Em apoio a atividade, China altera sua política econômica
A China sofre nos últimos dias sua pior fase da doença, mesmo que ela tenha sido o primeiro país do mundo a sair da pandemia em 2020.
A volta do retorno da pandemia de coronavírus e a queda dos mercados, fez com que a China se comprometesse a apoiar a atividade, mesmo que isso signifique mudar a trajetória de sua política econômica.
A frase ¨devemos tomar medidas concretas para fortalecer a economia no primeiro trimestre¨, pronunciada na última quarta-feira, após uma reunião do governo, resultou em um efeito imediato nos mercados.
Mesmo que não tenha sido anunciado diretrizes concretas, a bolsa de Hong Kong valorizou em dois dias 16%, após várias sessões de queda em função do retorno da covid-19 na China.
Analista da Plenum, Chen Long, diz que ¨o confinamento é o principal motivo da decisão de Pequim¨.
Dezenas de milhões de pessoas estão em confinamento, incluindo toda a população da cidade de Shenzhen (sul), o ¨Vale do Silício chinês¨, que sedia as gigantes chinesas Huawei (telefonia, 5G) e Tencent (internet, videogames). Em termos de PIB é a terceira maior cidade da China.
O agravamento das condições sanitárias aparece em um panorama de lentidão do crescimento, ocasionado pelo baixo consumo, pela dureza das regulamentações em vários segmentos e pelas dúvidas relacionadas à Ucrânia.
Analista da ACY, Clifford Bennett, diz que ¨a China está em uma batalha sem precedentes¨, em frente a crise econômica.
O governo calcula que o crescimento deste ano seja de no mínimo 5,5%, sua estimativa mais baixa em três décadas.
Diante da incerteza, o governo parece disposto a flexibilizar o seu controle sobre o setor privado, que condenou especialmente as empresas tecnológicas e do ramo imobiliário nos últimos dois anos.
No setor tecnológico, as autoridades têm sido particularmente rigorosas em questões como concorrência ou dados pessoais.
Esse ¨ajustamento¨ de práticas anteriormente difundidas fez com que as grandes empresas do setor digital perdessem bilhões em capitalização desde 2020.
Mesmo que siga essa linha econômica, Pequim exigiu a necessidade de que a regulamentação seja ¨transparente e previsível¨.
O ramo imobiliário também foi prejudicado pelas determinações de sanear o setor endividado e marcado pela especulação descontrolada.
A conferência de quarta-feira requisitou ¨mitigação de riscos¨e aceitação de ¨medidas de apoio¨ para ¨acompanhar a transformação¨de uma esfera que responde por mais de um quarto do PIB chinês, juntamente com a construção.
Desde 2020, à beira da falência, a gigante Evergrande e muitas empreiteiras lutam para não falir.
Segundo o analista da IHS Markit (S&P Global) Rajiv Biswas, afirma que Pequim está andando na ¨corda bamba¨ tentando ¨esvaziar bolhas especulativas¨ sem ¨causar um crash¨.
Em uma esfera de intensas pressões com os Estados Unidos, a China vem diminuindo o tamanho de seus gigantes tecnológicos há um ano.
O governo resiste em deixá-los expandir capital no exterior, optando por ganhar fundos no mercado interno (Hong Kong, Xangai, Shenzhen e Pequim).
O ¨Uber chinês¨, Didi, foi obrigado a se afastar de Wall Street, em 2021, tendo entrado no mercado sem a concessão do regime comunista.
Na quarta-feira, o governo da China disse que está
¨trabalhando¨ com Washington na questão da listagem de empresas chinesas nos Estados Unidos.
Bennet anuncia que a invasão russa da Ucrânia ¨certamente¨está associada às novas orientações de Pequim.
A China está sob grande pressão diplomática para não ser uma tábua de salvação para a Rússia, atingida por inúmeros corretivos desde a invasão da Ucrânia.
Porém Pequim está persistente em abandonar seu aliado, sob o perigo de se ver sob sanções ocidentais.
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