As principais lutas e conquistas das mulheres ao longo da História
Conheça as batalhas mais importantes vencidas pelo movimento feminino, além de figuras marcantes na luta pela igualdade de direito entre os gêneros.
Thereza May, Angela Merkel, Mercedes Aráoz, Michelle Bachelet, Laura Chinchilla, Dilma Roussef… o que todos esses nomes têm em comum? Todas são ou já foram líderes de seus respectivos países, em meio ao mundo político, até então, dominado por homens.
Salvas as diferenças políticas e ideológicas, a presença de mulheres na liderança de partidos e nações é uma das árduas conquistas femininas ao longo da História. Por isso, o destaque destes nomes é tão relevante.
A luta por igualdade de direitos é longa e, a cada dia, um novo capítulo é escrito. No último, as mulheres conquistaram o direito de dirigir na Arábia Saudita. Parece pequeno mas, para aquelas que dependiam do marido para ir e vir, é uma vitória inestimável.
Acompanhe, com a gente, um breve resumo das lutas e conquistas femininas ao longo da História, além de estatísticas que trazem o papel da mulher nos mercados profissional e da educação, bem como campanhas desenvolvidas pela igualdade de gêneros.
O crescimento da mulher no mercado profissional
Olhe bem ao seu redor. Deu para ver quantas mulheres dividem espaço com você no seu trabalho? E nas instituições educacionais, já percebeu quão significativa é a presença feminina, tanto entre alunas quando docentes?
Números comprovam essa impressão quando o Censo Demográfico 2010 apontou que 12,5% das mulheres acima de 25 anos completaram o ensino superior, contra o índice de 9,9% do sexo masculino. Imagine como serão as estatísticas no Censo 2020!
Nas famílias, então, a postura de liderança da mulher é gritante! Várias delas são as responsáveis pelo sustento da casa conduzindo, sozinhas, a educação de seus filhos e dependentes. São exemplos fortes de que a ideia de sexo frágil está mais do que arcaica.
A expressividade da mulher não para por aí. Longe disso! Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dão conta de que 53% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres, o equivalente a mais de 146 milhões de eleitoras. Mas, ainda há muito o que conquistar!
Em 2013, a Unesco divulgou dados que mostram índice de 774 milhões de analfabetos em todo o mundo. Destes, 64% são mulheres. Considerando a faixa etária entre 15 e 24 anos, dos 123 milhões de analfabetos, 76 milhões são do sexo feminino.
Apesar de sua participação expressiva no mercado de trabalho, as mulheres ainda padecem com a desigualdade de salários e oportunidades. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostra que essa igualdade só deve chegar em 87 anos.
O que é o movimento feminista?
As origens do movimento feminista estão, intimamente, ligadas a reivindicação por direitos básicos, como educação, voto e trabalho. Por mais que haja uma tendência em datá-lo a partir da década de 60, atos do século passado já podem ser considerados feministas.
As reivindicações pelo direito feminino começaram no século 18 porém, a palavra feminismo só apareceu, mesmo, no final do século 19. Considerando de forma didática, o movimento feminista passou por três importantes momentos ao longo da História.
O primeiro foi marcado pelas reivindicações por direitos democráticos, incluindo direito ao voto, divórcio, educação e trabalho. Neste ponto, destaca-se o movimento sufragista, iniciado na Inglaterra em 1867 e reforçada em 1869 nos Estados Unidos. O movimento teve voz no contexto da urbanização e na industrialização do século 19.
Na década de 60, o segundo momento foi marcado pela liberação sexual, especialmente, com a criação do primeiro contraceptivo oral. Figuras como Simone de Beauvoir e Betty Friedan desconstruíram o papel, até então, convencionado para a mulher na sociedade.
Em setembro de 1968, em Atlantic City, saíram às ruas para protestar contra os estereótipos femininos e a “ditadura da beleza”. A ideia inicial era promover uma queima de sutiãs mas, isso acabou não acontecendo.
A luta sindical do dos anos 70 marcou o início do terceiro momento. No Brasil, a mobilização seguiu firme pela construção de creches para os filhos das trabalhadoras, igualdade salarial, entre outros direitos.
Porém, ao longo de toda a História, o movimento feminista foi marcado pela luta por justiça e igualdade empreendida pelas mulheres. No contexto da Revolução Industrial, o feminismo se solidificou tendo o movimento operário como grande aliado.
Dois acontecimentos marcaram essa época, sendo elas as greves de 1857 e 1911. A primeira, em 08 de março, contou com a paralisação de uma semana de operárias têxteis, duramente reprimidas pela polícia. Reprimidas e queimadas vivas dentro da fábrica.
O segundo episódio foi a greve de 25 de março que culminou no incêndio da fábrica Triangle Shirtwaist Company. Dos 146 operários mortos, 100 eram mulheres. Os dois acontecimentos se juntaram para instituir março como o mês da mulher.
