Criminosos estão utilizando inteligências artificiais para praticar diversos tipos de crimes

Dentre os delitos, podem ser citados falsificação, phishing, deepfake, instalação de vírus e softwares maliciosos em dispositivos, entre outros.

Nos últimos meses temos presenciado um “boom” no surgimento de novas e impressionantes inteligências artificiais, como o ChatGPT.

De uma hora para outra, essas ferramentas estão mudando e melhorando a vida de muitas pessoas em diversas áreas, sobretudo em atividades que envolvem tecnologia.

Entretanto, ao que parece esses sistemas ultra sofisticados também podem ser usados para o mal, por assim dizer.

Em entrevista ao The New York Post, o especialista em segurança cibernética J.S Nelson, da Harvard Law School, foi categórico em afirmar que existem criminosos se aproveitando das IAs para praticar crimes.

“Está claro que ‘maus atores’ agora têm acesso a ferramentas sofisticadas que antes não dispunham. Isso os deu possibilidades que eles não possuíam antes”, disse ele.

Lisa Palmer, que é estrategista chefe de IA da empresa de consultoria AI Leaders, também falou ao jornal e alertou que esse problema pode ser observado no mundo inteiro.

“Está acontecendo em escala global. Isso não é algo que está acontecendo apenas nos Estados Unidos. É um problema em vários países”, afirmou ela.

Segundo Palmer e Nelson, a tendência é que as ocorrências de crimes com uso de IA só aumentem nos próximos anos. Nos próximos tópicos estão listados e explicados alguns dos principais delitos do tipo. Continue lendo!

Deepfake

Um dos principais crimes cometidos com a “ajuda” das IAs é o chamado deepfake, que consiste basicamente na criação de imagens falsas utilizando o rosto de uma pessoa.

Para cometer esses crimes, os criminosos utilizam aplicativos dotados de Inteligência Artificial, como aqueles que prometem transformar fotos em pinturas, ou até envelhecer o rosto dos usuários.

Lisa Palmer também comentou sobre esse tema e alertou para os perigos dos apps de deepfake. “Alguns desses aplicativos, em seus termos de serviço, deixam muito claro que você está compartilhando seu rosto com o armazenamento de dados”, alertou.

Em alguns casos graves, as IAs criam imagens sensuais ou até pornográficas utilizando o rosto de pessoas comuns. O resultado é tão realístico que pode ser usado para denegrir a imagem do indivíduo, o que é gravíssimo.

As inteligências artificiais podem ainda capturar dados como impressões digitais e assinaturas oculares, falsificando autenticações e deixando usuários suscetíveis a crimes digitais.

No que diz respeito ao debate público, o problema pode ser ainda mais profundo, uma vez que IAs generativas podem criar imagens falsas de eventos políticos, catástrofes naturais e outros acontecimentos para alarmar falsamente a população.

De acordo com os especialistas, isso pode ser usado por pessoas mal intencionadas como forma de manipulação.

Phishing

O phishing, que é o envio de e-mails e a realização de chamadas telefônicas não autorizadas, também pode ser facilitado com o uso de uma Inteligência Artificial.

“Agora eles [as pessoas que fazem phishing] podem criar esses e-mails de phishing em uma escala massiva usando IAs”, disse Lisa Palmer, em uma palestra recente.

Antes do surgimento das inteligências artificiais generativas, o phishing e outras práticas invasivas eram dificultadas pela complexidade do trabalho. Agora, a atividade pode ser facilitada e acelerada por chatbots inteligentes, como o ChatGPT.

Em geral, os “phishers” retiram informações pessoais de perfis nas redes sociais e, a partir disso, começam a disparar mensagens não bem-vindas a endereços de e-mail.

Lisa Palmer alerta ainda que as IAs generativas estão começando a ser usadas para a realização de chamadas telefônicas automáticas.

“A IA também está aprimorando a capacidade de criar chamadas telefônicas falsas. Tudo o que é necessário é que uma pessoa real registre três segundos de fala. O robô capta a fala e a reproduz em chamadas falsas”, disse a especialista.

Recentemente, criminosos utilizaram uma IA para forjar o sequestro de uma adolescente nos EUA. A mãe da garota recebeu uma ligação em que a voz da filha era imitada pelo robô. Infelizmente, casos como esse estão cada vez mais comuns.

Dan Mayo, agente do FBI que é encarregado pela superintendência da cidade de Phoenix, alerta que deixar perfis em redes sociais abertos ao público é um risco, pois pode fornecer informações relevantes aos criminosos.

“Eles vão procurar perfis públicos que tenham o máximo de informações possível sobre você e, quando tiverem isso, vão tentar prejudicar você”, disse o policial.

Recentemente, foi amplamente divulgado pela imprensa norte-americana que até mesmo Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, foi enganado por um phishing de inteligência artificial.

Powell teria recebido uma ligação em que uma IA se passou pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Mais tarde foi descoberto que tudo não passou de um trote que alguns russos desocupados aplicaram em Jerome. De toda forma, o alerta foi ligado.

Veiculação de malwares

Outra preocupante capacidade das inteligências artificiais está relacionada à veiculação e aprimoramento de malwares, que são basicamente vírus de computador.

Lisa Palmer explica que cibercriminosos usam esses softwares maliciosos para roubar informações de usuários. “Obviamente, seriam coisas como suas senhas nos sistemas bancários, suas senhas nos registros médicos, suas senhas nos registros escolares de seus filhos, seja qual for o caso, qualquer coisa que esteja protegida”, disse ela.

Segundo Lisa, as inteligências artificiais podem ser usadas para apontar caminhos pelos quais os hackers podem seguir para ter acesso até mesmo a máquinas protegidas, como computadores de governos e grandes empresas.

Inclusive, os principais alvos desses delinquentes são indivíduos de alta patente, como ministros de estado, empresários de grande porte, legisladores e até presidentes.

O ransomware é uma outra ameaça que está sendo aprimorada com uso de Inteligência Artificial. “Eles [os ransomwares] assumem o controle do seu sistema, alteram suas senhas, bloqueiam você de seus próprios sistemas e exigem resgate”, explica ela em tom grave.

No mundo inteiro, órgãos governamentais e empresas de segurança cibernética já estão atentos aos usos negativos que as IAs podem ter.

Inclusive, legislações específicas e protocolos de segurança para controle desse assunto já estão sendo desenvolvidos em vários países.

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