Governo José Sarney – O primeiro na redemocratização do Brasil

Após 21 anos de ditadura militar, José Sarney é o primeiro presidente eleito no Brasil. A criação da Constituição Federal é um dos marcos de seu governo.

Após longos anos de ditadura militar, José Sarney foi o primeiro chefe de estado no processo de redemocratização do Brasil.

Historicamente é o 31º presidente do país, governando de 1985 a 1990 e sendo sucedido por Fernando Collor de Mello.

Inicialmente, Sarney havia sido indicado para a vice-presidência, enquanto Tancredo Neves era o nome sugerido para a presidência. Entretanto, Tancredo nem chegou a assumir o cargo de presidente, o que estava marcado para o dia 15 de março de 1985, pois teve que se submeter a uma cirurgia de emergência.

Enquanto isso, o vice assumiu o posto aguardando a recuperação da saúde de Tancredo Neves. Ele passou por sete cirurgias, um intenso tratamento hospitalar e faleceu logo, em 21 de abril de 1985.

Biografia

José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasceu no dia 14 de junho de 1930, em Pinheiro, no estado do Maranhão. Filho de Kyola Ferreira de Araújo Costa e do desembargador Sarney de Araújo Costa, utilizou o nome José Sarney na política em menção ao seu pai.

Advogado, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Sarney possui com uma grande quantidade de publicações, as quais inclui romances, contos, crônicas e ensaios.

Em 1953, José Sarney se formou no bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais, na Faculdade de Direito do Maranhão. Um ano depois, começou a carreira docente na Faculdade de Serviço Social da Universidade Católica do Maranhão.

Em seguida, no ano de 1955, assumia interinamente o mandato de deputado federal na Câmara dos Deputados e abandou a docência, seguindo a carreira política.

Carreira política

Eleito deputado federal, em 1959, pela União Democrática Nacional (UDN), faz oposição ao governo vigente (incluindo o de Getúlio Vargas) até a instauração do regime militar.

Depois disso, apoia as forças governistas, integrando o partido ARENA (Aliança Renovadora Nacional), do qual se torna presidente, em 1979, até o fim do bipartidarismo.

Na década de 60, em 1965, torna-se governador do Maranhão. Abdica do cargo para tentar a candidatura ao Senado, mas não dá certo, o que acarreta na sua permanência entre 1970 e 1985.

Mediante a criação de novos partidos, presidiu o Partido Democrático Social (PDS) abandonando para iniciar a Frente Liberal, a qual se coliga ao PMDB, em 1984, lançando a candidatura de Tancredo Neves.

José Sarney

Foi então, a partir da doença de Tancredo Neves, que Sarney assumiu a presidência interinamente e teve de lidar com a hiperinflação e a recessão econômica instalada no Brasil. O seu mandato terminou em 15 de março de 1990, quando foi sucedido por Fernando Collor de Melo.

Em 1990, transferiu o seu domicílio eleitoral para o Amapá, onde ganhou como senador.  Na mesma década, em 1995, elegeu-se presidente do Senado pela primeira vez. Ainda em 1998, foi reeleito senador pelo Amapá e, em 2003, mais uma vez escolhido para administrar o Senado Federal.

No ano de 2006 é reeleito como senador de Amapá. Também conquistou a reeleição de presidente do Senado, em 2009 e 2011.

O processo de redemocratização

A morte de Tancredo Neves causou uma instabilidade política no Brasil. Após anos de regime militar, marcado por um ditadura e governos autoritários, iniciados em 1964 e com duração até 1985, a sociedade brasileira buscava ter os seus direitos de volta, e o falecimento demonstrou-lhe medo de viver todos os dias de terror de novo.

A luta pela retomada da democracia e dos direitos políticos acompanhavam os insatisfeitos, com a realização de greves e movimentos estudantis, que levaram a manifestações de massa em 1984 e a exigência das eleições diretas para o presidente da república, as Diretas Já.

Os protestos não foram efetivos e Tancredos Neves foi eleito pelo colégio eleitoral, no qual assumiu o seu vice, sendo o primeiro presidente civil depois de 21 anos do regime militar.

Dentre as primeiras iniciativas do governo foi a formação de uma Assembléia Constituinte, visando a criação de uma nova Constituição, para substituir a carta adotada pela ditadura militar.

A Constituição Federal (CF) ficou pronta em 1988 e é a que nos rege até os dias atuais. Nela, são garantidos as eleições diretas para presidentes, governadores, prefeitos, a independência dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), a garantia ao direito de greve, além de outros direitos de uma sociedade democrática.

Também assegurava os direitos trabalhistas, como assegurar os trabalhadores do limite de 44 horas semanais de trabalho, licença maternidade, licença paternidade e o seguro-desemprego.

A economia brasileira e a política externa

Com a história vinculada às tradicionais oligarquias nordestinas, o governo de José Sarney teve como desafio recuperar a economia brasileira sem abrir mão dos privilégios das elites que o apoiavam.

No intuito de contornar a crise da economia e conter o aumento inflacionário, Sarney executou sucessivos programas econômicos. O primeiro plano, proposto pelo ministro da Fazenda Dílson Funaro, consistiu na criação de uma nova moeda, por meio do Plano Cruzado, adotando controle dos salários, dos preços e incentivo à produção.

Por certo tempo, os objetivos do plano foram alcançadoS. Porém, depois de um tempo a euforia do consumo levou o plano a falência.

Os considerados fiscais de Sarney denunciavam ao governo os estabelecimentos que não respeitavam os preços indicados, acarretando no aumento do valor dos produtos e, consequentemente, da inflação.

Assim, a crise econômica não permitiu com que o Brasil pagasse os juros da dívida externa. Ainda que outros planos tenham sido elencados (Bresser, 1987; e Verão, 1989), a economia não se estabilizou, e só no ano de 1989 a inflação anual alcançava 1764%.

Porém, a crise econômica brasileira refletia o que acontecia globalmente, principalmente os países da América Latina.

Outras ações de destaque do governo de José Sarney foram a criação do Ministério da Cultura, o reatamento das relações diplomáticas com a Cuba e o ingresso no Mercosul.

José Sarney e a literatura

José Sarney é autor de muitas obras, tendo destaque as que escreveu para a imprensa, como as crônicas semanais da Folha de São Paulo.

Foi aceito na Academia Maranhense de Letras, em 1953, e indicado para ocupar a cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras, em julho de 1980.

Na sua carreira literária consta uma variedade de estilos: contos, crônicas, poesias e romances. Listamos as principais obras:

Contos

  • Norte das águas (1969)
  • Dez contos escolhidos (1985)

Crônicas

  • Sexta-feira, Folha (1994)
  • A onda liberal na hora da verdade (1999)
  • Canto de página (2002)
  • Crônicas do Brasil contemporâneo (2004)
  • Semana sim, outra também (2006)

Poesias

  • A canção inicial (1954)
  • Marimbondos de fogo (1978)
  • Saudades mortas (2002)

Romances

  • O dono do mar (1995)
  • Saraminda (2000)
  • A duquesa vale uma missa (2007)
  • Maranhão – sonhos e realidades (2010)

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