Frida: cantora do ABBA é filha de um soldado nazista

Frida e sua mãe sofreram perseguição, refugiaram-se na Suécia, mas o maior segredo de todos ainda estava por ser revelado: ela era filha de um soldado nazista.

Em 15 de novembro de 1945, no auge do outono escandinavo, nascia Anni-Frid Synni Lyngstad, em Ballangen, uma pequena cidade norueguesa. Mas não era um nascimento comum. Frida, como ficou conhecida mundialmente como integrante do ABBA, foi fruto de um sinistro experimento nazista, o Lebensborn, idealizado por Heinrich Himmler, líder da SS de Adolf Hitler.

Foto: Reprodução

A Noruega, durante a Segunda Guerra Mundial, foi palco de um extenso programa de ‘purificação racial’, com cerca de 350.000 soldados alemães formando relações com mulheres norueguesas. Isso resultou em aproximadamente 10.000 a 12.000 crianças nascidas dessas uniões entre 1940 e 1945, das quais cerca de 6.000 nasceram em instituições Lebensborn, automaticamente consideradas alemãs a partir de 1941.

A história de Frida é marcada por desafios e superação. Após o fim da Segunda Guerra e a derrota nazista, ela e sua mãe, Synni Lyngstad, enfrentaram enorme preconceito na Noruega. A jovem Synni foi vista com desprezo pela sociedade, acusada de colaborar com os nazistas.

O destino de muitas crianças nascidas sob o projeto Lebensborn foi trágico. Muitos acabaram em orfanatos e hospícios, sofrendo abusos e sendo marginalizados por serem filhos de nazistas. No início do século XXI, surgiu um movimento reivindicando indenização do governo norueguês para essas vítimas.

Em um gesto de reconhecimento e arrependimento, em 2018, a Noruega, por meio de sua primeira-ministra Erna Solberg, pediu desculpas oficialmente pelo tratamento dado às mães e crianças envolvidas no projeto.

“As autoridades norueguesas violaram o princípio fundamental de que nenhum cidadão pode ser punido sem julgamento ou sentenciado sem lei”, declarou Solberg.

Sob a sombra do estigma de ser fruto de uma relação com um nazista, mãe e filha fugiram para a Suécia, onde a pequena Frida encontrou um lar com sua avó, Arntine. Uma humilde costureira, que viu o talento musical de Frida e, com grande esforço, fez de tudo para que o sonho dela se realizasse. A mãe de Frida morreu ainda jovem, por insuficiência renal. Crescendo nesse ambiente, Frida carregava dentro de si um misto de dor e talento.

A cantora pouco sabia a respeito do pai, acreditando que ele havia morrido em um naufrágio durante a guerra. Seu talento musical e carisma a levaram a conquistar um espaço na televisão sueca e, posteriormente, a se juntar ao grupo ABBA, onde sua voz conquistou o mundo.

Porém essa história daria uma guinada inesperada quando, já no auge da fama com o ABBA, uma revista alemã revelou que seu pai, Alfred Haase, um ex-soldado nazista, estava vivo. O meio-irmão de Frida viu a reportagem e questionou o pai. Haase, agora um confeiteiro, se surpreendeu ao descobrir que tinha uma filha famosa. Frida e seu pai se encontraram, mas a relação nunca se fortaleceu verdadeiramente.

Foto: reprodução

Apesar de seu passado doloroso e desafiador, Frida não apenas sobreviveu, mas prosperou. Após o ABBA, ela teve uma carreira solo de sucesso e, em uma reviravolta da vida, casou-se com a nobreza, tornando-se parte da aristocracia alemã.

Sua trajetória é marcada por perdas, como a morte trágica de sua filha em um acidente de carro e a do marido, o príncipe Heinrich Ruzzo Reuss Von Plauen. Hoje, Frida é um símbolo de resiliência e talento, uma mulher que, apesar de ter nascido sob as sombras de um programa idealizado dentro de um dos regimes mais terríveis da humanidade, encontrou luz e sucesso através de sua música e da superação pessoal.

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