Impasse sobre cursos de Medicina ‘detona’ ações de empresas da área educacional
Recuo dos papéis do setor chegou a dois dígitos, na sessão desta segunda-feira (14)
A repercussão negativa do impasse criado pela falta de uma posição clara do Ministério da Educação (MEC), ante a determinação do ministro do STF, Gilmar Mendes – que condicionou a abertura de novos cursos privados de Medicina a um processo de chamamento público, conforme prevê a Lei do Programa ‘Mais Médicos’ – provocou um ‘tombo’ generalizado nas ações de empresas do setor educacional, que superou dois dígitos.
No início da sessão dessa segunda-feira (14), com o pessimismo contaminando o mercado, após a divulgação de seu balanço no segundo trimestre (2T23), a Ânima amargou uma queda de 18,96%, a R$ 3,89, enquanto os papéis da Yduqs recuaram 14,46% (maior queda do ano), a R$ 20,53, sem contar as ações do Cogna, que baixaram 6,1%, a R$ 3,07, e do Ser Educacional, que ‘encolheram’ 9,42%, a R$ 5,59, além de Cruzeiro do Sul Educacional, que ‘desidratou’ 8,91%, a R$ 4,21.
Embora a decisão de Mendes, em tese, beneficiasse as empresas do setor, com ações em bolsa (em razão da restrição de oferta de cursos de Medicina), a dificuldade ministerial para identificar a quantidade de cursos abertos por força de liminares judiciais, desde 2018, ou quais ainda estão em fase de avaliação, acabou abalando o mercado. Por falta de informação nesse campo, o ministro decidiu suspender os processos em andamento com esse objetivo.
“Vemos a notícia como negativa para as empresas de educação, demonstrando uma fragilidade maior nos seus segmentos de medicina, onde a Secretaria responsável pela regulação aparenta ter pouca credibilidade para manter o surgimento de novas vagas de medicina contidas, gerando riscos ao segmento, onde seus diferencias que garantiam uma alta rentabilidade às companhias estão ameaçados”, aponta, em nota, a Ativa Investimentos.
Ao lembrar que as vagas nos cursos de Medicina possuem um ticket médio elevado, taxa de ocupação próxima a 100% e baixa evasão, a Ativa acentua que “as vagas de medicina são as mais desejadas pela iniciativa privada. Para se ter uma ideia, em um período recente com uma atividade de M&A aquecida no setor de educação, os cursos de medicina foram avaliados em cerca de R$2 milhões/vaga”.
Como plano de fundo, o setor é alvo de grande interesse do setor privado, uma vez que um curso de Medicina com 100 vagas teria um valor de mercado de R$ 200 milhões, devido às altas mensalidades e elevadas taxas de permanência dos alunos.
Enquanto uma solução ainda parece distante, a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), do MEC, admitiu não dispor de dados sólidos sobre o número de processos de abertura de cursos foram iniciados, a partir de liminares judiciais em tramitação na pasta, ou a respeito de quantos estariam na fase inicial de análise.
Comentários estão fechados.