História de Goiás – Goiás e a Idependência do Brasil
Após a Independência, Goiás passa a ser uma Província e Vila Boa conhece seu primeiro governador: o capitão-general Conde dos Arcos.
Goiás pertencia à Capitania de São Paulo até 1749. Após a Independência, Goiás passa a ser uma Província e Vila Boa conhece seu primeiro governador: o capitão-general Conde dos Arcos. Todo governador tinha ligação direta com Lisboa e o Conselho Ultramarino.
Como observamos no primeiro texto sobre a História de Goiás, a região estava ligada exclusivamente à mineração, o governo português exigia exclusividade sobre a produção de ouro, deixando a produção agrícola e a pecuária em segundo plano. Além dessa exigência, existia uma política fiscal nas minas cada vez maior para evitar o contrabando de ouro, afinal, os produtos minerais eram propriedade do rei, como senhor do reino.
O Quinto, era um imposto cobrado sobre a produção do ouro, como o nome já diz, a quinta parte de toda a produção líquida deveria ir para as mãos da Metrópole. Além do Quinto, outras formas de impostos foram estabelecidas, gerando uma insatisfação cada vez maior entre os colonos.
Por exemplo, entre 1736 e 1751, houve uma cobrança chamada de Captação, onde o colono pagaria o imposto de acordo com o número de escravos que possuía, independente da produção de ouro, essa medida era uma tentativa de evitar prejuízos causados pelo contrabando. Os dízimos eram uma outra maneira de se cobrar impostos dos colonos, eram cobrados através de todo tipo de produto e até prestação de serviços.
Com a decadência da mineração, Goiás passou a enfrentar vários problemas. A região praticamente foi abandonada, dado que a mineração atraía muitos aventureiros em busca do ouro, quando a produção entrou em decadência, a região se viu esvaziada. Devemos lembrar que a Metrópole havia exigido que se investisse apenas na mineração deixando a produção agrícola para subsistência. A partir disso, inverte-se o processo e tentativas governamentais para o progresso de Goiás começam a acontecer.
Veja também: História de Goiás – O início da Ocupação
Os problemas eram muitos, os dízimos cobrados dos agricultores pelo governo, o desprezo dos mineiros pelo trabalho agrícola, a ausência de um mercado consumidor e a pouca rentabilidade dos produtos agrícolas em relação ao ouro dificultaram o processo de transição da sociedade mineradora para a sociedade pastoril em Goiás.
O Governo por sua vez, implementou medidas para “salvar” a região. Foi concedida isenção dos dízimos por espaço de tempo de dez anos aos lavradores que nas margens dos rios Tocantins, Araguaia e Maranhão fundassem estabelecimentos agrícolas.
Criou presídios às margens dos rios, com os seguintes objetivos: proteger o comércio, auxiliar a navegação e aproveitar o trabalho dos naturais para o cultivo da terra. Uma das principais ações foi cancelar o alvará de 5 de janeiro de 1785, que proibia e extinguia fábricas e manufaturas em toda a Colônia. Esta revogação foi seguida de estímulos à agricultura do algodão e à criação de fábricas de tecer.
O início do século XIX é marcado por conflitos administrativos. Vários capitães-generais pediam a divisão da província em Norte e Sul para facilitar a administração. Em 1809 divide-se Goiás em duas Comarcas: Sul, com jurisdição de Goiás como cabeça ou sede e Norte, com jurisdição de Vila de São João da Palma como cabeça ou sede.
Com as Guerras Napoleônicas acontecendo na Europa, a corte portuguesa desembarca no Brasil em 1808, trazendo mudanças para a colônia. D. João VI, criará no país algumas instituições sólidas, que se fazem presente até hoje em nossas vidas, como o Banco do Brasil e os Correios. Cria uma linha de Correio da Corte para o Pará via Goiás. Antes, no auge do ouro e depois, os tropeiros e mascates eram os responsáveis por trazer notícias das Capitanias brasileiras e até notícias da Europa.
Havia um descontentamento com a administração colonial, os empregados públicos tinham seus salários sempre atrasados com a crise. Juntas administrativas deram espaço para disputas de poder. D. João VI se via diante de uma crise política e as cortes portuguesas exigiam seu retorno. Ele volta para Portugal e a vitória separatista se dá em 1822. Em Goiás, grupos locais com diferentes ideias, mas o mesmo objetivo – o poder – entraram em choque. Houve quem falasse em ideal republicano.
As famílias que dominaram o cenário político até a República Velha foram os Rodrigues Jardim, os Fleury e os Bulhões. Elas lançaram raízes nas diretrizes oligárquicas até o fim da República Velha. Com a Independência em 1822 e com a aclamação do Imperador Constitucional do Brasil, D. Pedro I, pouca coisa mudou nas questões sociais e econômicas para Goiás.
O primeiro Governador nomeado por dom Pedro foi Caetano Maria Lopes Gama, em 14 de setembro de 1824. Goiás continuaria sob o mesmo marasmo econômico e a popularidade de D. Pedro ficaria abalada, pois a população começaria a perceber que poucas mudanças aconteciam mesmo após a Independência, estando a maioria dos cargos públicos ainda nas mãos dos portugueses.
Carlos Beto Abdalla
Historiador e Mestre em Estudos Literários
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