Os melhores filmes para entender o nazismo e o holocausto

Entenda o que foi o nazismo e o holocausto, o que eram os campos de concentração e as produções cinematográficas que retratam esse triste período de nossa história.

Eu queria lhes contar algumas coisas, mas não posso escrevê-las. Tudo o que eu posso dizer é que vamos ficar longe por muito tempo.

O trecho acima foi escrito por Elie Sides, um judeu grego aprisionado em Auschwitz em 1943. A carta faz parte de uma exposição virtual chamada “Últimas cartas do holocausto: 1943”, lançada pelo memorial israelense Yad Vashem dedicado à história das vítimas de uma das maiores tragédias humanas da História: o holocausto.

A perseguição aos judeus empreendida durante a Segunda Guerra Mundial converteu-se no genocídio perpetrado pelo nazismo, regime político estipulado por Adolf Hitler em países como a Alemanha, Holanda e Polônia. Estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos durante o holocausto, além de homossexuais, negros, poloneses, ciganos e oponentes políticos.

Conheça o que foi o holocausto, sua relação com o nazismo, o que eram os campos de concentração, além de filmes que relataram os horrores desse período.

O que é nazismo?

O nazismo, ou Nacional Socialismo, é uma ideologia associada ao partido Nazista e grupos de extrema-direita caracterizada por incorporar o racismo científico e o antissemitismo. Se desenvolveu a partir do movimento nacionalista alemão e grupos anticomunistas que surgiram após a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. O nazismo apoiava as ideias de hierarquia racial e darwinismo social.

Nisso, aclamavam os germânicos nórdicos como uma raça pura e superior. Com isso, pretendiam superar as divisões sociais a fim de criar uma sociedade homogênea buscando a unidade nacional e o tradicionalismo. Os nazistas pretendiam conseguir isto através da comunidade do povo, unindo os alemães e excluindo os considerados como povos estrangeiros. Em 05 de janeiro de 1919, foi fundado o Partido Nacionalista.

O controle da organização é assumido por Adolf Hitler em 1920, quando foi rebatizado como Partido Nazista. A partir daí, foi aprovado um programa que negaria a cidadania alemã aos judeus e descendentes, além de delineado o antissemitismo e o anticomunismo como cernes da filosofia política. Com o apoio das elites alemãs, os nazistas estabeleceram um regime totalitário, passando a perseguir judeus e opositores políticos.

O que foi o holocausto?

O termo holocausto tem origem hebraica e faz referência ao sacrifício de algum animal em oferta a Deus, prática relatada no Antigo Testamento. As raízes gregas do vocábulo significam holos (todo) e kaustos (queimado). Também conhecida por Shoá, a palavra faz referência à perseguição empreendida pelo regime nazista à população judaica de países europeus, como Alemanha, Holanda e Polônia durante a Segunda Guerra.

E por que os judeus? A ideologia que guiou a perseguição, confinamento e eliminação da população judaica é chamada de antissemitismo. Trata-se da aversão aos descendentes de Sem, o filho de Noé. Segundo os nazistas, essas pessoas constituem uma raça inferior responsável pela degradação econômica e moral da Europa. O sentimento ultranacionalista nasceu com a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial.

O país saiu devastado economicamente, um cenário que favoreceu os ressentimentos relacionados ao conflito. Este terreno fértil fortaleceu manifestações cada vez mais fortes de grupos como o comandado por Adolf Hitler que apontou os judeus como os culpados pela situação financeira alemã. Após ser eleito primeiro-ministro em 1933, lançou políticas que cerceavam os direitos da população judaica no país.

Entre elas, estavam a proibição do casamento entre judeus e alemães, criação de guetos e negação de cidadania. O regime nazista estruturou toda uma propaganda política no intuito de persuadir os alemães da causa antissemita. Para isso, erigiu a linguagem do Terceiro Reich, o modo como a população se referia ao líder nazista como um salvador, uma espécie de messias. O slogan era “um povo, um império, um líder”.

O povo em questão era a raça ariana que deveria ser pura, ou seja, sem a mistura com outros grupos, além de livre de imperfeições. Por isso, os judeus não foram as únicas vítimas do holocausto. O regime nazista perseguia e aprisionava, também, negros, ciganos, homossexuais, pessoas com deficiência, comunistas, testemunhas de Jeová, poloneses e todos os opositores ao sistema de governo.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota alemã no conflito, o mundo teve a noção da violência praticada pelo holocausto. As tropas aliadas avançavam sobre os campos de concentração e encontravam câmaras de gás, cadáveres e sobreviventes em condições degradantes. Milhares deles passaram a viver em campos de deslocados porque não tinham condições de voltar às suas casas.

