essas células não existem em outros animais de ramificação inicial, como a esponja-do-mar, fazendo com que sejam exclusivas dos placozoários.

As células peptidérgicas têm muitas características parecidas com as neuronais primitivas, já que elas são responsáveis por enviar sinais pela estrutura pré-sináptica.

Ademais, o estudo identificou que os placozoários são os únicos animais que apresentavam esse sistema celular há 800 milhões de anos. De acordo com a análise evolutiva, tal formação é parecida com os primeiros neurônios de animais ancestrais, como citado anteriormente.

Mesmo assim, os pesquisadores afirmam que a evolução dos neurônios ainda é um estudo complexo que exige muitos estudos sobre a formação dos animais ancestrais.

De todo modo, o artigo que foi publicado na revista científica Cell, em setembro de 2023, amplia a compreensão sobre outros animais, assim como o processo evolutivo da Terra.

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