'Escrito' ou 'escrevido'? Um deles NÃO existe!
Há diferença entre 'escrito' e 'escrevido' e uma forma correta de usar o particípio do verbo 'escrever'.
Imagine-se em uma roda de amigos discutindo sobre livros. Você quer impressionar, mas sem querer, acaba dizendo: “Eu já tinha escrevido um texto sobre isso…”.
Imediatamente, os olhares curiosos e sorrisos contidos o fazem perceber: algo está errado. Mas o quê? O problema está justamente na palavra ‘escrevido’, que não faz parte da nossa língua.
Na língua portuguesa, o verbo escrever tem uma peculiaridade que pode confundir muitos falantes.
Enquanto outros verbos seguem uma regra clara na formação do particípio, terminando em -ado ou -ido, escrever não mantém esse padrão.
Assim como ocorre com fazer (feito) e dizer (dito), escrever possui apenas uma forma correta no particípio: escrito.
Particípio: regular ou irregular?
Para compreendermos melhor, precisamos falar sobre o que é o particípio. Trata-se de uma forma verbal que indica uma ação já concluída, sendo essencial na formação de tempos compostos:
-
Pretérito perfeito composto: “Eu tenho escrito cartas”;
-
Pretérito mais-que-perfeito composto: “Eu tinha escrito cartas”.
Os particípios podem ser regulares ou irregulares. Os regulares terminam em -ado (para verbos da 1ª conjugação, acabados em -ar) e -ido (para os da 2ª e 3ª conjugação, terminados em -er e -ir, respectivamente).
Exemplos incluem amado (do verbo amar) e comido (do verbo comer). Esses particípios são os mais comuns e são usados na maioria dos verbos da língua portuguesa.
No entanto, alguns, como escrever, são classificados como verbos que possuem apenas particípios irregulares. Tais particípios são formados a partir do radical do verbo com acréscimo de sufixos como -to, -so e -cho.
É importante destacar que o verbo escrever não é abundante, ou seja, não possui dois particípios diferentes, apenas um — ‘escrito’.
Confira alguns verbos não abundantes, além do escrever:
-
Abrir: aberto;
-
Cobrir: coberto;
-
Fazer: feito;
-
Dizer: dito;
-
Pôr: posto;
-
Ver: visto;
-
Vir: vindo.
Agora, veja verbos abundantes:
-
Imprimir: imprimido (regular), impresso (irregular);
-
Trazer: trazido (regular), trago (irregular);
-
Salvar: salvado (regular), salvo (irregular);
-
Entregar: entregado (regular), entregue (irregular);
-
Prender: prendido (regular), preso (irregular);
-
Pegar: pegado (regular), pego (irregular);
-
Benzer: benzido (regular), bento (irregular).
Por que ‘escrevido’ não existe?
A confusão entre escrito e ‘escrevido’ surge porque muitos verbos regulares terminam em -ido no particípio.
Isso pode levar algumas pessoas a pensarem que ‘escrevido’ poderia ser uma forma válida. No entanto, a forma ‘escrevido’ não existe no português padrão e seu uso é incorreto em qualquer contexto.
Confira os exemplos usando a forma correta:
-
“Eu já tinha escrito uma carta para o diretor”;
-
“O relatório foi escrito ontem à noite”;
-
“As instruções estavam escritas na parede”.
Note que em todos esses casos, escrito indica uma ação que foi completada, cumprindo o papel do particípio.
A forma ‘escrevido’ não apenas soa estranha ao ouvido treinado, mas também não encontra suporte nas regras gramaticais da língua portuguesa.
Flexões e usos do particípio escrito
Além de funcionar como particípio, escrito pode desempenhar o papel de adjetivo, concordando em gênero e número com o substantivo a que se refere. Por exemplo:
-
“Essas cartas foram escritas à mão”;
-
“O contrato precisa ser escrito claramente”.
Nesses casos, escrito não apenas completa o sentido do verbo, mas também se adapta ao contexto, mostrando sua flexibilidade na construção das frases.
Portanto, lembre-se: da próxima vez que precisar utilizar o particípio do verbo escrever, escolha sempre ‘escrito’. Com isso, você garantirá clareza e precisão na sua comunicação.
*Com informações de Concursos no Brasil e Clube do Português.
Comentários estão fechados.