Um tribunal especial criado em Nuremberg, na Alemanha, julgou os principais líderes do regime nazista entre novembro de 1945 e outubro de 1946. De 24 indiciados, um cometeu suicídio, outro foi dispensado por problemas de saúde e 22 foram julgados. Entre as acusações, configuraram os crimes de crimes de guerra, contra a paz e humanidade, conspiração e atos de agressão. Três pessoas foram absolvidas.

O trauma ocasionado pela perseguição aos judeus foi um dos grandes impulsos à criação do Estado de Israel, em 1948. Com o fim da Segunda Guerra, a causa ganhou o apoio de potências estrangeiras no que ficou conhecido como sionismo, o movimento pela instituição de um Estado nacional que reunisse os judeus espalhados pelo mundo em um território sagrado para a religião.

O que eram os campos de concentração?

Antes e durante toda a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazista manteve, nas regiões que controlava, espaços denominados campos de concentração. Eram centros de confinamento militar instalados em terrenos livros e cercados com madeira ou arame farpado. Estes espaços eram destinados para prisioneiros políticos ou de guerra, por isso, seus perímetros eram intensamente vigiados.

As vítimas do holocausto eram levadas para tais campos em vagões abarrotados, sendo separados por sexo. Sendo assim, havia campos de concentração para homens e mulheres. Logo na chegada, os presos tinham seus cabelos raspados, roupas destituídas e pele marcada por números de identificação. Usando uniformes providenciados pelos soldados nazistas, eram obrigadas a executar trabalho forçado até sua exaustão.

Quando consideradas inúteis, eram levadas para as temidas câmaras de gás, tecnologia desenvolvida para a otimização do assassinato em massa. Lá, eram submetidas a uma nuvem de gás venenoso e morriam por asfixia. Como se não bastasse, os mortos eram incinerados em crematórios com o objetivo de “apagar” sua existência por completo. O mais conhecido dos campos de concentração foi o Campo de Auschwitz.

De fato, Auschwitz foi uma rede de 42 campos localizada ao sul da Polônia. Os três campos principais eram destinados à administração, trabalhos forçados e extermínio. Os outros eram relacionados à indústria alemã e utilizados para a produção militar, metalúrgica e mineradora. As câmaras de gás começaram a ser construídas em Birkenau, em Auschwitz I, com um teste inicial que matou 850 prisioneiros.

Os campos eram controlados por cerca de 7.300 membros das forças militares especiais nazistas comandadas por Heinrich Himmler. Em 1944, os nazistas destruíram as câmaras de gás e, no ano seguinte, começaram a evacuar os campos de concentração, devido ao fim da Segunda Guerra. Em janeiro de 1945, o exército soviético chegou a libertar cerca de 7.500 prisioneiros do complexo.

Genocídios na História

Ao mesmo tempo em que a humanidade foi capaz de grandes feitos, também teve sua história manchada por capítulos de extrema crueldade. Antes das milhões de pessoas vitimadas pelo regime nazista, a prática genocida já havia sido responsável pelo extermínio de armênios no Império Turco-Otomano e de ucranianos, desta vez, pelo Stalin no chamado “holodomor”.

Memórias do Holocausto

As cercas de 6 milhões de vítimas do holocausto são lembradas, atualmente, em memoriais construídos em sua homenagem. Em Israel, é celebrado o Dia de Lembrança do Holocausto, data que varia a cada ano. Por lá, foi levantado o Yad Vashem, dedicado à história dos judeus vitimados pelos nazistas. O dia 27 de janeiro, por sua vez, é considerado como o Dia Internacional de Memória às Vítimas do Holocausto.

A data foi estipulada por ter sido o dia em que tropas soviéticas libertaram prisioneiros de Auschwitz. Nos museus e memoriais dedicados aos judeus, são encontradas cartas escritas pelos aprisionados em campos de concentração, estátuas, fotografias.

Filmes sobre o Holocausto

Os horrores da Segunda Guerra e, especialmente, do Holocausto foram retratados em diversas obras cinematográficas ao longo dos anos. Listamos os melhores filmes sobre o Holocausto para ajudar a compreender o que foi o regime até o seu fim.

1. Noite e neblina (1955)

O documentário produzido através do convite do Comitê da História da Segunda Guerra traz imagens coloridas ou em preto e branco pioneiras em chocar o mundo ao materializar os horrores do Holocausto.

2. O diário de Anne Frank (1959)

A história real de uma garota de 13 anos durante a Segunda Guerra Mundial era descrita por meio de seus registros em um diário. Anne Frank e sua família se esconderam durante dois anos no porão de sua casa até que foram descobertos em de agosto de 1944, três dias depois da última frase ser escrita pela menina.

