Hipismo – O que é, regras, modalidades e história do esporte

Esporte que surgiu com o hábito da caça na Inglaterra, o Hipismo é a  única prática olímpica em que mulheres e homens competem entre si em igualdade de regras.

Prova de salto em competição de equitação

O Hipismo é uma prática desportiva que compreende a arte de montar a cavalo. O esporte surgiu na Inglaterra nos princípios do século XVII, e buscava reproduzir o costume da caça à raposa dos nobres ingleses.

Nessas perseguições, os caçadores saltavam troncos, riachos e pequenos barrancos. Em períodos de baixa de caças, praticantes da atividade se reuniam para reproduzir, em ambientes menores, adaptados pelo ser humano, os obstáculos que eles estavam acostumados a cruzar nos bosques e florestas europeus.

O costume de se reunir para  simular caçadas desenvolveu-se no reinado de Jaime I da Inglaterra, e deu origem aos primeiros hipódromos. Visando a prática desportiva do Hipismo, como uma competição oficial, os mais antigos hipódromos, de que se tem notícia, foram construídos na região de planícies de Newmarket, cidade do condado de Suffolk, no país inglês.

Hipismo nas Olimpíadas

O esporte estreou nos Jogos Olímpicos na edição do evento em Paris no ano de 1900. Esteve ausente da celebração olímpica nos anos de 1904 que aconteceu em Saint Louis, nos Estados Unidos, e em Londres em 1908.

Os países que mais se destacam no hipismo mundial são: Holanda, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha e Bélgica. O Hipismo também é conhecido como Equitação. O homem praticante do esporte é o cavaleiro, e a mulher é cavaleira ou amazona. 

No atual programa de Hipismo olímpico são disputadas três modalidades com provas individuais e por equipes:

Adestramento

Nessa modalidade, o cavaleiro, ou a cavaleira (amazona), sem dar ordem verbal ao cavalo deve orientar o animal a executar uma série de movimentos como  círculos diagonais, passo, trote e galope em um percurso de areia.

Sete árbitros avaliam as coreografias, que valem notas de 0 a 10.  A competição é dividida em três etapas: Grande Prêmio, Grande Prêmio Especial e Grande Prêmio Livre.

A atividade impõe uma cuidadosa ginástica racional, associada a uma preparação mental do cavalo, de forma que nas competições, o animal deve mostrar-se calmo e flexível aos comandos. Durante toda a apresentação o cavalo deve permanecer confiante e atento, demonstrando um perfeito entendimento com os atletas.

Saltos

O salto é a modalidade mais conhecida no hipismo no Brasil.Nessa modalidade o cavaleiro é responsável por saltar entre 12 a até 15 obstáculos com o cavalo, em uma pista que deve ter no mínimo 700 a até 900 metros.

O tamanho da pista varia conforme a quantia de obstáculos, que podem medir entre 1,30 e 1,60 metro de altura, e entre 1,5 e 2 de largura.

Para terminar a prova, o cavaleiro precisa concluir o trajeto por duas vezes consecutivas com o cavalo. O placar começa no zero e vai ficando negativo conforme as penalizações.

Penalizações no salto 

Errar o percurso pré-estabelecido implica em desclassificação imediata;

Queda do cavaleiro ou do cavalo também implica em desclassificação;

Se o cavalo recusar o obstáculo são três pontos de penalização;

No caso de uma das varas de um obstáculo cair pelo toque do cavalo, o cavaleiro perde quatro pontos;

Ultrapassar o tempo determinado a cada percurso gera penalização progressiva de um ponto a cada segundo excedido.

Concurso Completo de Equitação (CCE)

Essa modalidade reúne provas de adestramento, salto e cross country em conjunto, que acontecem em três dias de competição. No cross country o cavaleiro deve passar obstáculos naturais como tanques de água, troncos de árvores, cercas, subidas e descidas.

O CCE é dividido em quatro fases, nas fases “A” e “C” a dupla percorre percursos e realiza movimentos de adestramento.  A fase ‘B” corresponde a uma série de saltos a obstáculos, e na fase “D” ocorre o cross-country.

Qualquer alteração na saúde do animal, como mal condicionamento físico e exaustão pode resultar na desclassificação da dupla.

