Fruta popular no Brasil é ameaçada por fungo e corre risco de extinção
Pesquisadores desenvolvem banana-nanica resistente à Doença do Panamá, combatendo a ameaça de extinção.
A banana-nanica, conhecida mundialmente como Cavendish, é uma das frutas mais consumidas no planeta, representando cerca de 50% da produção global.
No entanto, essa variedade de banana está sob uma ameaça iminente: a Doença do Panamá, causada pela raça tropical 4 (TR4) do fungo Fusarium, que tem dizimado plantações ao redor do mundo.
Para combater tal perigo e salvar uma indústria de bilhões de dólares, a ciência recorreu à engenharia genética, resultando na criação da primeira banana geneticamente modificada, a QCAV-4, desenvolvida pela Queensland University of Technology (QUT), na Austrália.
Entenda como a Doença do Panamá ameaça bananas
Trata-se de um mal causado pelo fungo TR4, um dos mais devastadores para a banana. O fungo se espalha pelo solo e pode permanecer ativo por até 50 anos, tornando os solos inóspitos para o cultivo da fruta.
As plantações de banana-nanica ao redor do mundo, incluindo regiões da Ásia, América do Sul e Austrália, têm sido gravemente afetadas, com prejuízos imensos para os agricultores.
A banana-nanica já foi uma escolha de substituição no passado, quando a variedade Gros Michel foi dizimada pela primeira variante da Doença do Panamá, a TR1.
No entanto, a TR4, uma nova mutação ainda mais letal, conseguiu superar a resistência da Cavendish, gerando um alerta recente global.
Banana geneticamente modificada
Diante desse cenário alarmante, os pesquisadores da QUT, liderados pelo professor James Dale, dedicaram mais de 20 anos de trabalho no desenvolvimento de uma banana resistente ao TR4.
A variedade QCAV-4 foi criada a partir da inserção de um gene de resistência de uma banana selvagem do Sudeste Asiático (Musa acuminata ssp malaccensis), que oferece uma proteção eficaz contra o fungo TR4.
Essa variedade geneticamente modificada foi aprovada para cultivo comercial na Austrália e na Nova Zelândia, sendo a primeira banana GM a receber tal permissão.
Ensaios de campo realizados no norte da Austrália, ao longo de sete anos, mostraram que a QCAV-4 é altamente resistente ao fungo, oferecendo uma esperança concreta para salvar a produção global de banana-nanica.
A aprovação da QCAV-4 é um marco na luta contra a extinção da fruta, e sua comercialização abre portas para que outros países gravemente afetados pelo TR4, como os da América Latina, também adotem essa solução.
Ainda que atualmente a banana geneticamente modificada não esteja sendo cultivada em larga escala, sua aprovação é uma medida preventiva crucial para garantir a segurança alimentar global e proteger uma indústria avaliada em mais de 20 bilhões de dólares.
Além disso, a equipe de pesquisadores da QUT planeja usar a tecnologia CRISPR para expandir a resistência da banana GM para outras doenças, como a sigatoka-negra, que também ameaça as plantações.
O uso contínuo da biotecnologia não apenas ajudará a proteger as bananas contra doenças, mas poderá também melhorar a qualidade nutricional e a resiliência da fruta diante das mudanças climáticas e de novos patógenos.
*Com informações de NewScientist e Agrofy News.
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