Neve no deserto? Saara tem curiosidades que surpreendem qualquer um
Saara, maior deserto quente, já foi selva e ainda fertiliza a Amazônia com sua poeira mineral.
O deserto do Saara é muito mais do que uma vasta extensão de areia sob o sol escaldante. Este impressionante território no norte da África esconde curiosidades que surpreendem até os mais estudiosos.
Com 9,4 milhões de km², o Saara é o maior deserto quente do mundo, e sua história e fenômenos naturais são tão intrigantes quanto suas paisagens imponentes.
Embora seja sinônimo de calor extremo, o Saara já foi palco de um evento raro e quase inacreditável: neve.
Em 1979, uma tempestade cobriu partes do deserto com uma fina camada branca, que durou cerca de 30 minutos antes de derreter sob o sol.
Mais recentemente, em 2018 e 2021, novamente ocorreram eventos similares nas regiões montanhosas do deserto, mostrando como até o clima do Saara pode nos surpreender.
De selva a deserto
Há milhões de anos, o que conhecemos hoje como o árido deserto do Saara era, na verdade, uma vibrante selva tropical.
Evidências fósseis e pinturas rupestres encontradas na região mostram que elefantes, hipopótamos e leões eram parte da fauna local, convivendo em um ambiente rico em vegetação e rios.
As mudanças climáticas, somadas a fatores tectônicos, secaram a região gradativamente até ela se tornar o vasto deserto que conhecemos.
A alternância entre períodos úmidos e secos, devido a variações na órbita da Terra, ainda acontece, embora em intervalos de milhares de anos.
O papel do Saara no ecossistema global
Uma das características mais fascinantes do Saara é sua conexão com ecossistemas distantes. A famosa poeira do Saara, rica em minerais, é transportada por ventos até a floresta amazônica, fertilizando seus solos.
Estima-se que mais de 180 milhões de toneladas dessa poeira cruzam o Atlântico anualmente, ajudando a sustentar a biodiversidade da Amazônia.
Esse fenômeno é um exemplo perfeito de como ecossistemas interagem em escalas globais.
Além disso, a poeira do Saara influencia diretamente o clima. Ela pode reduzir a atividade de ciclones no Atlântico e afeta a radiação solar, alterando padrões atmosféricos e de temperatura em diferentes partes do mundo.
Vida no deserto
Apesar das condições inóspitas, o Saara é o lar de várias formas de vida adaptadas ao ambiente extremo. Tribos como os beduínos e os tuaregues desenvolveram um modo de vida nômade, utilizando o camelo como principal meio de transporte e fonte de recursos.
A fauna também impressiona com sua resiliência: mais de 70 espécies de mamíferos, 90 tipos de aves e cerca de 100 répteis habitam o deserto, demonstrando uma notável capacidade de adaptação às duras condições.
As tempestades de areia no Saara são outro fenômeno que desperta curiosidade. Essas tempestades formam nuvens massivas de poeira que podem se estender por milhares de quilômetros, atingindo a Europa, o Caribe e a América do Norte.
Elas são comuns do final da primavera ao início do outono e têm impactos significativos não só no clima, mas também na saúde humana, aumentando o risco de doenças respiratórias em regiões atingidas pela poeira.
O deserto do Saara, com sua vastidão e segredos, continua a intrigar cientistas e aventureiros, lembrando-nos de como até os locais mais inóspitos do planeta possuem um papel fundamental no equilíbrio global.
Seja através da fertilização da Amazônia ou das histórias ancestrais de quando ele abrigava uma floresta tropical, o Saara é uma peça-chave na complexa interação de ecossistemas e fenômenos naturais da Terra.
*Com informações de Isto É e eCycle.
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