Existe uma comunidade japonesa no meio da floresta amazônica
Lugar é fruto de um programa de incentivo migratório realizado no início do século passado.
Já pensou em explorar as cidades e comunidades da Amazônia Legal brasileira e se deparar com um lugar lotado de japoneses? Pois é, essa é mais uma das curiosidades desse imenso Brasil.
Na cidade de Tomé-Açu, que fica na região nordeste do Pará, não muito distante da capital Belém, existe uma das maiores comunidades nipônicas do país e, por que não dizer, do mundo.
Quem já visitou Tomé-Açu pode comprovar que o lugar tem uma mistura quase simbiótica entre a cultura local e os costumes japoneses.
Por lá existe até um templo budista, representando a religião mais popular entre o povo do sol nascente.
Como eles chegaram até lá?
O ano era 1929 e o Japão, assim como diversos outros países no mundo, passava por uma crise econômica e social.
Diante disso, milhares de japoneses decidiram que a melhor saída era mesmo buscar recomeço em outras terras, mesmo que distantes, como no Brasil.
Vendo o interesse de japoneses migrarem para cá, o governo brasileiro, em parceria com os governos estaduais da época, decidiu ceder espaço.
Desde a sua fundação, mesmo na época em que ainda era colônia portuguesa, o Brasil sempre foi visto como um país acolhedor para imigrantes.
Muito por causa disso, hoje a população é altamente miscigenada e existem áreas tradicionais de vários países ao longo do nosso vasto território.
O governador paraense em 1929 era Dionísio Bentes, que viu com bons olhos a vinda de pessoas do Japão para o seu estado.
Afinal, lá existia muita terra para acomodá-los e o estado precisava de mão de obra para impulsionar a agricultura.
Desse status quo de ganha-ganha surgiu uma parceria de sucesso entre os imigrantes nipônicos e a comunidade local em todo o Pará, que, até 1965 já tinha acolhido 46 mil japoneses em todo o seu território. Mas foi mesmo em Tomé-Açu que essas pessoas se sentiram em casa.
Centro de Tomé-Açu (PA), com a Igreja Matriz do município em destaque – Imagem: Prefeitura de Tomé-Açu/reprodução
Sucesso e exemplo
Assim como todo começo, a adaptação dos imigrantes japoneses a Tomé-Açu não foi nada fácil. De acordo com relatos, o lugar não tinha nenhuma estrutura para receber aquelas pessoas, que passaram algum tempo vivendo em barracas em meio à floresta.
Além disso, o clima tropical extremamente diferente do Japão, as peculiaridades da Terra e a fauna do Pará também desafiaram os imigrantes a empenharem mais esforços nessa adaptação.
Contudo, nem mesmo as doenças tropicais foram capazes de vencer o ímpeto do grupo pioneiro, que se adaptou e transformou aquela terra que viria a se chamar Tomé-Açu um dia.
Com a ajuda de ribeirinhos, os imigrantes descobriram novas formas de cultivar a terra. Antes, eles utilizavam o método tradicional de desmatar para criar lavouras, mas aprenderam com os nativos como cultivar em meio à floresta, respeitando o bioma local.
O resultado desse sistema de manejo agrícola sustentável foi uma explosão de produtividade sem precedentes na região.
Em pouco tempo Tomé-Açu já era conhecida como uma potência na produção de pimenta-do-reino, cacau, açaí, cupuaçu e outros tipos de frutos, vegetais e até madeira para construção civil.
Conforme citado, hoje Tomé-Açu também tem muito da cultura japonesa. Por lá é comum ouvir pessoas falando japonês, existe um templo budista e restaurantes de comida japonesa.
Outro símbolo dessa união é o cemitério municipal, que está repleto de lápides marcadas com ideogramas, os símbolos do alfabeto nipônico. Inclusive, muitos dos pioneiros que chegaram no final da década de 1920 estão sepultados lá.
Comentários estão fechados.