Descobertas científicas revelam por que humanos e chimpanzés não têm caudas

Descubra como uma mutação genética peculiar levou humanos e grandes macacos a perderem a cauda, marcando um ponto de virada na nossa evolução.

A história de como humanos e chimpanzés perderam suas caudas é um enigma que fascina cientistas e entusiastas da biologia evolutiva há décadas. Tradicionalmente, a cauda desempenha funções cruciais em muitas espécies animais, desde o equilíbrio até a comunicação.

Entretanto, os hominoides, grupo que engloba gorilas, chimpanzés e humanos, trilharam um caminho evolutivo distinto, caracterizado pela ausência dessa extensão corporal. Recentemente, avanços científicos ofereceram luz sobre esse mistério evolutivo, revelando o papel de uma mutação genética na perda da cauda, um marco na nossa ancestralidade.

Há aproximadamente 20 milhões de anos, os primatas ancestrais iniciaram uma jornada evolutiva que os distinguiria profundamente de seus parentes arbóreos. A transição de possuir uma cauda para a sua ausência completa nos humanos e grandes macacos intrigou a comunidade científica.

Uma pesquisa publicada na revista Nature lança novas perspectivas sobre esse fenômeno. Liderada por Bo Xia, da Universidade de Nova York, a equipe identificou uma mutação no gene TBXT, responsável por um dos mais notáveis traços distintivos dos hominoides: a ausência de cauda.

Embora embriões humanos inicialmente desenvolvam uma cauda, esta regride durante a gestação, resultando no cóccix, um vestígio evolutivo da cauda. A pesquisa de Xia descobriu que um transpóson, conhecido como “gene saltitante”, inseriu-se no gene TBXT de maneira inusitada, afetando a expressão gênica e levando à perda da cauda. Experimentos com camundongos geneticamente modificados para replicar essa mutação observaram animais nascendo sem cauda ou com a cauda encurtada, corroborando a hipótese.

Além de esclarecer como a ausência de cauda se desenvolveu, o estudo traz implicações médicas significativas. Os indivíduos que expressaram a variante anômala do gene TBXT apresentaram maior incidência de defeitos no tubo neural, uma condição que afeta aproximadamente 1 em cada 1.000 recém-nascidos. Isso sugere que a evolução para a perda da cauda pode ter acarretado custos adaptativos, possivelmente relacionados ao desenvolvimento neural.

Embora o estudo de Xia e sua equipe forneça evidências sólidas sobre o mecanismo genético por trás da perda da cauda, muitas perguntas permanecem. Por que nossos ancestrais perderam a cauda ainda é um tema de debate, com hipóteses variando desde a adaptação ao bipedalismo até a seleção natural favorável a primatas sem cauda em determinados ambientes.

A descoberta é um testemunho do poder dos transpósons e da chamada junk DNA no molde do repertório genético humano e na definição de características únicas que nos distinguem. Revela também como eventos evolutivos aparentemente menores podem ter implicações profundas na morfologia e na saúde. *Com informações de El Pais e Scientific American

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