Muito além do like: hábitos digitais que ameaçam o bem-estar de adolescentes

Alguns hábitos online podem estar afetando negativamente os adolescentes. Descubra um panorama mais amplo dos desafios digitais nessa era.

Em uma primavera, um pré-adolescente almejava mais liberdade, expressando aos pais o desejo de caminhar sozinho da escola para casa. A hesitação dos responsáveis era evidente, principalmente devido à ausência de um telefone para contato em caso de emergências.

No entanto, após treinos e conversas abertas sobre diferentes cenários possíveis, os pais decidiram conceder a independência almejada pelo filho.

A história foi contada pelo Portal Deccanherald, de acordo com o tema abordado no recente livro da escritora Devorah Heitner, “Growing Up in Public: Coming of Age in a Digital World”.

Nele, Heitner discute os perigos do monitoramento constante, que vai desde rastrear a localização dos filhos até monitorar seu desempenho acadêmico e atividades nas redes sociais.

Segundo a autora, a vigilância constante pode moldar negativamente a identidade e independência dos jovens, além de impactar a saúde mental e a coesão familiar.

Falsa sensação de controle

Heitner argumenta que a supervisão exagerada cria uma ilusão de controle, que não necessariamente impede escolhas questionáveis ou melhora a performance acadêmica dos adolescentes.

Ela sugere uma transição do “monitoramento” para a “mentoria”, permitindo que os adolescentes tomem decisões sábias por conta própria.

Esse desafio parental destaca a complexa dinâmica da criação de filhos na era digital, em que a saúde mental dos jovens está em declínio, muitas vezes atribuída à exposição às redes sociais e mensagens de texto.

A perspectiva de Heitner oferece uma dimensão profunda à discussão sobre a atual crise de saúde mental adolescente, provocando uma reflexão sobre a necessidade de um equilíbrio entre a independência dos jovens e a vigilância parental na era digital.

A supervisão constante pode prejudicar mais do que ajudar?

A emergência das redes sociais e do mundo digital traz desafios adicionais sobre os ombros dos responsáveis, que buscam proteger suas crianças e adolescentes de potenciais perigos online.

Segundo a autora, muitos acreditam que a solução é simples: mais monitoramento e restrição no uso de plataformas como TikTok e Snapchat para adolescentes. No entanto, tal abordagem pode ter suas falhas.

Especialistas argumentam que, em vez de apenas vigiar, é crucial promover uma atmosfera de diálogo e educação, possibilitando que os jovens desenvolvam discernimento e autonomia.

(Imagem: divulgação)

Em seu livro, Heitner realça a importância de um equilíbrio entre a proteção parental e a autonomia dos jovens.

“Quando afirmamos que estamos supervisionando nossos filhos devido às suas ‘escolhas ruins’, estamos tirando deles a chance de desenvolver bom senso e limites — e de pensar por si mesmos”, explica a autora.

Excesso de supervisão pode impedir o crescimento saudável

De acordo com a escritora, a supervisão excessiva consegue privar os adolescentes de experiências valiosas de aprendizado e a construção da resiliência.

Por outro lado, a exposição descontrolada às redes sociais é capaz de afetar significativamente a saúde mental dos jovens. Por essa razão, encontrar um meio-termo na supervisão parental na era digital é crucial.

Também conforme as teorias defendidas pela autora, é necessária uma reforma nas práticas das empresas de mídia social para garantir um ambiente mais seguro aos usuários jovens.

Enquanto isso, a busca por uma estratégia parental equilibrada que favoreça tanto a segurança quanto a independência dos adolescentes continua sendo um tópico de discussão relevante.

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