O presidente Bashar AL-Assad assumiu o governo da Síria após a morte de seu pai Hafez AL-Assad que governou o país por mais de três décadas. Sua ascensão ao poder em 11 de julho de 2000 gerou grande expectativa na população que esperava pelo fim de um governo ditatorial imposto por seu pai.
Após algumas reformas políticas e promessas de mudanças, Bashar prosseguiu com uma política tão autoritária quanto a do presidente anterior.
Contexto Histórico
Em 2011 uma onda de revoluções populares se alastrou por alguns países árabes, o episódio conhecido como Primavera Árabe tinha como objetivo derrubar os governos autoritários que eram caracterizados pela centralização do poder nas mãos de uma única pessoa ou grupo político.
Países como Egito, Tunísia, Líbia, Síria e Iêmen, estavam devastados por uma grave crise econômica que provocou a elevação da taxa de desemprego e a escassez de alimentos, a falta de um governo democrático aumentava o descontentamento da população com o regime político implantado. A organização de movimentos populares que eclodiram pelo território árabe em forma de protestos contribuiu para a queda de governos ditatoriais em quatro países: Egito, Tunísia, Líbia e Iêmen.
Os presidentes do Egito e da Tunísia não ofereceram resistência e abandonaram os seus cargos, já Muammar Kadafi, da Líbia foi morto depois de uma ação militar que contou com a participação da OTAN. No Iêmen, o presidente Saleh resistiu por três meses às forças populares até abrir mão do cargo para um presidente provisório.
A Tunísia após a realização de eleições caminha para o fortalecimento de um governo democrático e o Egito mesmo com a queda do ditador Hosni Mubarak continua enfrentando problemas políticos.
Causas da Guerra Civil na Síria
Em 2012 após a pressão dos movimentos populares que pediam eleições no Egito, os militares que comandavam o país desde a Primavera Árabe permitiram o processo eleitoral, no entanto, o presidente eleito Mohamed Morsi foi deposto após um golpe militar em 2013. Abdel Fattah al-Sissi assumiu o governo e impôs um regime político que acirra ainda mais as desigualdades sociais e beneficia apenas a elite egípcia.
Dentre os envolvidos na Primavera Árabe, a Síria foi o único país que não conseguiu derrubar o seu líder: Bashar al-Assad continua firme e submetendo a população síria a um dos regimes mais lamentáveis da história. Uma das características de países que são governados por ditadores é a imensa desigualdade social que assola a população.
Presidentes autoritários costumam governar visando à garantia de benefícios próprios, corrupção e perseguição política também é uma de suas marcas enquanto a parcela maior da sociedade sucumbiu à pobreza, desemprego, analfabetismo e falta de liberdade.
Quando assumiu o governo em 11 de julho de 2000, Bashar AL-Assad reacendeu a esperança do povo em ver a Síria livre de um regime opressor instituído por Hafez AL-Assad nos seus mais de trinta anos de mandato.
O país vivia em Estado de Emergência, o que dava direito ao governo em interferir nos direitos civis da população em benefício do Estado, havia uma forte censura que impedia os sírios de expressar seu descontentamento político.
O presidente Bashar assumiu com a promessa de modernizar o país e promover uma abertura democrática, mas não foi o que aconteceu, ele continuou a conduzir a Síria com mãos-de-ferro seguindo o exemplo de seu pai.
Em 2011, os protestos que deram início a Primavera Árabe motivaram alguns grupos dentro da Síria a lutar contra o governo de Bashar. Entre outras coisas os “rebeldes” pediam a saída do presidente, fim do regime ditatorial e investigações de casos de corrupção envolvendo o alto escalão do governo.
Os protestos começaram de forma pacífica, mas a violenta política de combate contra os manifestantes empreendidos pelo governo fez com que os protestos adquirissem um caráter mais ofensivo. O presidente sírio ordenou o extermínio de qualquer foco revolucionário, as tropas defensoras do governo iniciaram uma série de prisões e movimentos repressores que tentavam colocar um fim nos protestos.
Consequências da Guerra Civil na Síria
O início dos conflitos na Síria estimulou a formação do Exército Livre Sírio que buscava combater as tropas do governo, o aumento dos enfrentamentos fez com que a Cruz Vermelha e a ONU elevassem os conflitos ao status de Guerra Civil.
A Guerra já dura quatro anos, a população civil é a mais prejudicada, cerca 191 mil pessoas morreram desde o seu início. Intensificar a morte e restringir o acesso à alimentação faz parte de uma das estratégias do presidente para acabar com a oposição ao seu governo.
Diante das denúncias da comunidade internacional do massacre promovido pelas tropas aliadas a Bashar, o presidente alega que o exército enfrenta grupos terroristas e nega a ordem de morte a civis. Grupos internacionais que defendem os direitos humanos pressionam a ONU para que o presidente sírio seja condenado em um tribunal internacional pelos crimes cometidos contra a população civil.
A Guerra Civil gerou na Síria, uma das mais graves crises humanitárias da história mundial. Além de sofrer com os confrontos entre o exército do governo e o exército livre sírio, a população vem sendo amedrontada com o crescimento de uma temida organização terrorista: o Estado Islâmico.
O grupo terrorista acredita ser descendente de Maomé e suas ações aliam estratégias militares e ideias religiosas, a intenção é se aproveitar da crise instalada no país para dominar toda a região. Muitas cidades sírias e iraquianas já foram dominadas pelo Estado Islâmico, a imposição do medo se tornou a medida mais utilizada para alcançar os seus objetivos.
A guerra provocou importantes transformações nas estruturas sociais da Síria, com medo do avanço do Estado Islâmico e da repressão do governo, muitas cidades foram abandonadas e a população em busca de ajuda tem migrado para campos de refugiados dentro do próprio país ou buscado refúgio em países vizinhos.
Líbano, Turquia, Grécia e vários outros países europeus se tornaram destino para os refugiados. A interferência de países como Estados Unidos e Inglaterra na questão síria se deu na forma de embargos econômicos e políticos, o que gerou críticas por parte da ONU que esperava medidas mais enérgicas contra o governo de Bashar.
O aumento do fluxo migratório vem causando preocupação nos países vizinhos a Síria, cerca de quatro milhões de sírios abandonaram o país, muitos entraram de forma ilegal na Europa a partir do Mediterrâneo, vários países da comunidade europeia vem analisando pedidos de asilo político, alguns líderes europeus temem que o inchaço populacional causado pela migração possa gerar uma grave crise econômica.
A travessia para a Europa vem causando a morte de milhares de refugiados, em abril de 2015 uma barco naufragou na costa europeia deixando um saldo de 700 mortos. O episódio alertou a União Europeia, que a partir de então vem discutindo medidas para auxiliar os migrantes e aliviar um pouco a Grécia e Itália que até então são os países que mais receberam refugiados.
O presidente Bashar AL-Assad assumiu o governo da Síria após a morte de seu pai Hafez AL-Assad que governou o país por mais de três décadas. Sua ascensão ao poder em 11 de julho de 2000 gerou grande expectativa na população que esperava pelo fim de um governo ditatorial imposto por seu pai. Após algumas reformas políticas e promessas de mudanças, Bashar prosseguiu com uma política tão autoritária quanto a do presidente anterior.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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