Esqueleto mais antigo já encontrado em São Paulo era indígena e tem 10 mil anos
Uma inovadora pesquisa de DNA antigo apontou que o esqueleto Luzio, de 10 mil anos, tem origem indígena. Descoberta pode mudar os estudos sobre antepassados na América.
Um estudo científico revelou a origem de Luzio, o esqueleto humano mais antigo que já foi encontrado em São Paulo. O resultado da análise genética identificou a origem indígena do esqueleto de 10 mil anos.
A descoberta foi publicada na revista científica Nature Ecology & Evolution e pode mudar os estudos sobre antepassados na América, revelando a descendência dos povos atuais.
De acordo com a análise de 34 genomas de quatro diferentes regiões do país, a descendência do homem pré-histórico encontrado é a mesma da população que habitou a América há 16 mil anos.
Além de Luzio, outros 34 indivíduos de 11 sítios arqueológicos já foram identificados como antepassados dos povos que hoje habitam as regiões, segundo a USP.
Para os cientistas, o resultado obtido é uma prova essencial de que a população que vivia na América deixou, de fato, descendentes.
Conheça Luzio: o esqueleto mais antigo de São Paulo
Luzio foi encontrado em 1999 no Vale do Rio Ribeira, próximo à divisa com o Paraná. À época da descoberta, o antropólogo Walter Neves escolheu o nome Luzio para homenagear Luzia, outro importante símbolo dos estudos pré-históricos nacionais.
Inclusive, o crânio encontrado nos anos de 1990 se assemelha aos traços de Luzia, o fóssil humano com cerca de 12 ou 13 mil anos, considerado o mais antigo da América do Sul.
Para o arqueólogo do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), o estudo genético que foi realizado no esqueleto comprova que:
“Luzio é um ameríndio, assim como um tupi, um quéchua ou um cherokee. Isso não quer dizer que sejam iguais, mas que, em uma perspectiva global, todos derivam de uma única leva migratória, que chegou à América há não mais de 16 mil anos e, se houve uma outra população por aqui 30 mil anos atrás, ela não deixou descendentes entre esses grupos.”
(Imagem: Cecília Bastos/USP Imagens/Reprodução)
Avanços científicos nos estudos arqueológicos
A pesquisa sobre o esqueleto mais antigo de São Paulo também representou um importante avanço nos estudos genéticos. A equipe responsável apresentou o primeiro DNA fóssil de populações da Amazônia pré-colonial.
O resultado foi celebrado por Tiago Ferraz da Silva, pesquisador e autor do artigo científico, pois a pesquisa com DNA antigo oferece novos olhares para a área da arqueologia genética.
O projeto de pesquisa foi financiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Já as pesquisas e as análises foram realizadas por pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade de Tübingen, na Alemanha.
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