Atualmente, mulheres de todo o mundo continuam engajadas nas temáticas anteriores e buscam, principalmente, o fim da misoginia, destruindo estereótipos que impedem mais conquistas por parte do sexo feminino.
Quais as principais lutas das mulheres na História?
As conquistas femininas no Brasil e no mundo não param! Mesmo traçando uma linha do tempo, podemos acabar sendo injustos ao deixar de fora detalhes importantes originados de reivindicações antigas.
Apesar disso, tentaremos incluir as mais relevantes, no sentido de contemplar direitos que incluem contingente maior de mulheres. Entretanto, frisamos que toda e qualquer mudança é válida e igualmente importante para todo o sexo feminino.
1792: a mulher começa a exigir seu direito ao voto na Inglaterra, além de ser o ano em que Mary Wollstonecraft escreveu A Vindication of the Rights of Woman, defendendo educação para meninas aproveitarem seu potencial
1827: a primeira lei sobre educação para mulheres é proclamada no Brasil mas, restringindo o acesso às escolas elementares
1832: Nísia Floresta traduz a obra de Wollstonecraft sob o título de Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens. Trazendo tradução e suas próprias traduções, é considerada como a primeira feminista brasileira
1857: na cidade de Nova York, 129 operárias de uma indústria têxtil morrem queimadas em ação policial ao reivindicarem a redução da jornada de trabalho para 10h diárias, além da licença maternidade. Mais tarde, o dia 08 de março foi declarado como o Dia Internacional da Mulher
1862: as mulheres suecas votam pela primeira vez
1869: criada a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres, nos Estados Unidos
1879: as mulheres brasileiras conseguem o direito de frequentar instituições de ensino superior, mesmo sob críticas da sociedade
1885: Chiquinha Gonzaga estréia como a primeira maestrina brasileira
1887: Rita Lobato Velho forma-se como a primeira médica brasileira
1893: as mulheres neozelandesas conquistam o direito ao voto
1915: a Caixa Econômica Federal institui novo regulamento que permitia à mulheres casadas ter seus próprios depósitos bancários, desde que não houvesse a objeção do marido
1917: Deolinda Daltro, professora e fundadora do Partido Republicano Feminino, lidera passeata exigindo que o voto fosse estendido às mulheres
1920: acontece, nos Estado Unidos, o movimento das sufragistas.
1922: fundada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), por Bertha Lutz, a principal articuladora feminista do período
1923: as mulheres japonesas conquistam o direito de participar de academias de artes marciais
1928: Juvenal Lamartine, governador potiguar, consegue alterar lei eleitoral para dar direito de voto às mulheres, no entanto, os mesmos acabaram anulados. No mesmo ano, a primeira prefeita da história brasileira foi eleita: Alzira Soriano de Souza, em Lajes (RN)
1932: o novo Código Eleitoral Brasileiro é, finalmente, promulgado por Getúlio Vargas, dando direito ao voto para as mulheres. No mesmo ano, Maria Lenk seguiu para Los Angeles como a única mulher da delegação olímpica daquele ano
1934: eleita a primeira deputada do país, Carlota Pereira Queiróz. No período da Segunda Guerra, surgiu a imagem da operária Geraldine Hoff, simbolizando a luta das mulheres que assumiram os postos de trabalham no lugar dos homens que foram para o conflito. O tema criado foi Yes, we can do it.
1945: a Carta das Nações Unidas reconhece, em documento internacional, a igualdade de direitos entre homens e mulheres
1948: delegação feminina segue para as Olimpíadas de Londres com 11 mulheres, após 12 anos de hiato
1949: Simone de Beauvoir publica O Segundo Sexo, analisando a condição feminina, no mesmo ano em que acontecem os Jogos da Primavera ou, Olimpíadas Femininas
1951: a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprova a igualdade de remuneração entre homens e mulheres em funções iguais
1960: Maria Esther Andion Bueno é a primeira mulher a vencer quatros torneios do Grand Slam de tênis
1961: criada a primeira pílula anticoncepcional via oral. Tratou-se de uma revolução de costumes e liberdade sexual
1962: o Estatuto da Mulher Casada é aprovado no Brasil, resguardando que mulheres casadas não precisavam mais da autorização do marido para trabalhar fora de casa, além do direito de requerer a guarda dos filhos na separação
1974: Isabel Perón torna-se a primeira mulher presidente de uma nação, a Argentina
1975: proclamado o Ano Internacional da Mulher e, no mesmo ano, foi realizada a I Conferência Mundial sobre a Mulher, na qual foi criado um plano de ação
1979: neste mesmo ano, Eunice Michilles tornou-se a primeira senadora do Brasil, a Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher foi adotada pela Assembleia Geral e equipe feminina de judô se inscreveu em campeonato sul-americano
1980: criado o lema Quem ama, não mata, em meio à criação de centros de autodefesa para coibir a violência contra a mulher
1983: Minas Gerais e São Paulo tornam-se os primeiros estados a criar conselhos estaduais da condição feminina para discutir políticas públicas. No mesmo ano, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher. No mesmo ano, Sally Ride tornou-se a primeira mulher astronauta
