Nasa tem um ‘sistema anti-apocalipse’ para proteger a Terra de asteroides gigantes

O objetivo é impedir que a raça humana tenha o mesmo destino que os dinossauros.

Há aproximadamente 66 milhões de anos, a Terra foi alvo do impacto do asteroide Chicxulub, cuja largura média era de cerca de 10 quilômetros. Naquela época, os dinossauros, alheios ao que ocorria, enfrentaram sua extinção desencadeada por esse evento cósmico.

Imagine, em uma comparação direta, se um asteroide de tal envergadura colidisse com a Terra nos dias de hoje. Uma onda de choque, duas milhões de vezes mais potente do que uma bomba de hidrogênio, devastaria as florestas do planeta, gerando tsunamis em questão de horas.

Simultaneamente, um pulso sísmico, equivalente a um terremoto de magnitude 10, arrasaria cidades ao redor do globo. Nos meses posteriores à colisão, uma nuvem de poeira quente, cinzas e vapor obscureceria a luz solar, mergulhando a Terra numa espécie de Era do Gelo.

No entanto, nos dias de hoje, dispomos de instrumentos capazes de nos alertar sobre a proximidade de objetos espaciais tão devastadores quanto o Chicxulub. Com sorte, medidas preventivas poderiam evitar até mesmo a extinção da humanidade.

A Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, gerencia o Escritório de Coordenação de Defesa Planetária, cuja função primordial é detectar, rastrear e avaliar o risco associado a asteroides potencialmente perigosos que perambulam pelo nosso sistema solar.

Em paralelo, a agência colabora com uma coalizão global de astrônomos chamada Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN, na sigla em inglês), dedicada a identificar e monitorar tais corpos celestes com potencial ameaçador.

Um alerta pode soar

Caso a Terra se depare com a iminência do impacto de um asteroide perigoso, a IAWN pode adotar práticos procedimentos para comunicar a ameaça ao público. A detecção inicial da potencial ameaça é compartilhada entre os encarregados, disseminando suas observações por toda a rede de analistas da IAWN.

Isso ocorre para validar as descobertas e determinar se o perigo merece real atenção. Em caso de todos concordarem sobre a necessidade de preparação para o impacto, a Nasa assume a responsabilidade de emitir um alerta global.

Lindley Johnson, o diretor executivo do Escritório de Coordenação de Defesa Planetária, afirmou que existem procedimentos formais para a emissão de notificações em casos de impactos severos.

Ele esclareceu que se um asteroide estiver na rota em direção aos Estados Unidos, por exemplo, a NASA notificará de imediato a Casa Branca. Em seguida, o governo norte-americano emitirá uma declaração formal ao público.

No caso de o objeto celeste ser suficientemente grande para constituir uma ameaça global, a IAWN entrará em contato com o Escritório de Assuntos do Espaço Exterior, uma entidade sob o controle das Nações Unidas.

(Imagem: divulgação)

Caçando asteroides

A consideração de um asteroide como potencialmente perigoso ocorre quando seu diâmetro é igual ou superior a 100 metros (aproximadamente 460 pés) e ele cruza a órbita terrestre a uma distância mínima de 0,5 unidades astronômicas, metade da distância entre a Terra e o Sol.

No entanto, diferente do que se poderia imaginar, a Nasa e a IAWN não aguardam passivamente a aproximação dessas rochas espaciais. Elas estão constantemente vigilantes, dedicando-se, essencialmente, a “caçar” asteroides em nossa vizinhança, buscando antecipar possíveis ameaças.

Até o momento, foram identificados aproximadamente 2.300 asteroides com potencial perigoso, sendo que 153 deles apresentam um diâmetro próximo a um quilômetro, dimensão suficiente para desencadear uma catástrofe em caso de colisão com a Terra.

A busca e rastreamento desses corpos celestes envolvem a Nasa e outros colaboradores da IAWN, que se dedicam tanto à localização de novos asteroides quanto à monitorização dos já identificados. Todas as informações provenientes dessas observações são consolidadas em um banco de dados central, no Minor Planet Center.

A análise dessas observações revelou uma pequena probabilidade de que o asteroide Bennu, considerado uma das ameaças mais notórias, possa colidir com a Terra daqui a 159 anos.

Tal impacto provocaria uma explosão comparável a 24 bombas nucleares detonando simultaneamente. Contudo, as chances de tal evento ocorrer são estimadas em apenas um em 2.700, conforme indicado por um estudo feito recentemente.

Prevenir é melhor do que remediar

(Imagem: divulgação)

Geralmente, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides identifica objetos que se aproximam bem antes de representarem uma ameaça iminente à Terra. Isso é crucial, pois a Nasa necessita de pelo menos cinco a 10 anos de antecedência para tentar evitar um possível “apocalipse” provocado por um asteroide.

Um exemplo de iniciativa da Nasa em defesa planetária ocorreu em 2021, quando lançaram uma sonda não tripulada para colidir com um asteroide que se dirigia à Terra, visando alterar sua órbita em relação ao nosso planeta. A missão obteve êxito, e a agência espacial já planeja testar mais métodos de deflexão no futuro.

Uma técnica em fase de desenvolvimento, chamada “gravity tractor”, envolve o envio de uma nave espacial para posicionar-se ao lado do asteroide, permitindo que a interação gravitacional o afaste de sua órbita. Além disso, a NASA está explorando uma abordagem que utiliza um feixe de íons para modificar a trajetória de rochas espaciais potencialmente perigosas.

Se a agência espacial receber um alerta sobre a aproximação de um asteroide com menos de cinco anos de antecedência, não haverá tempo suficiente para desviá-lo. Nesse cenário, seria necessário recorrer à destruição do corpo celeste para minimizar o impacto inevitável com a superfície terrestre.

Por fim, caso a detecção de um asteroide ocorra apenas alguns meses antes da possível colisão, as opções para salvar a Terra são limitadas. Nesse contexto, a única alternativa seria tentar mitigar as consequências do impacto.

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