Diretas Já – Resumo, O que foi, Objetivos e Consequências

Detalhes a respeito do movimento político, conhecido como Diretas Já, que no contexto da ditadura militar, buscou a redemocratização do Brasil.

O que é Diretas Já?

O movimento brasileiro que ficou conhecido como “Diretas Já” teve início no ano de 1983, no período final da ditadura militar, que havia sido instaurada em 1964. Conforme a indicação do nome, seus participantes lutavam pela retomada das eleições diretas para Presidente da República.

Na busca por este objetivo, diversos setores da sociedade, como políticos, intelectuais, artistas e membros da sociedade civil foram às ruas em passeatas, comícios e manifestações.

Manifestação em Brasília
Manifestação em Brasília

Contexto político

O golpe militar que deu início a ditadura militar no Brasil aconteceu em março de 1964. Em função dele, os cidadãos brasileiros ficaram impedidos de votar e escolher tanto governadores estaduais, quanto presidente.

Alguns anos depois do golpe, em dezembro de 1968, aconteceu o decreto do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que deu início aos anos de chumbo da ditadura. Por meio dele, além de outras medidas que endurecem ainda mais o regime, o Congresso Nacional foi fechado e uma junta militar ficou encarregada de escolher o presidente e os governadores, ou seja, eles eram eleitos por meio de eleições indiretas.

Em 1979, teve início o governo do último presidente da ditadura. João Figueiredo assumiu em uma situação de desgaste político, social, e econômico, prometendo fazer a abertura política do país de forma lenta e gradual. Nesse sentido, uma das primeiras ações para retomada da democracia foi a Lei de Anistia, também em 1979.

Somente depois de algum tempo, em 1982, é que as eleições diretas para o governo do estado foram restabelecidas. Naquele momento, a oposição contava com quatro partidos, PT, PMDB, PTB e PDT.

Objetivos

Levando em consideração este contexto, em 1983, o deputado mato-grossense Dante de Oliveira apresentou uma emenda constitucional, cujo objetivo era retomar as eleições diretas e dissolver o Colégio Eleitoral que escolhia os governantes. Caso a proposta fosse aprovada, as eleições por meio do voto direto aconteceriam em 1985.

Por conta de todo o cenário de desgaste, a proposta de Dante de Oliveira conseguiu aliados até mesmo entre aqueles que formavam as bases parlamentares do governo militar. Além disso, as centrais sindicais e movimentos sociais contribuíram para que as pessoas fossem às ruas.

deputado mato-grossense Dante de Oliveira
Deputado mato-grossense Dante de Oliveira

Em 1983, Ulysses Guimarães (PMDB), que era um dos principais articuladores da oposição, promoveu um comício na cidade de Goiânia, que arrebatou um público de mais de 5 mil pessoas. Este momento foi um marco no início das lutas pela redemocratização do país, e volta das eleições diretas.

Por representar a insatisfação popular em relação ao governo, o movimento rapidamente ganhou muitos adeptos. Comícios foram realizadas em muitas cidades brasileiras. Em Curitiba, por exemplo, mais de 30 mil pessoas compareceram ao evento em 5 de janeiro de 1984.

Além disso, para obter maior alcance da população, horários nos comerciais do Jornal Nacional foram comprados para veicular comerciais do movimento.

Um dos maiores marcos foi o comício realizado em 25 de janeiro de 1984, na Praça da Sé, em São Paulo. Na ocasião, mais de 200 mil pessoas se reuniram para pedir as eleições diretas. Lá estiveram presentes grandes nomes da política brasileira, como Luiz Inácio Lula da Silva, Leonel Brizola, Ulysses Guimarães e muitos outros.

O movimento “Diretas Já” também alcançou muitos artistas e intelectuais. Muitos membros dessas classes eram oponentes do regime militar, e além de sofrer perseguições e tortura, tiveram que se exiliar. Nomes como Chico Buarque e Fernanda Montenegro estiveram presente no comício da Praça da Sé.

Com o intuito de aumentar a pressão popular, naquele local, foi instalado o “Placar das Diretas”, onde a população podia acompanhar a intenção de voto de todos os congressistas a respeito da Emenda Dante de Oliveira.

Em 10 de abril de 1984 aconteceu o maior ato pró-diretas. O comício foi realizado no Rio de Janeiro, e em aproximadamente seis horas de duração, reuniu mais de um milhão de pessoas.

Paralelo a todos os acontecimentos, uma caravana se dirigiu a Brasília para acompanhar de perto a votação da emenda.

A votação aconteceu em 25 de maio daquele ano, e em meio a todos os protestos e tensão da votação, a Câmara dos Deputados não aprovou a emenda, e mais uma vez as eleições aconteceram sem a participação popular.

Eleições indiretas e redemocratização: Conclusão

Por conta de derrota da emenda, coube aos participantes do movimento negociar o fim da ditadura militar. Assim, o grupo articulador formado pelos governadores nordestinos indicaram o nome de Tancredo Neves para as eleições presidenciais.

Em 1985 a disputa das eleições aconteceu contra Paulo Maluf, candidato de São Paulo. Tancredo Neves saiu vencedor, entretanto, morreu antes mesmo de assumir o cargo. Seu vice, José Sarney, assumiu plenamente o governo até o final de seu mandato.

Dessa forma, as eleições presidenciais com a participação popular aconteceram depois de 29 anos, em 1989, tendo Fernando Collor de Mello como vencedor.

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