Industrialização e Espaço Geográfico

O processo de industrialização é a transformação de matérias-primas ou bens de produção em mercadorias utilizando diferentes técnicas e objetos técnicos.

O processo de industrialização corresponde à transformação de matérias-primas ou bens de produção em mercadorias através da utilização de diferentes técnicas e objetos técnicos, o que é operacionalizado por meio do trabalho, de equipamentos específicos e investimentos diretos. A evolução da industrialização pelo mundo resultou, nesse sentido, em uma maior pressão sobre os recursos naturais, estes transformados em produtos ou convertidos em equipamentos e fontes de energia empregados no meio industrial. Por definição, a indústria faz parte do setor secundário da economia.

Além de interferir no meio econômico e comercial, a industrialização é considerada também como um dos principais agentes de transformação e produção do espaço geográfico. Afinal, a geração de empregos diretos e indiretos e a dinâmica financeira que isso produz é um fator atrativo, o que faz com que os deslocamentos populacionais ocorram e o processo de urbanização, muitas vezes, se intensifique e se torne mais acelerado. O Brasil, por exemplo, só se tornou um território predominantemente urbano quando conheceu, ao longo do século XX, a consolidação de seu espaço industrial.

Existe uma classificação utilizada para diferenciar os principais tipos de indústrias, tendo como critério principal o tipo de mercadoria produzida e o destino para o qual a produção está voltada. Existem, assim, as indústrias de base, as de bens de consumo duráveis e as de bens de consumo não-duráveis.

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As indústrias de base são aquelas empresas que produzem bens ou equipamentos que não são diretamente consumidos, mas que são retransformados em outras empresas ou que são utilizados pelas próprias indústrias como maquinários operacionais. Esses são os chamados bens de produção, a exemplo do alumínio que é produzido em um processo industrial de transformação da bauxita, em um processo semelhante a outros materiais, como o ferro, o aço e outros.

As indústrias de bens duráveis, por sua vez, são aquelas que atuam na produção direta de produtos comerciáveis, tanto na transformação de matérias-primas quando na utilização de bens de produção. No caso dos “bens duráveis”, incluem-se os produtos tidos como não perecíveis, como automóveis, eletroeletrônicos, móveis, entre muitos outros.

Já as indústrias de bens duráveis, como de se esperar, abrange a fabricação do produtos chamados de perecíveis, que devem ser consumidos em um curto período de tempo, a exemplo dos alimentos, do vestuário e outros tipos de mercadorias.

Além de se classificar as indústrias, também é possível tipificar os diferentes modos com que as sociedades espalhadas pelo mundo se industrializaram, pois isso ocorreu em diferentes épocas (sendo que, em algumas regiões do globo, a industrialização ainda não é uma realidade) e com diferentes efeitos sobre o espaço geográfico. Assim, existem os países ou territórios de industrialização clássica, aqueles de industrialização planificada e aqueles de industrialização tardia.

Os países de industrialização clássica são aqueles que foram os pioneiros nesse processo, ou seja, aqueles que estiveram à frente da I Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX, dos quais se destacaram a Inglaterra e a França. Inicialmente, o impacto de tal fenômeno sobre o espaço geográfico dessas localidades foi de extrema relevância, levando um certo tempo para as cidades absorverem a rápida urbanização e os problemas sociais da época, algo comum nos países pobres industrializados de hoje.

Os países de industrialização planificada abrangem os territórios que só conheceram o desenvolvimento de suas fábricas a partir das experiências que se autodenominaram de socialistas ou comunistas, a exemplo da China, das repúblicas que fizeram parte da antiga União Soviética, entre outras. Esse tipo de industrialização foi marcada pela grande presença do Estado como regulador da prática industrial.

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Por fim, os países de industrialização tardia envolvem aqueles que conheceram esse processo em um período mais recente, geralmente depois do início do século XXI. Existem países desenvolvidos – como a Alemanha e o Japão – e países subdesenvolvidos e emergentes que passaram por esse processo – como Brasil, Índia e África do Sul. No caso dos países periféricos industrializados, é importante destacar que tal ocorrência se fez com a forte presença do capital estrangeiro, sobretudo das chamadas empresas multinacional ou globais, que migraram seus processos produtivos para áreas onde a mão de obra é mais barata, os impostos são mais baixos e o mercado consumidor é amplo e acessível.

Atualmente, a industrialização é considerada como um dos requisitos básicos para o desenvolvimento de qualquer país ou território no âmbito do sistema capitalista. A primeira principal consequência é a maior geração de empregos, o que eleva o consumo e a necessidade de produção. A segunda consequência é a dinamização da economia, com uma maior atuação comercial e de serviços nas áreas industrializadas, gerando mais empregos no setor terciário. Um outro e importante efeito da industrialização é inversão da hierarquia campo-cidade, pois em sociedades pouco modernizadas, o rural se sobrepõe economicamente sobre as cidades, por gerar mais empregos e os principais produtos consumidos; já nas sociedades industriais, a cidade se impõe com o fornecimento de técnicas, mão de obra especializada e equipamentos utilizados no campo, este agora predominantemente mecanizado.

Por Rodolfo F. Alves Pena
Mestre em Geografia

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