Manter dados ocultos da Apple é ‘praticamente impossível’, dizem especialistas
Universidade de Aalto, na Finlândia, divulga um novo estudo sobre a coleta de dados pessoais em dispositivos da Apple.
Se você tem um dispositivo da Apple e acha que está protegendo bem seus dados, é melhor pensar de novo. Segundo um estudo feito por especialistas da Universidade de Aalto, na Finlândia, os aplicativos padrão instalados em iPhone, iPad e MacBook coletam dados pessoais dos usuários mesmo quando parecem estar desativados.
Pesquisas anteriores já chegaram a investigar como ferramentas de terceiros invadem a privacidade das pessoas, mas esse foi o primeiro estudo a focar nas configurações dos aplicativos nativos presentes em todos os novos dispositivos marca da maçã, como Safari, Siri, iMessage, FaceTime e Serviços de Localização.
‘Siri coleta dados’, afirma pesquisador
O professor associado Janne Lindqvist, chefe do departamento de ciência da computação da instituição responsável pela pesquisa, afirmou que se livrar de todas essas ferramentas é “praticamente impossível”.
“Nós nos concentramos em aplicativos que são parte integrante da plataforma e do ecossistema. Esses aplicativos estão colados à plataforma e se livrar deles é praticamente impossível. Devido à forma como a interface do usuário foi projetada, os usuários não sabem o que está acontecendo”, detalhou. Ele exemplifica o processo: “Por exemplo, o usuário tem a opção de ativar ou não a Siri, assistente virtual da Apple. Mas a ativação refere-se apenas ao uso do controle de voz da Siri”, completou.
Ainda conforme Lindqvist, a coleta só deixa de ocorrer quando o usuário sabe como configurar suas preferências corretamente. “A Siri coleta dados em segundo plano de outros aplicativos que você usa, independentemente de sua escolha, a menos que você entenda como acessar as configurações e alterá-las especificamente”, disse.
Por esse motivo, o estudo indica que proteger sua privacidade da Apple pode ser um trabalho difícil, que exige bastante conhecimento por parte do usuário.
“As instruções online para restringir o acesso aos dados são muito complexas e confusas, e as etapas necessárias estão espalhadas em diferentes lugares. Não há uma direção clara sobre se devemos acessar as configurações do aplicativo, as configurações centrais – ou mesmo ambas. Descobriu-se que os participantes não conseguiram impedir que nenhum dos aplicativos compartilhasse seus dados com outros aplicativos ou com o provedor de serviços”, explicou Amel Bourdoucen, pesquisador de doutorado na Universidade de Aalto.
Não é possível garantir exatamente o que a Apple faz com todas essas informações, segundo os pesquisadores. Porém, Lindqvist acredita ser possível concluir que eles são usados em finalidades como treinar o sistema de inteligência artificial (IA) por trás da Siri.
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