Da pesca à moda: startup produz couro de peixe a partir de restos de pesca

A pequena empresa alcançou o aporte de R$ 2 milhões do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) para investir no projeto sustentável.

Nascida e criada na cidade de Santana, no Amapá, Bruna Freitas, uma jovem empreendedora de 30 anos, estava em busca de um propósito que estivesse profundamente conectado à sua terra natal.

Para ela, isso levou a abordar um dos recursos mais abundantes da região: os peixes. Conforme ela explicou, na região onde vive, externa para a pesca, há um descarte dos resíduos vindos dos peixes.

Apenas uma fração dos animais é transformada em produtos valiosos, enquanto a maioria é descartada como lixo. Assim, ao conversar também com artistas locais, surgiram as primeiras ideias do potencial do negócio.

Bruna viu essa oportunidade enquanto frequentava feiras de rua e notou algumas pessoas vendendo produtos artesanais de couro de peixe, embora com acabamento e costura deficientes.

Para aprofundar sua compreensão sobre o produto, ela e os sócios Stefane Correa, Camila Nascimento e Frank Gonçalves, buscaram conhecimento adicional na Escola de Pesca, uma instituição de ensino do Amapá que realiza pesquisas sobre o couro.

(Imagem: Yara Couro/Reprodução)

Bolsas de couro de peixe

Bruna Freitas compartilha que, no início, houve uma fase de aprendizado e desenvolvimento do processo, com o foco em aprimorar a qualidade.

Tal momento de testes se estendeu por cerca de três meses, pois o objetivo era alcançar um nível de qualidade superior, especialmente em termos de sustentabilidade.

Todos os tipos de couro produzidos pela Yara, que utilizam predominantemente resíduos de pescada-amarela, acará-acú, tilápia e pirarucu, passam por um processo de “curtimento”, uma técnica que transforma a pele do animal em couro por meio de tratamento químico.

As vendas tiveram início oficialmente em março de 2023. E, em um período de apenas três meses, a startup recebeu um aporte significativo de R$ 2 milhões do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio).

O programa é coordenado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e executado pelo Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam).

Os recursos serão destinados à construção de uma fábrica com dois mil metros quadrados e ao direcionamento da produção para o mercado B2B, atendendo empresas que fabricam roupas, acessórios e até bancos de carros.

Além disso, em agosto, a Yara Couro alcançou outro marco importante ao ser selecionada para participar do programa de aceleração Sinergia, promovido pela Plataforma Jornada Amazônia.

Tal conquista demonstra o reconhecimento e a valorização da inovação e sustentabilidade que uma startup traz para a indústria da moda, consolidando seu crescimento e impacto na região.

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