Já pensou no que aconteceria se a indústria pecuária acabasse?
Só no Brasil, a indústria da carne movimenta cerca de R$ 67 milhões mensais, fora os R$ 5 bilhões de importação, segundo os dados do Comex.
A pecuária é um pilar muito importante da economia mundial, movimentando cerca de US$ 838,3 bilhões, que equivale a cerca de R$ 4 trilhões. Só no Brasil a indústria da carne movimenta cerca de R$ 67 milhões mensais, fora os R$ 5 bilhões de importação, segundo dados do Comex de 2020.
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Embora esteja acontecendo um grande movimento de “carne free” atualmente, o seu consumo só cresce. Cerca de 346,14 milhões de toneladas de carne são consumidas ao redor do mundo, e este número tende a crescer até 2030, chegando a 453 milhões de toneladas por ano — um aumento de 44%.
De acordo com a pesquisa Statista Global Consumer Survey, em que pessoas de 39 países diferentes foram entrevistadas, 89% dos participantes responderam que incluem carne na dieta. A pesquisa também mostrou que o país mais consumidor de carne é os Estados Unidos, onde em média são consumidos 120 kg de carne ao ano por pessoa.
O que aconteceria se o consumo de carne acabasse?
Você já pensou no que aconteceria se a população parasse de comer carne? Bem, em um primeiro momento, teríamos uma grande diminuição na emissão de gases de efeito estufa, o que seria muito benéfico para o planeta.
Segundo um estudo de Marco Springmann, pesquisador do programa Future of Food, da Oxford Martin School, se todos aderissem ao veganismo até 2050, teríamos uma queda de 70% na emissão de gases relacionados à pecuária. Este é um cenário quase impossível, mas pesquisadores reforçam que só a diminuição no consumo de carne já ajudaria no futuro do planeta.
Dos 5 bilhões de terras agrícolas do mundo, 68% são destinadas à pecuária. Sem o consumo de carne, 80% destas terras poderiam ser restauradas para florestas, aumentando a biodiversidade e aliviando o cenário climático que vivemos.
Atualmente um terço das plantações são destinadas a alimentos para o gado. Caso o cenário que estamos mostrando acontecesse, poderíamos aumentar a oferta de alimentos em 10% a 20%, para suprir a falta da carne. Seria um processo de restauração bem demorado, mas que a longo prazo resultaria em muitos benefícios para a população.
Na saúde das pessoas o efeito também seria muito benéfico, pois é comprovado que o vegetarianismo leva a uma redução na mortalidade, devido à diminuição do aparecimento de doenças cardíacas, diabetes, derrames e alguns tipos de câncer.
Com a diminuição de doenças crônicas, o sistema de saúde público pouparia boa parte dos gastos, gerando uma economia de 2% a 3% do PIB global. Além disso, 7 milhões de mortes poderiam ser evitadas por ano.
Pontos negativos
Mas nem tudo são flores. Para uma mudança tão radical assim, seria preciso de uma organização eficiente para realocar os trabalhadores da indústria, que ficariam desempregados. Neste caso, seria necessária uma reinserção no mercado de trabalho, focando na adaptação destes trabalhadores.
Além disso, toda esta mudança poderia afetar negativamente os países subdesenvolvidos, que poderiam ter os níveis de pobreza e fome aumentados, causando uma crise de insegurança alimentar ainda maior. Contudo, se a transição for bem efetuada, começando pelos países ricos e bem desenvolvidos, esta ideia pode gerar muitos frutos.
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