1985: criada a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher, em São Paulo, além da aprovação do projeto de lei que instituiu o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, no intuito de eliminar a discriminação e aumentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais
1987: criado o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro
1988: avanços na Constituição Brasileira por meio do lobby do batom, garantindo direitos e deveres iguais entre homens e mulheres perante a lei
1993: a Conferência Mundial de Direitos Humanos, em Viena, destaca direitos e violência contra a mulher, gerando a declaração sobre a eliminação da violência contra a mulher
1994: Roseana Sarney é eleita como a primeira governadora de um estado brasileiro, o Maranhão, sendo reeleita quatro anos depois
1996: instituído o sistema de cotas na Legislação Eleitoral brasileira, garantindo a inscrição mínima de 20% nas chapas. Neste mesmo ano, Nélida Piñon é a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras
1998: Benedita da Silva torna-se a primeira mulher a presidir uma sessão do Congresso Nacional
2003: Marina Silva assume o Ministério do Meio Ambiente
2005: Angela Merkel eleita a nova chanceler alemã, a primeira mulher a ocupar o cargo na história
2006: sancionada a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), que aumentou o rigor nas punições em crimes contra a mulher. Com ela, homens podem ser presos em flagrante ou ter prisão preventiva decretada. No mesmo ano, o Parlamento Paquistanês mudou a lei islâmica sobre o estupro, retirando-o das leis religiosas e o incluindo no código penal. Anteriormente, caso a mulher não apresentasse “quatro bons muçulmanos HOMENS” como testemunhas, seria acusada de adultério
2010: Dilma Roussef eleita como a primeira presidente mulher do Brasil
2015: sancionada a Lei do Feminicídio, colocando o assassinato de mulheres entre crimes hediondos
Mulheres que se destacaram na luta pelos direitos femininos
Joana D’Arc: pobre e analfabeta, tinha 17 anos quando convenceu o grupo de soldados franceses a seguí-la na guerra contra os ingleses no século 14. Foi queimada viva sob a acusação de bruxaria.
Maria Quitéria de Jesus: em 1822, entrou para o exército nacional, vestida como homem, lutando na Guerra da Independência. Foi a primeira mulher a integrar uma unidade militar no país.
Marie Curie: acumula dois prêmios Nobel por suas descobertas na química e física, tornando-se uma das cientistas mais importantes do mundo
Virginia Woolf: uma das maiores escritoras modernistas do mundo e revolucionou o século 20 ao escrever sobre a mulher na sociedade e abordar a questão homoafetiva em seus livros.
Bertha Lutz: articuladora do direito voto, Bertha trabalhou na mudança da legislação trabalhista que feria os direitos das mulheres e crianças
Simone de Beauvoir: pensadora do movimento feminista que, durante a década de 60, promoveu a desconstrução do papel convencional da mulher na sociedade. Seu livro “O Segundo Sexo” é citado em debates sobre o feminismo, mapeando as formas de opressão masculina
Ada Lovelace: primeira programadora do mundo, passou a vida realizando pesquisas relacionadas a números, cujo trabalho inspirou a criação dos computadores pessoais
Nísia Floresta: escritora potiguar pioneira na publicação de textos em jornais do século 19, traduziu e refletiu a obra de Mary Wollstonecraft sobre o direito das mulheres. É considerada a precursora do movimento feminista no Brasil.
Laudelina de Campos Melo: fundadora do primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil, sua atuação é tida como fundamental para o reconhecimento dos direitos da categoria.
Maria da Penha Maia Fernandes: farmacêutica cearense que lutou pela condenação de seu ex-marido pelas sucessivas agressões e duas tentativas de homicídio. Ficou paraplégica por um tiro de espingarda e dá nome à Lei que pune agressores em crimes contra mulheres
Coco Chanel: estilista que revolucionou a moda com peças que libertaram as mulheres, como a calça e chapéus elegantes
Rose Marie Muraro: dedicou a vida à luta pela igualdade de direitos para mulheres, sendo reconhecida como a Patrona do Feminismo Brasileiro pelo governo federal.
Por um Planeta 50-50 em 2030
Em 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, contando com um plano de ação composto por 17 objetivos globais para promover o desenvolvimento sustentável e errar a pobreza.
A ONU Mulheres, então, lançou a iniciativa global “Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”. Nela, foram traçados compromissos assumidos por mais de 90 países para eliminar as desigualdades de gênero.
Dentre as ações, estão a criação de novas leis e o fortalecimento de direitos conquistados pelas mulheres, além de programas para erradicar a violência contra mulheres e meninas, participação das mulheres e campanhas de educação pública pela igualdade de gênero.
No Brasil, uma das primeiras ações foi a sanção da tifipificação do crime de feminicídio. São outros compromissos a garantia de proteção no programa Mulher, Viver sem Violência; grupo de trabalho sobre a saúde para as mulheres com deficiência, entre outros.
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