Cuidadores de pessoas com Alzheimer podem desenvolver depressão, alerta especialista
Receber o diagnóstico do Alzheimer não é fácil nem para o paciente nem para a família. Nos cuidados diários, os envolvidos com a doença são afetados diretamente.
A doença de Alzheimer, frequentemente associada ao esquecimento progressivo e à perda da capacidade cognitiva, é uma preocupação que paira sobre muitos à medida que envelhecem.
Para aqueles que alcançam a marca dos 60 anos, essa inquietação assume uma nova dimensão, transformando-se em um medo concreto.
O diagnóstico dessa doença, contudo, não é uma tarefa fácil, uma vez que ela afeta a capacidade de reter memórias recentes e até mesmo lembrar de tarefas simples do dia a dia.
Conforme destacado pelo médico Anderson Kuntz, membro titular da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), uma das grandes inquietações que assombram as famílias afetadas pelo Alzheimer está relacionada ao risco de herança genética.
Muitas vezes, quando se menciona o termo “genética,” pode parecer que todos os membros da família estão destinados a desenvolver a doença, quando, na verdade, a predisposição genética exige a presença de outros casos na mesma árvore genealógica para ser avaliada.
Porém, a maior angústia compartilhada por essas famílias reside na ausência de tratamentos capazes, no mínimo, de frear a progressão da doença.
A busca por uma medicação eficaz que possa oferecer esperança é uma das principais batalhas enfrentadas por aqueles que lidam com o Alzheimer.
O papel da família para quem tem Alzheimer
A abordagem do médico Anderson Kuntz salienta a importância de criar um ambiente familiar harmonioso no enfrentamento do Alzheimer.
Para o especialista, é crucial que a família compreenda a natureza progressiva da doença e esteja disposta a aceitar os desafios comportamentais e as dificuldades que o paciente pode enfrentar.
Manter o paciente dentro do círculo familiar pelo maior tempo possível é um fator relevante para retardar a progressão da doença, pois proporciona estabilidade emocional e afetiva.
Kuntz enfatiza que, ao tratar o Alzheimer, é essencial considerar o impacto na família como um todo, uma vez que todos os membros podem ser afetados pelo processo.
Trata-se de uma situação complexa, na qual testemunhamos a transformação de alguém que conhecíamos em uma pessoa completamente diferente, tanto em termos de comportamento quanto socialmente.
O especialista também sugere que manter o paciente em casa, envolvendo a família no cuidado, é uma abordagem importante.
Ele destaca a necessidade de ter cuidadores externos, que não façam parte do círculo familiar, para oferecer suporte em questões práticas, como alimentação e assistência física.
Isso permite que os familiares concentrem-se em fornecer apoio emocional e afeto ao paciente, além de cuidar de si mesmo durante o processo. Esses momentos de grande tensão também podem causar depressão nos familiares.
Para concluir, Kuntz enfatiza a importância de ajudar a família a compreender a nova dinâmica que se estabelece quando um membro idoso precisa de cuidados.
Para muitos, é uma transição difícil, pois estão acostumados a obedecer aos pais e, agora, precisam assumir o papel de cuidadores.
Essa mudança pode gerar conflitos emocionais significativos, levando a um quadro de depressão entre os familiares. Portanto, o apoio psicológico é fundamental para ajudá-los a lidar com essa situação desafiadora.
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