Estado de Nova York proíbe o uso de fogões e fornos a gás natural em novos prédios
Com a decisão, o estado passa a ser o primeiro a adotar essa medida. Agora, só serão aceitos fogões a indução e fornos elétricos.
Na última terça-feira (2), o parlamento do estado de Nova York, nos Estados Unidos, aprovou uma resolução que proíbe o uso de fornos e fogões a gás em edifícios novos já existentes ou que sejam construídos no futuro em seu território.
A medida foi anunciada junto com a aprovação do orçamento estadual, e era uma demanda antiga de ativistas pró meio-ambiente que pressionavam a governadora Kathy Hochul e os parlamentares novaiorquinos.
Tanto a governadora quanto a maioria dos parlamentares da Câmara e do Senado de Nova York são filiados ao partido Democrata, que se mostra mais inclinado a tomar medidas semelhantes à adotada agora.
Além de proibir o uso de gás nas residências, a nova lei incentiva o uso de alternativas supostamente ecológicas para substituir os combustíveis fósseis tanto no preparo de comida quanto no aquecimento de água e ambientes domésticos.
As novas regras devem ser implementadas por edifícios de até sete andares até 2026. Enquanto isso, os prédios que tiverem a partir de sete andares terão que se adequar até 2029.
Apesar de ampla, a medida isenta grandes edifícios comerciais e industriais de a cumprirem, a exemplo de lojas, hospitais, lavanderias e restaurantes.
Nova York é o primeiro estado a aprovar uma lei desse tipo. Anteriormente, apenas cidades tinham sancionado medidas equivalentes, como foi o caso de Berkeley, São Francisco e Nova York, capital do estado.
As motivações da nova lei
De acordo com levantamentos feitos por ambientalistas dos Estados Unidos, o uso de gás natural em fogões e fornos de Nova York estariam gerando impactos para o clima do planeta.
Segundo essas pesquisas, o gás metano, usado para cozinhar, aquecer a casa e esquentar a água, é 80 vezes mais nocivo que o dióxido de carbono no que diz respeito ao desencadeamento do efeito estufa.
Por esse motivo, os especialistas em clima vêm alertando para a necessidade de se diminuir a emissão de gás natural em residências e espaços comerciais. Além disso, acredita-se que o metano e outros gases possam provocar doenças respiratórias graves, como a asma e a bronquite.
Ainda segundo os especialistas, as residências representam 32% de todas as emissões de gás natural na atmosfera, enquanto os 68% restantes são emitidos de outras formas.
O que dizem as autoridades
Antes da aprovação da nova lei em Nova York, o comissário de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA, Richard Trumka Jr., fez comentários fortes contra o uso de gás natural em residências. De acordo com Trumka Jr., os fogões e fornos a gás devem ser vetados porque provocam doenças respiratórias na população.
Em contrapartida, o comissário assegurou que não defende que as agências regulatórias “entrem nas casas de ninguém e tirem itens que já estão lá”, em referência a uma eventual obrigação compulsória de se desfazer de equipamentos.
A porta-voz da governadora Kathy Hochul, Katy Zielinski, emitiu o parecer do governo estadual sobre a nova medida. “Ela [a medida] protegerá nossas famílias e moradores, enquanto coloca Nova York em uma trajetória para um futuro mais limpo e saudável”, disse a porta-voz em comunicado oficial.
Por outro lado, alguns entes da indústria de gás natural norte-americana veem a nova medida com preocupação. Para Karen Harbert, presidente e CEO da Associação Americana de Gás, a nova lei pode dificultar a vida das pessoas mais carentes.
“Qualquer esforço para proibir o gás natural pode aumentar os custos para os consumidores, comprometendo o progresso ambiental e negando energia acessível a populações carentes”, afirmou.
Enquanto fogões e fornos a gás são proibidos em Nova York, em pelo menos seis estados controlados pelo partido Republicano, de orientação conservadora-liberal, foi promulgada a chamada “Lei da Preferência”, instituindo que a população pode escolher entre usar gás natural ou outras fontes de energia para cozinhar e se aquecer.
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