Flúor na água potável pode afetar a inteligência das crianças? Veja o que diz a ciência

Discussões sobre flúor na água potável ganham força após proibição em Utah, levantando questões sobre efeitos no desenvolvimento infantil.

A fluoretação da água potável é uma prática comum nos Estados Unidos e no Brasil. Essa medida é considerada uma das maiores conquistas em saúde pública, responsável pela redução significativa de cáries desde 1945.

Entretanto, Utah tornou-se o primeiro estado americano a proibir o flúor na água, medida apoiada pelo Secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy, que questiona a segurança dessa prática.

O debate sobre o impacto do flúor no desenvolvimento cognitivo infantil ressurgiu com estudos científicos sugerindo possíveis efeitos negativos. Alguns pesquisadores encontraram correlações entre a presença de flúor na urina de gestantes e as habilidades cognitivas de suas crianças.

O interesse pelo tema foi renovado após uma meta-análise publicada em janeiro de 2025.

Limites de segurança flúor na água

Especialistas como Jan Hengstler, doutor em farmacologia, destacam a importância de se considerar a dose da substância na avaliação dos riscos. Segundo ele, embora o flúor possa ter efeitos neurotóxicos em doses muito altas, as concentrações atuais na água potável são geralmente seguras.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que a água potável contenha no máximo 1,5 mg de flúor por litro. Nos EUA e no Brasil, a concentração é de 0,7 mg por litro, alinhada às recomendações do Instituto Americano de Saúde para crianças pequenas.

Para adultos, os limites são de 4 mg para homens e 3 mg para mulheres por dia.

Hengstler alerta para os riscos do excesso de flúor, que pode causar fluorose dentária e esquelética. Além da água, pasta de dente, sal e alguns alimentos, como peixes e chá preto, também contribuem para a ingestão de flúor.

Monitoramento e vigilância

O controle do fornecimento de flúor é essencial para prevenir tanto a deficiência quanto o excesso. O ideal é que a ingestão diária seja de cerca de 0,05 mg por quilo de peso corporal, quantidade que ajuda a prevenir cáries sem levar a complicações como a fluorose.

Desafios nas pesquisas científicas

Em regiões rurais da Mongólia e da China, a exposição ao flúor varia significativamente, complicando a análise de seus efeitos. A assistência médica precária e fatores econômicos e educacionais podem enviesar os estudos, conhecidos como “fatores de confusão”.

Estudos transversais, que analisam uma população apenas uma vez, enfrentam dificuldades em determinar as causas reais dos efeitos observados. No entanto, estudos longitudinais, que acompanham participantes por longos períodos, conseguem eliminar muitos desses fatores.

Na Europa e no Canadá, evidências indicam que respeitar as recomendações diárias de flúor é seguro. As discussões sobre o tema continuam, mas o consenso atual é que, em condições adequadas, a substância não representa um risco significativo para a inteligência das crianças.

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