Mente sã e passos firmes: a conexão entre a caminhada e a saúde do cérebro
Um breve estudo revelou que atividades físicas simples, como a caminhada, afetam mais positivamente a saúde mental do que a saúde física.
É bem verdade que realizar caminhada simultaneamente a outras tarefas pode ser algo desafiador, especialmente para os idosos.
Afinal, caminhar é uma atividade complexa que envolve coordenação motora, equilíbrio e atenção.
Quando os idosos precisam dividir sua atenção entre caminhar e realizar outras tarefas, como conversar, ler sinais ou tomar decisões, isso pode levar a uma sobrecarga cognitiva.
Foi publicado recentemente um estudo na revista Lancet Healthy Longevity que trouxe uma descoberta intrigante: a habilidade de realizar tarefas duplas durante a caminhada começa a declinar a partir dos 55 anos, uma década antes do que geralmente se considera como a “idade avançada” de 65 anos.
Surpreendentemente, constatou-se que essa dificuldade em caminhar e falar simultaneamente não está relacionada a mudanças físicas, mas sim a alterações cognitivas e funcionais no cérebro. Entenda a pesquisa completa!
De acordo com um dos pesquisadores, Dr. Junhong Zhou, do Instituto Hinda e Arthur Marcus para Pesquisa do Envelhecimento, os resultados do estudo indicam que a dificuldade em realizar tarefas duplas durante a caminhada na meia-idade pode ser um sinal de envelhecimento cerebral acelerado ou de uma condição neurodegenerativa pré-sintomática.
Entenda a pesquisa completa!
Caminhar: uma conexão direta com o cérebro
O estudo foi fruto de uma colaboração única entre pesquisadores do Instituto Hinda e Arthur Marcus no Hebrew SeniorLife, em Boston, e do Instituto Guttmann em Barcelona, Espanha.
O Prof. David Batres-Faz, da Universidade de Barcelona, é o pesquisador principal do BBHI, enquanto o Dr. Alvaro Pascual-Leone, diretor médico do Centro Deanna and Sidney Wolk para Saúde da Memória e cientista sênior do Instituto Hinda e Arthur Marcus para Pesquisa do Envelhecimento no Hebrew SeniorLife, desempenha o papel de diretor científico do BBHI.
O estudo envolveu uma análise abrangente de um grande grupo de indivíduos com idades entre 40 e 64 anos, que participaram do Barcelona Brain Health Initiative (BBHI), um estudo em andamento.
Durante o estudo, os pesquisadores notaram que a habilidade de caminhar em condições normais e silenciosas se manteve relativamente constante entre os participantes dessa faixa etária.
No entanto, quando os participantes foram solicitados a realizar uma tarefa aritmética mental enquanto caminhavam, mesmo nessa coorte geralmente saudável, foram observadas mudanças sutis, porém significativas, na marcha a partir da metade da sexta década de vida.
Conforme explicado por Zhou, o pesquisador responsável pelo estudo, um teste simples de caminhada em dupla tarefa, que avalia a capacidade do cérebro de executar duas tarefas simultaneamente, pode ser um indicador de alterações precoces relacionadas ao envelhecimento na função cerebral.
Essas mudanças podem estar associadas a um maior risco de desenvolver demência posteriormente na vida.
Segundo Zhou, acredita-se que a capacidade de lidar com o estresse e manter um desempenho adequado em tarefas duplas é uma função cerebral crucial que tende a diminuir à medida que envelhecemos.
O estudo é considerado importante, pois revelou que as mudanças nessa resiliência cerebral ocorrem em estágios muito anteriores do que se pensava anteriormente.
Comentários estão fechados.