A Noite dos Cristais
Na madrugada do dia nove para o dia dez de novembro de 1938, o assassinato de Ernst vom Rath, secretário da embaixada alemã em Paris, por Herschel Grynszpan, um estudante de 17 anos que queria vingar a expulsão de sua família da Alemanha, resultou em mais um episódio de violência de nazistas contra os judeus.
O regime nazista comandado por Adolf Hitler e todas as atrocidades arquitetadas durante o seu regime contra os judeus deixou marcas profundas na sociedade alemã. A poderosa Alemanha sofreu duas derrotas consecutivas nas grandes guerras mundiais, passou por momentos vexatórios em que teve que arcar com altas indenizações e restrições impostas pelo Tratado de Versalhes, mas mesmo assim conseguiu se reerguer.
A nação hoje a maior economia da União Europeia nem de longe lembra o país destroçado pelas ações de duas guerras inconsequentes. Mas apesar da reestruturação, o governo alemão ainda carrega uma culpa pela política antissemita do nazismo que pôs fim a milhares de vidas.
Recentemente, a chanceler Angela Merkel declarou que esses eventos “foram os piores momentos da história alemã”, mesmo que o Holocausto que se seguiu tenha sido “um evento mais dramático”. Atualmente o país abriga a terceira maior comunidade da Europa, ficando atrás da França e Grã-Bretanha – com 200 mil pessoas.
A Madrugada de Horrores
O assassinato de um oficial alemão por um jovem judeu na cidade de Paris desencadeou uma onda de ataques em que o alvo era a população judaica. Tudo parecia ser uma reação espontânea da população contra a morte do secretário da embaixada alemã Ernst vom Rath, mas na verdade, as ações foram planejadas por Hitler e seus colaboradores.
O ministro de propaganda do governo Joseph Goebbels organizou pogroms (chacina de judeus) antes de tudo acontecesse. Na madrugada do dia nove de novembro tiveram início às ações em que nazistas atacaram e agrediram judeus, destruindo sinagogas, casas e lojas judaicas.
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O evento programado pelo partido nazista durou toda a madrugada e se estendeu durante todo o dia seguinte. O saldo da violência foi devastador, cerca de duzentos e cinquenta sinagogas foram destruídos, sete mil estabelecimentos comerciais de propriedade de judeus foram depredados e saqueados, noventa pessoas de origem judaica foram assassinados.
Se não bastasse tudo isso, escolas, hospitais, cemitérios e casas foram invadidos e saqueados. Judeus alemães do sexo masculino também foram presos por terem cometido um gravíssimo erro na visão dos nazistas: terem nascido na condição de judeus.
Muitos dos judeus presos foram extraditados, mas a maioria foi enviada para prisões locais (incluindo mulheres) e campos de concentração, em que acabaram sendo exterminados pela fúria de uma política segregacionista.
Os estabelecimentos comerciais judaicos foram proibidos de funcionar, exceto aqueles que passaram a ser gerenciado por alemães “puros”, o partido nazista impôs restrições à comunidade judaica que iam desde toque de recolher até a separação dos judeus em guetos, bairros mais afastados dos grandes centros urbanos.
O Aumento da Segregação
Adolf Hitler assumir o governo do Reich (Alemanha) em 1933, desde os seus primeiros instantes como líder supremo do povo alemão demonstrou sua intolerância em relação às minorias.
Não somente os judeus sofreram perseguições, mas também todos aqueles que eram considerados raça inferior como: homossexuais, ciganos, negros, deficientes físicos e etc. Hitler se mostrou implacável ao afirmar que os alemães descendiam de uma raça nobre de guerreiros arianos e por isso não deveriam se misturar a essa escória social. A Noite dos Cristais e o Holocausto é o resultado dessa política antissemita e segregacionista.
Se a vida dos judeus na Alemanha já era extremamente difícil, tudo piorou após a Noite dos Cristais. A população alemã não aceitava conviver em mesmos ambientes que os cidadãos de origem judaica, dessa forma crianças e adolescentes foram proibidos de frequentar as escolas, parques, museus e piscinas públicas.
Muitos pais de família perderam suas casas e emprego, contas bancárias foram confiscadas assim como todos os bens em nomes de judeus. Essa intensificação da perseguição levou muitos a cometer um ato de desespero extremo: o suicídio.
Após os pogroms, os judeus foram obrigados a limpar toda a sujeira deixada pelos vândalos alemães, também ficaram proibidos de pedir as seguradoras o ressarcimento pelos prejuízos causados durante a noite de horrores. A Gestapo (polícia secreta do estado alemão) monitorava todos os passos dos judeus.
A restrição social a que foram submetidos, além de tantas atrocidades, ocasionou uma tentativa de fuga em massa da comunidade judaica da Alemanha e da Áustria para outros países europeus e para o continente americano.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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