Direitos autorais? Amazon estaria ‘devendo’ ao estado do Amazonas, segundo governador

Wilson Lima afirmou que vai usar a reunião marcada na COP28 para cobrar à gigante da tecnologia por ‘estar usando o nome da Amazônia’.

Em uma declaração que está dando o que falar nas redes sociais, o atual governador do Amazonas, Wilson Lima, do União Brasil, disse que vai cobrar a Amazon por estar usando o nome do seu estado.

O mandatário estadual afirmou que vai usar uma reunião que terá com representantes da empresa de Jeff Bezos para fazer a reivindicação. O encontro acontecerá na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP28), que teve início nesta quinta-feira (30), em Dubai, nos Emirados Árabes.

“Nós vamos ter uma reunião com a Amazon com o objetivo de fechar parceria. A Amazon usa o nome do Amazonas, usa o nome da Amazônia, quanto é que a gente ganha por isso? A gente quer saber, esse é um questionamento que a gente vai fazer lá”, disse Wilson Lima, em entrevista concedida à imprensa.

Até o momento, nenhum representante da Amazon se pronunciou sobre as falas do governador amazonense.

Mas, o governador tem razão?

(Imagem: Alex Pazuello/Secom Governo do Amazonas/reprodução)

Analisando friamente, Wilson Lima acerta em afirmar que a marca Amazon foi inspirada no seu estado, herdeiro do nome do rio Amazonas, que o corta.

Em entrevista concedida ao autor Brian Stone, que escreveu o livro “A Loja de Tudo”, que conta a história da Amazon, Jeff Bezos conta como escolheu esse nome.

Segundo o magnata da tecnologia, que é atualmente um dos homens mais ricos do planeta, o nome de seu empreendimento seria “Cadabra”, originalmente. Contudo, por não poder usar essa marca, ele passou a pesquisar por outro termo.

Bezos então checou no dicionário nomes iniciados com “A”, por que assim sua loja seria encontrada com maior facilidade nas buscas do Google, sequenciadas por ordem alfabética na época.

Por fim, o visionário se deparou com o nome “Amazon”, a forma inglesa de “Amazônia” e “Amazonas”, e gostou. Jeff Bezos conta que se encantou pela história do rio, afirmando que “nenhum outro se compara a ele”.

Desde então, essa, que é uma das maiores lojas de varejo do mundo, carrega um tributo ao icônico rio sul-americano. Inclusive, o próprio logo original da empresa faz referência às famosas curvas desse corpo d’água exuberante.

(Imagem: Amazon/reprodução)

A Amazon deve pagar royalties ao estado do Amazonas, então?

Legalmente falando, não. Apesar da inspiração, a Amazon não infringiu nenhuma lei de direitos autorais, já que os nomes Amazônia e Amazonas não são marcas registradas.

Ademais, o rio, a floresta e o próprio estado do Amazonas também foram nomeados mediante a inspiração de algumas pessoas, séculos atrás.

Conta-se que, na era dos descobrimentos, exploradores espanhóis que desciam o rio Amazonas, na época desconhecido e sem nome certo, foram os responsáveis por batizá-lo.

Ao que consta nos relatos de Francisco de Orellana, um dos exploradores que integravam a comitiva dos irmãos Pizarro, que conquistaram as terras do antigo império Inca, em uma expedição seu barco foi alvo de um ataque de flechas desferido por guerreiras selvagens a quem ele chamou de Amazonas, numa clara referência às lendárias mulheres valentes da ilha de Lesbos, na Grécia.

O que Orellana não imaginava é que aquelas mulheres eram as nativas indígenas, das quais ainda restam descendentes vivendo em meio à floresta amazônica. Mesmo de uma forma despretensiosa, aquelas mulheres valentes desconhecidas ajudaram a nomear a sua terra sagrada.

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