O cavaleiro nunca pode trocar de cavalo com a competição já em andamento. Os 25 cavaleiros que tiverem melhor desempenho nos três dias de provas disputam a medalha de ouro.

Provas de Hipismo não olímpicas

A tradicional corrida de cavalos tratados com nobreza em filmes de época europeus não é uma modalidade olímpica. Assim como o enduro equestre que é uma prova em longa distância separada em etapas e o volteio que se trata da ginástica do cavaleiro sobre o cavalo.

Equipamentos do Hipismo 

Alguns termos e acessórios básicos precisam ser bem conhecidos por quem pratica o esporte ou queria começar a atividade:

Sela

É o assento colocado no dorso do cavalo para os cavaleiros se sentarem. A escolha do tipo depende do tipo da prática de equitação, se é  para finalidade esportiva ou somente como lazer, mas sempre leva em conta as medidas do animal, o peso e a altura da pessoa.

Estribos

Servem de apoio para os pés dos cavaleiros, evitando que estes balancem com os movimentos do cavalo. Podem ser de aço inoxidável, metal, ferro ou em alumínio.

Cabeçadas e embocaduras

As cabeçadas são tiras de couro que são postas na cabeça do cavalo junto às embocaduras, que vão na boca. São utilizadas para coordenar os movimentos do animal.

Capacete

Equipamento obrigatório na prática de Hipismo que deve ser leve e ventilado e varia de acordo com a modalidade de equitação a ser desempenhada.

Hipismo no Brasil

O primeiro registro de uma competição de Hipismo no Brasil data de abril de 1641, e foi organizada pelo conde holandês Maurício de Nassau em Recife no Estado de Pernambuco. O evento contou com a participação de cavaleiros holandeses, franceses e brasileiros.

Porém, os primeiros clubes hípicos no Brasil foram fundados em 1911, eles foram a Sociedade Hípica Paulista e o Clube Esportivo de Equitação do Rio de Janeiro.

Atualmente, o esporte é coordenado no país pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), auxiliada pelas diversas federações estaduais. Vários brasileiros conquistaram destaque no esporte, como Luiz Felipe Azevedo, Vítor Alves Teixeira, André Bier Johannpeter e Álvaro Affonso de Miranda Neto e Bernardo Alves Rezende.

A principal referência internacional brasileira no Hipismo é o atleta Rodrigo Pessoa. Ele nasceu em Paris em 1972, mas decidiu se naturalizar brasileiro aos 18 anos. O pai, Nelson Pessoa nasceu no Rio de Janeiro e também foi  cavaleiro olímpico.

Rodrigo Pessoa, tricampeão brasileiro de Hipismo

Rodrigo é tricampeão olímpico na modalidade de salto. Conquistou medalhas de bronze nas olimpíadas de 1996 e 2000 e medalha de ouro no evento que aconteceu em 2004 em Atenas, na Grécia. O cavaleiro também ganhou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos em 2011 em Guadalajara, México.

Principais competições mundiais

Os Jogos Equestres Mundiais são as principais competições de Hipismo em nível internacional.  Organizados desde 1990 pela Federação Equestre Internacional, a última edição aconteceu em 2014, na região da Normandia na França. A Alemanha é o país que mais medalhas ganhou nesta competição, 34 de ouro, 23 de prata e 26 de bronze.

Outro evento importante são os Jogos Olímpicos. Nas Olímpiadas de 2016, no Rio de Janeiro, a Grã-Bretanha, Alemanha e França se destacaram. Os britânicos ganharam medalha de ouro em duas categorias salto individual e adestramento individual. Os alemães conquistaram ouro no concurso completo de equitação individual com o tricampeão olímpico Michael Jung.

Curiosidades

Hipismo e Vela são os dois únicos esportes olímpicos que admitem homens e mulheres competindo entre si com igualdade de regras. Contudo, na Vela as diferenças físicas podem dar vantagem aos homens.

Já no Hipismo é diferente, os controles do cavalo são regulados para que, mesmo com menos força, a pressão no animal seja a mesma. dessa forma, homens e mulheres têm exatamente as mesmas chances de vencer as competições.

A igualdade de gênero também vale para os equinos, porque não há distinção entre cavalos e éguas. O Hipismo também é o único esporte olímpico em que a habilidade de animais é julgada em conjunto a de seres humanos.

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