Atentado em Munique no Jogos Olímpicos de 1972
Em 1972 a história dos Jogos Olímpicos seria manchada por uma grande tragédia: terroristas de uma organização conhecida como Setembro Negro invadiram os alojamentos da delegação israelense e executaram onze atletas.
Olimpíadas
Os antigos gregos deixaram um grande legado cultural para as demais civilizações, principalmente para o mundo ocidental. Não há como falar de teatro, filosofia, democracia e jogos olímpicos sem nos referir a aqueles que foram os pioneiros nessas manifestações.
A civilização grega foi uma das mais importantes da idade antiga, as diversas cidades-estados que formavam o mundo grego ganharam fama por possuírem particularidades que permanecem presentes ainda nos tempos atuais.
Atenas por exemplo apresentava uma grande preocupação com o intelecto humano, sendo assim desde pequenos os atenienses estavam em contato com os grandes filósofos da época.
Havia extrema preocupação com a beleza, mas para eles, um corpo saudável dependia de uma mente ativa e produtiva. Já os cidadãos de Esparta eram preparados segundo uma educação voltada para o militarismo. Manter a força física era essencial para vencer os inimigos, aos sete anos os meninos eram enviados para escolas militares para aprenderem táticas de guerra.
Com a intenção de se divertirem e promover a integração entre as várias cidades-estados, os gregos criaram no ano 2.500 a.C os Jogos Olímpicos. As competições eram realizadas na cidade de Olímpia e tinham um forte caráter religioso.
Somente no ano de 776 a.C, os Jogos Olímpicos passaria a ser realizado no formato que conhecemos hoje: várias modalidades esportivas praticadas dos atletas vindos de várias partes do mundo grego.
Entre as competições pode-se destacar: atletismo, luta, corrida de cavalo e pentatlo (luta, corrida, salto em distância, arremesso de dardo e de disco). Ao contrário do que acontece hoje, o vencedor não conquista medalhas e muitos menos prêmios em dinheiro, mas sim uma coroa de louros. O vencedor era recebido em sua cidade como um verdadeiro herói.
Os Jogos Olímpicos seriam interrompidos pela primeira vez no ano de 392 d.C. durante o governo do imperador romano Teodósio I. Convertido ao cristianismo, o soberano proibiu a celebração de qualquer manifestação politeísta.
Apenas no ano 1896, os Jogos Olímpicos seriam retomados em Atenas, por iniciativa do francês Pierre de Fredy, conhecido com o barão de Coubertin. A iniciativa buscava resgatar os princípios dos jogos idealizados pelos antigos gregos: o de confraternizar e pregar a paz entre os povos.
Nesse ano, treze países participaram das Olimpíadas e novas modalidades foram implantadas: ginástica, esgrima, ciclismo, halterofilismo, natação e tênis. O vencedor dessa vez receberia prêmios como medalhas de ouro e ramos de oliveira.
Realizado a cada quatro anos, o evento algumas vezes foi desvirtuado do seu verdadeiro sentido devido a disputas ideológicas.
Desde a volta de sua realização no ano de 1896, ele foi interrompido em duas ocasiões: durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Alguns fatos envolvendo discordâncias políticas e ideológicas marcaram a história dos jogos.
Como por exemplo, quando o líder alemão Adolf Hitler, motivado por seu pensamento de superioridade étnica, se negou a participar durante as Olímpiadas de Berlim em 1936, da premiação do atleta norte-americano negro Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro.
Em outra ocasião, nas Olímpiadas de Moscou no ano de 1980 (em plena Guerra Fria), os norte-americanos se negaram a participar em protesto contra a invasão soviética no Afeganistão. Quatro anos mais tarde seria a vez dos soviéticos de se ausentarem dos jogos ocorridos em Los Angeles no ano de 1984.
Seria a primeira vez que o Comitê Olímpico Internacional perceberia a necessidade de proteger as delegações contra ataques terroristas. Um evento tão grandioso era a oportunidade ideal para que grupos extremistas chamassem a atenção do mundo para as causas defendidas por ele. Nesse ano, 121 países totalizando um número de 7.134 atletas participaram do evento.
Setembro Negro
No dia 5 de setembro de 1972, a vila olímpica foi invadida pelo grupo terrorista Setembro Negro. A intenção dos extremistas era a de invadir a delegação israelense, sequestrar os atletas e usá-los para negociar sua troca por duzentos árabes presos em Israel.
O grupo foi criado em 1970 e tinha o objetivo de lutar contra a Jordânia em prol da unidade Palestina. Os seis terroristas que participaram da ação em Munique eram remanescentes desse grupo.
Vestidos com agasalhos esportivos olímpicos de países árabes, os seis terroristas do Setembro Negro conseguiram invadir a Vila Olímpica após pularem os muros que a cercavam, ninguém desconfiou de nada, alguns chegaram a pensar que eram apenas atletas voltando tarde da noite de alguma festa.
Após a invasão eles foram diretamente para os apartamentos da delegação israelense, de imediato mataram Yossef Gutfreund, um árbitro de lutas romanas. Outro membro da equipe que tentou reagir também foi executado na hora.
Nove atletas israelenses foram feitos reféns. Durante as negociações os jogos foram paralisados, o mundo assistia aterrorizado a tentativas da polícia alemã em libertar os esportistas. A princípio, os terroristas planejaram fugir com os reféns de avião para o Egito, e de lá negociar a libertação dos duzentos prisioneiros árabes.
O governo rejeitou a proposta de libertação dos árabes, mas aceitou conduzir de helicóptero os palestinos do alojamento até a base aérea alemã: era uma emboscada, lá os terroristas deveriam ser rendidos após uma ação planejada das autoridades.
A ação se mostrou totalmente equivocada quando ao chegar à base aérea o grupo terrorista percebeu estar no centro de uma emboscada. Com uma visão prejudicada dos helicópteros, os atiradores abriram fogo contra o Setembro Negro, o que provocou a rápida reação do grupo.
Uma granada foi lançada por um palestino contra um dos helicópteros, enquanto outro terrorista alvejava o outro. Todos os reféns morreram na ação, assim como o piloto, cinco terroristas e um policial, somando um total de dezoito pessoas.
O presidente do Comitê Organizador dos Jogos insistiu para que o evento continuasse em homenagem aos mortos. A paralisação durou apenas 34 horas, enquanto os atletas israelenses eram velados no Estádio Olímpico.
A delegação israelense se retirou dos jogos no dia sete de setembro, na bagagem, onze atletas mortos. A partir desse ano, os organizadores do evento passaram a adotar medidas mais severas de proteção à vila. Estava provado que nem mesmo as Olimpíadas, que possuía em suas origens a ideia de unir os povos e promover a paz entre eles, estavam livres da ação de grupos terroristas.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.