Independência da América Espanhola

A independência da América Espanhola consistiu no processo de autonomia das colônias em relação a Espanha.

A independência da América Espanhola ocorreu no contexto de ganho de autonomia das colônias espanholas de sua metrópole. O século XIX foi o século que presenciou a independência de quase todas.

A emancipação política das colônias espanholas se realizou por meio da participação popular, dos movimentos militares e de proclamações de repúblicas.

A independência das colônias americanas possibilitou a formação de nações dependentes e marginalizados no contexto do progresso e desenvolvimento capitalista.

Resumo

A independência da América Espanhola ocorreu em um processo iniciado no século XVIII, que se caracterizou pelo iluminismo, que defendia a liberdade e questionava os regimes políticos que privilegiavam uma classe social em detrimento da outra, além de problematizar o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias.

Com isso, a elite letrada da América Espanhola foi influenciada pelos valores pregados pelos iluministas. A maioria dessas pessoas eram criollas, isto é, filhos de espanhóis nascidos na América. Eles eram politicamente excluídos e por isso viam no iluminismo uma forma de legitimar e materializar a independência em relação ao domínio espanhol.

O fim da colonização vislumbrada pelos ideais iluministas e a rotina exaustiva dos escravos, indígenas e mestiços contribuiu de maneira expressiva para a independência. Além disso, as condições de trabalho e a miséria dos habitantes mobilizaram vários setores das colônias hispânicas em prol desse objetivo.

Entretanto, é somente no início do século XIX que o processo de independência começa a se delinear. O estopim do levante organizado pelos criollos foi a restauração da autoridade da coroa espanhola na colônia.

Apoiados pelos anglo-americanos, os criollos e o restante da população das colônias se rebelaram contra a Espanha. Os principais líderes do processo de independência foram, Simon Bolívar e José de San Martín.

Comandaram exércitos em diversas regiões do continente e promoveram a proclamação de independência de vários países latino-americanos.

Antecedentes

O processo de independência foi dividido em três períodos denominados como:

  • Movimentos precursores (1780 a 1810)
  • Rebeliões fracassadas (1810 a 1816)
  • Rebeliões vitoriosas (1817 a 1824)

Desde o século XVIII, o império colonial espanhol se dividiu em quatro vice-reinados:

  • Nova Espanha (México e parte dos Estados Unidos)
  • Nova Granada (Colômbia, Panamá e Equador)
  • Peru (Peru)
  • Rio da Prata (Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia)

Além dos vice-reinados, o império colonial também se dividiu em quatro capitanias gerais que correspondem aos atuais territórios de Cuba, Venezuela, Chile e Guatemala.

Causas

Pode-se destacar como as causas para a independência da América Espanhola: a influência da independência norte-americana, o anseio por adotar o livre comércio, o apoio militar do Haiti e a ajuda financeira dos ingleses.

O anseio por independência por parte das colônias começou a surgir principalmente a partir do século XVIII, momento em que o iluminismo vigorava a todo vapor na Europa.

Os primeiros movimentos de independência foram duramente repreendidos pela metrópole. Mesmo tendo ocorrido de forma desorganizada e repentina, eles foram importantes para que a população das colônias começassem a problematizar a exploração pela qual passavam, além de vislumbrarem guerras futuras com a metrópole.

Um dos movimentos mais importantes foi o liderado por Tupac Amaru II, que comandou o maior levante anticolonial da América no século XVIII.

No primeiro levante organizado por Tupac, contabiliza-se mais de 50 mil mortes de indígenas. Ele foi preso e morto. A década de 1780 se caracterizou por revoltas igualmente reprimidas tanto na Venezuela quanto no Chile.

Francisco de Miranda (1750-1816) foi o principal líder venezuelano e precursor do processo de independência das colônias espanholas, em 1806.

Rebeliões fracassadas (1810 a 1816)

A partir de 1810, os movimentos por liberdade começaram a se intensificar. Ao ocupar o trono espanhol em 1808, José Napoleão Bonaparte (1778-1844) não foi visto com bons olhos pelos espanhóis que se reuniram em Cádiz para resistir ao domínio dos franceses.

Os criollos garantiram lealdade ao rei Fernando VII. Entretanto, o sentimento de lealdade foi substituído pela compreensão de que podiam conquistar sua autonomia.

No primeiro momento, as rebeliões não tinham o apoio dos ingleses. Somente a partir de 1815, quando a Inglaterra consegue derrotar as tropas napoleônicas, as colônias espanholas começam a receber o apoio da Grã-Bretanha para as independências.

Visando novos acordos comerciais, os ingleses apoiaram os movimentos que se iniciaram em 1817 até 1824.

Rebeliões vitoriosas (1817 a 1824)

Simón Bolívar (1783-1830) foi a principal liderança das rebeliões vitoriosas que resultaram na independência da Venezuela, Colômbia e Equador. O Haiti por ser um país independente, forneceu apoio militar em troca da abolição da escravidão em todos os territórios conquistados por Bolívar.

Outro grande líder foi José de San Martín (1778-1850), que garantiu a independência do Peru, Chile e Argentina. San Martín e Bolívar se reuniram em Guayaquil, no Equador, em julho de 1822, com o intuito de organizar a independência de novos países.

Em 1823, quando a maioria das colônias já estavam independentes, os Estados Unidos anunciam a Doutrina Monroe, com o lema América para os Americanos. Ela se resumia ao combate das intervenções militares dos países europeus em solo americano, reafirmando uma posição contrária ao colonialismo europeu.

Consequências

  • As colônias espanholas se fragmentaram em vários países.
  • A aristocracia criolla conseguiu o comando dos Estados independentes.
  • A base da economia continuou sendo a exportação de matérias-primas.
  • Os países independentes se mantiveram dependentes da produção dos países europeus.
  • A estrutura colonial se manteve: os brancos integrando a elite e os indígenas e mestiços considerados seres inferiores.

Veja também: Independência do Brasil – 7 de setembro – Resumo do processo, quem proclamou e história

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