Geração Z em alta: China prefere contratar os mais jovens

Entenda como o mercado de trabalho na China molda-se pela preferência pela contratação dos mais jovens e as implicações do etarismo.

Na China, uma tendência marcante tem delineado o mercado de trabalho atual: a crescente preferência pelos mais jovens, sobretudo aqueles da Geração Z.

Este fenômeno é muito citado como a ‘Maldição dos 35’, uma referência direta às dificuldades que profissionais acima dessa idade enfrentam para achar ou manter emprego em um mercado competitivo.

Etarismo no mercado de trabalho da China

A cultura de trabalho na China é notória por sua intensidade, exemplificada pela ‘regra do 996’ — uma jornada de trabalho das 9 da manhã às 9 da noite, seis dias por semana.

Tal exigência extrema tende a favorecer os mais jovens, vistos como pessoas com mais energia e uma adaptação mais natural a novas tecnologias.

O mercado competitivo afeta desde cedo os chineses, com pressões já significativas sendo aplicadas no sistema educacional.

Neste cenário acirrado, o etarismo emerge como uma questão crítica. A lei chinesa oferece pouco apoio contra a discriminação por idade, deixando indivíduos acima dos 35 particularmente vulneráveis.

Esses profissionais ficam marginalizados, considerados menos capazes de suportar as rigorosas exigências das jornadas de trabalho, apesar de sua experiência e conhecimento acumulados.

Chineses acima dos 35 anos enfrentam dificuldades no mercado de trabalho do país – Imagem: reprodução

Setor público – possível caminho de segurança para os mais jovens

Com a economia mostrando sinais de desaceleração, a geração mais jovem tem reconsiderado as vantagens de carreiras no setor público.

Enfrentando mudanças intensas no mercado de trabalho nas últimas quatro décadas, o setor público tem sido relegado.

Na década de 80, segundo o escritor Yu Hua, este setor oferecia oportunidades muito mais interessantes, o que foi alterado na década de 90, com a abertura econômica.

Aqueles que estavam se graduando passaram a olhar para o setor privado, o maior incentivo era o financeiro.

Mas o cenário mudou, com a desaceleração econômica da China, os jovens começaram a ver mais valor nos empregos públicos – sem contar na forte concorrência no ramo, que exige hoje uma qualificação além da graduação, como mestrado ou até doutorado.

De qualquer forma, o resultado é uma corrida renovada para concursos públicos, um reflexo do desejo por segurança em tempos incertos, o que não é muito diferente do Brasil.

Etarismo: fenômeno global

O foco na juventude, embora pronunciado na China, é um desafio global que ressoa em muitas economias, incluindo o Brasil.

À medida que as populações envelhecem, integrar de forma eficaz os trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho torna-se uma prioridade urgente.

Estratégias de inclusão, como trabalho flexível e programas de treinamento contínuo, são vitais para aproveitar a rica experiência desses profissionais, enquanto se mantém competitivo.

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