Você já deve ter ouvido falar por aí que a nossa língua portuguesa está entre os idiomas mais difíceis do mundo, não é verdade? Afinal, a afirmação confere ou é apenas uma “intriga da oposição”?
Bom, você que domina desde criancinha o português, já deve ter reparado que a nossa gramática não é exatamente de fácil compreensão, já que envolve inúmeras regras e, para o nosso desespero, inúmeras exceções. Dizer, portanto, que a língua portuguesa é um idioma fácil contrariaria toda a nossa experiência de hábeis falantes.
Ela pode até ser difícil, mas isso não significa que seja impossível dominar suas regras, muito pelo contrário: quem começa a estudar a gramática normativa (chama-se gramática normativa a gramática que busca ditar ou prescrever as regras gramaticais de uma língua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua e categorizando as outras formas possíveis como erradas) se encanta com nosso vernáculo e aprende suas minúcias.
Dominar as regras da norma culta melhora bastante nossa escrita, competência indispensável para quem quer arrasar nas redações de concursos e vestibulares e até mesmo melhorar a comunicação no ambiente profissional.
Para que você fique por dentro de algumas especificidades da nossa gramática normativa, o site Escola Educação preparou duas superdicas que vão facilitar o seu aprendizado: Concordância verbal com sujeito deslocado e acentuação dos verbos ligados a pronomes oblíquos.
São dicas que contemplam conteúdos que nem sempre aprendemos na escola (o que vemos de maneira rápida demais!), afinal de contas, em meio a tantas disciplinas e abordagens é natural que algumas particularidades não sejam visitadas. Que tal resgatar o tempo perdido? Fique atento às dicas e bons estudos!
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Concordância verbal com sujeito deslocado
Chamamos de sintaxe o estudo das relações que as palavras estabelecem entre si nas orações e das relações que se estabelecem entre as orações nos períodos. Um dos aspectos mais interessantes da sintaxe da língua portuguesa é a concordância.
Para haver concordância verbal em uma oração é necessário que o verbo concorde com o sujeito em número e pessoa. Geralmente, seja na modalidade escrita ou na modalidade oral, nosso discurso segue uma ordem direta, ou seja, nossos enunciados respeitam a máxima sujeito → predicado → complemento. Quando esta ordem direta prevalece, nosso discurso torna-se mais claro e objetivo, portanto evitamos contraria-la.
No entanto, há situações em que o sujeito aparece deslocado em uma oração, ou seja, em uma posição posposta ao verbo, sendo assim facilmente confundido com os complementos. A confusão acontece principalmente com os verbos que normalmente têm o sujeito à sua direita: EXISTIR, OCORRER, ACONTECER, FALTAR, RESTAR, SOBRAR, BASTAR, CABER. Exemplificando:
Ocorreu fenômenos inexplicáveis.
Notamos que o verbo não fez a correta concordância de número com o sujeito porque ele encontra-se fora de sua posição habitual. Contudo, fazendo uma análise mais detalhada da estrutura da oração, é possível corrigir o erro:
Ocorreram fenômenos inexplicáveis.
É importante salientar que o verbo deverá concordar com o sujeito onde quer que ele esteja. Abaixo, alguns exemplos com erros de concordância devidamente corrigidos:
- No ano passado teve início as conferências. (incorreto)
No ano passado tiveram início as conferências. (correto)
- Ficou provado, desta forma, as tentativas de suborno. (incorreto)
Ficaram provadas, desta forma, as tentativas de suborno. (correto)
- Sobrou apenas duas fatias do bolo. (incorreto)
Sobraram apenas duas fatias do bolo. (correto)
- Falta vinte reais. (incorreto)
Faltam vinte reais. (correto)
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Verbos ligados a pronomes oblíquos devem ou não ser acentuados?
Existem duas respostas possíveis para a pergunta: Sim e não. Alguns verbos ligados a pronomes oblíquos devem ser acentuados, enquanto outros não recebem acentuação. Por que isso acontece?
Em nossa língua, as regras de acentuação gráfica reservam os acentos para as palavras menos usuais. Partindo deste pressuposto, temos as seguintes regras básicas:
- proparoxítonas – são todas acentuadas;
- paroxítonas – são as palavras mais numerosas da língua e por isso recebem menos acentos. São acentuadas as que terminam em:
- i, is: táxi, lápis, grátis;
- us, um, uns: vírus, bônus, álbum, álbuns;
- l, n, r, x, ps: incrível, útil, próton, elétron, éter, mártir, tórax, ônix, bíceps, fórceps;
- ã, ãs, ão, ãos: ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos;
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não de s: água, árduo, pônei, vôlei, cáries, mágoas, pôneis, jóqueis;
- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados ou não de “s”, haverá acento: saída, baú, país.
- oxítonas – são acentuadas as que terminam em:
- a, as: Pará, vatapá, estás, irás;
- e, es: você, café, Urupês, jacarés;
- o, os: jiló, avô, retrós, supôs;
- em, ens: alguém, vintém, armazéns, parabéns.
A acentuação dos verbos ligados a pronomes oblíquos deve obedecer às regras que vimos anteriormente. Contudo, é preciso aplicar uma regra especial que é atribuída para estas situações: apenas a forma verbal da maneira como a pronunciamos deverá ser levada em consideração, desta forma, serão desprezados os pronomes a eles associados. Por exemplo:
Em cortá-lo, considere cor – tá (desprezando o pronome oblíquo “lo”): Oxítona terminada em a e, portanto, acentuada;
Em incluí-lo, considere in – clu – í (desprezando o pronome oblíquo “lo”): Acentua-se o “u” e “i” tônicos do hiato quando isolados na sílaba ou acompanhados de “s”;
Já em produzi-lo, não há acento, porque pro – du – zi (desprezando o pronome oblíquo “lo”) é oxítona terminada em i.
Agora já sabemos quando os verbos ligados a pronomes oblíquos deverão ser, ou não, acentuados, basta ficar atento às regras de acentuação da nossa língua portuguesa.
Luana Alves
Graduada em Letras
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