3. O homem do prego (1964)

Este foi um dos primeiros longas que tematizaram os traumas do Holocausto. O filme ilustra as memórias de um operador de uma casa de penhores nova-iorquina atormentado pelos horrores da guerra.

4. O refúgio secreto (1975)

A história real de uma família holandesa que esconde judeus e resistência em sua casa é contada por este longa, mostrando o momento em que são flagrados e levados para um campo de concentração.

5. Adeus, meninos (1987)

A história é narrada sob o ponto de vista de duas crianças que testemunharam uma batida em que um professor e três alunos judeus foram presos e deportados para Auschwitz.

6. 12 Filhos da guerra (1990)

O longa conta as desventuras de um jovem judeu que escapa dos campos de concentração ao se alistar entre a juventude hitlerista, escondendo sua ascendência judaica.

7. A lista de Schindler (1993)

A história real de Oskar Schindler, um industrial alemão que negociava a utilização de trabalhadores judeus em sua fábrica a fim de poupá-los dos campos de concentração. Filmado em preto e branco, o longa traz o terror do Holocausto e a tensão vivida pelo milionário.

8. A vida é bela (1997)

O aclamado longa italiano trata o holocausto sob o olhar poético de um pai que tenta poupar o filho das tragédias dos campos de concentração. A atuação de Roberto Benigni como Guido, o protagonista, rendeu-lhe um Oscar de Melhor Ator.

9. Bent (1997)

Os campos de concentração agregavam também prisioneiros gays, perseguidos pelo regime nazista. Neste cenário, Bent conta a história de um homossexual que tentava se esconder usando o símbolo destinado aos judeus. No entanto, acaba de apaixonando por Horst, que ostentava orgulhoso o triângulo rosa que simbolizava os homossexuais.

10. O trem da vida (1998)

A trajetória de moradores de uma aldeia judia que fogem de trem para a Rússia ao saberem da aproximação dos nazistas. Fingem que foram capturados pelo exército de Hitler para passarem despercebidos pelos alemães, mas acabam se comportando como os personagens que interpretam.

11. Cinzas de guerra (2001)

O filme traz a triste realidade dos Sonderkommandos, judeus responsáveis por encaminhar seus iguais às câmaras de gás, além de seus corpos para as fornalhas. É a história real do único levante ocorrido em Auschwitz.

12. O pianista (2002)

Wladyslaw Szpilman é um pianista que foge de um gueto de Varsóvia antes de ser levado para os campos de concentração. Com o prolongamento da guerra, o protagonista não consegue mais ajuda e passa a arrastar-se por prédios abandonados, sem comida nem perspectivas.

13. Olga (2004)

O filme dirigido por Jayme Monjardim narra a história de Olga Benário Prestes, militante alemã deportada para Alemanha durante o governo Vargas. A moça tem uma filha na prisão, o fruto de seu relacionamento com Luís Carlos Prestes, mas é enviada a um campo de concentração no país natal.

14. Os falsários (2007)

A história real da operação de falsificação promovida pelos nazistas em 1936 é retratada pelo longa, focando nas tentativas marcantes de sobrevivência empregadas pelo protagonista.

15. O leitor (2008)

Um advogado reencontra, anos depois, uma mulher que se defende das acusações de crimes de guerra cometidos durante o regime nazista. A questão é que os dois tiveram um relacionamento no passado e, apesar de ter informações cruciais sobre o processo, o homem decide se calar.

16. Operação Valquíria (2008)

A história real de um coronel alemão opositor ao nazismo que trama um atentado contra Adolf Hitler é contada pelo longa. A conspiração conhecida como Operação Valquíria foi um dos 15 planos elaborados para assassinar o líder nazista.

17. Um ato de liberdade (2008)

O filme mostra a saga de três irmãos judeus que fogem da perseguição nazista ao se esconderem na floresta. Porém, sua inicial tentativa de sobrevivência os torna símbolos de bravura e eles passam a ser procurados por aqueles que buscavam a liberdade.

18. O menino do pijama listrado (2008)

O drama retrata a amizade entre o filho de um oficial nazista e o garoto preso em um campo de concentração. A ilusão da criança que acredita que as pessoas do outro lado da cerca são camponesas é, aos poucos, desmanchada pelas conversas com o amigo de pijama listrado.

19. Bastardos Inglórios (2009)

O filme de Tarantino retrata a saga de Aldo Raine e Shosanna, respectivamente, um tenente americano e uma jovem judia que têm o mesmo objetivo: planejar um atentado para matar Hitler e outros líderes nazistas.

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