O Absolutismo Na Europa
A condução das nações agora estava nas mãos dos reis, surgiria assim o Absolutismo, conhecido também como Antigo Regime.
Absolutismo na Europa
Na idade média, a figura dos reis era praticamente simbólica, seu poder era restringido e ficava submetido à autoridade do clero. A igreja nesse período concentrava grande poder, sua influência não estava limitada somente a questões espirituais, os clérigos controlavam a política, a economia, a educação e os papas chegavam a ser responsáveis pela coroação dos reis ou imperadores.
A partir do século X, durante a Baixa Idade Média os reis ganhariam notoriedade e aos poucos iriam conquistar mais poder do que os outros grupos sociais, uma estratégia para aumentar o seu domínio seria firmar alianças com a burguesia, classe social que nasceria nos burgos, pequenas cidades surgidas em torno dos feudos que se dedicavam as transações comerciais.
Com a expansão comercial a burguesia ansiava cada vez mais pelo aumento da geração de lucros, no entanto a igreja condenava a usura, prática de arrecadar lucros exorbitantes através da exploração de outros indivíduos. Para dar continuidade aos seus negócios os burgueses perceberam a necessidade de receber o apoio e proteção de alguém, dessa forma nasceria uma parceria com os monarcas. Os burgueses apoiariam financeiramente os reis e em troca receberiam a ajuda necessária para ampliar suas atividades comerciais.
Após a Reforma Protestante o poder da Igreja Católica passou a ser contestado, as denúncias e escândalos envolvendo o clero abalariam o cristianismo na Europa, o papa deixaria de ser reconhecido como autoridade universal, esse fato contribuiria para o fortalecimento dos reis, nos países onde o catolicismo era a religião oficial a Igreja passa a ser submetida ao poder dos reis. A condução das nações agora estava nas mãos dos reis, surgiria assim o Absolutismo, conhecido também como Antigo Regime.
O termo antigo regime foi criado no século XIX pelo historiador Alexis de Tocqueville, referia-se ao sistema sociopolítico e econômico que se originou na França e que mais tarde se espalharia por outras nações europeias e pelas colônias dominadas por elas. O absolutismo foi à forma de governo predominante entre os séculos XVI e XVIII na Europa, caracterizava-se pela concentração de poderes nas mãos de uma única pessoa: o rei.
O monarca controlaria não só a política, mas também o sistema econômico havia a total inexistência da separação dos poderes. O filósofo iluminista Montesquieu explicaria que para evitar a tirania seria fundamental a divisão dos poderes, porém não foi o que aconteceu no governo dos monarcas absolutistas.
A autoridade dos reis absolutistas era ilimitada, o que fazia com que eles governassem em benefício próprio e em detrimento das classes mais desprivilegiadas, nesse período houve um aumento na arrecadação de tributos e toda riqueza acumulada era destinada a sustentar os altos gastos da monarquia. Enquanto a população padecia, a realeza ostentava luxo e poder, os seus bens pessoais se fundiam com o da nação, rei e estado se tornariam um só.
Os monarcas contavam com o apoio de um grande número de funcionários para governar, o “Conselho de Estado” formado por magistrado que se reuniam para discutir assuntos de mais importância era um dos órgãos que ajudava a sustentar o regime. A economia era baseada no mercantilismo, sistema econômico que visava o acúmulo de riquezas como estratégia de aumento do poder, o metalismo era uma das práticas mais comuns da economia absolutista.
Um dos reis mais importantes desse período foi Luís XIV, conhecido como Rei Sol ele alimentou o culto à sua imagem. Governou a França de 1661 a 1715, sua forma autoritária ilustraria perfeitamente o modelo absolutista, sua postura arbitrária poderia ser definida através de suas palavras: “O Estado Sou Eu”. De origem católica Luís XIV enxergava o seu poder como uma missão divina, uma inscrição em seu diário demonstraria que ele realmente acreditava nesse poder instituído por Deus: “Exercendo uma tarefa totalmente divina aqui na terra, precisamos parecer incapazes de perturbações que possam comprometê-la”.
Paralelo ao aumento do domínio real ocorria à expansão comercial dos burgueses. Como o rei controlava todas as áreas da nação, com a economia isso não seria diferente, no entanto esse rígido controle exercido por eles no sistema econômico passaria a incomodar a burguesia, que sentia a necessidade de ganhar mais autonomia para realizar os seus negócios sem o controle do Estado. Prevendo uma rebelião, os reis buscariam justificar o seu excesso de poder nas mais diferentes teorias, baseadas na fé e na razão. Dessa forma ganhariam destaque os teóricos do absolutismo.
Alguns Teóricos do Absolutismo
Nicolau Maquiavel (1469-1527)
Em sua obra mais importante “O Príncipe”, Maquiavel era defensor da ideia de que o Estado precisava de um monarca forte e astucioso que zelasse pelo bem estar das pessoas, para ele era responsabilidade do rei controlar a economia e cuidar da segurança da nação a qualquer custo, não importando as estratégias para que isso fosse alcançado. Para ele o Estado era mais importante que os cidadãos, e o líder não deveriam medir esforços para manter o poder, nem que para isso fosse necessário o uso da violência, crimes, mentira e hipocrisia.
Thomas Hobbes (1588-1679)
Um dos maiores defensores do Absolutismo autor da obra Leviatã, Hobbes acreditava que o domínio do mais forte sob o mais fraco era algo natural, defendia a ideia de que o “homem é o lobo do homem” e somente um Estado forte regido por um monarca absolutista seria capaz de regular as relações entre os indivíduos, então para que todos vivam em paz e harmonia os súditos deveriam estar submetidos ao domínio do rei.
Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704)
Autor da política segundo a Sagrada Escritura mistura política e religião em suas teorias, defendia a teoria de que o poder real era de origem divina. Segundo Bossuet o poder era dado por Deus ao monarca e este não deveria ser contestado. Quem ousasse ir contra o rei estaria se rebelando contra Deus.
Podemos perceber uma importante diferença entre as teorias de Maquiavel, Hobbes e Bossuet. Enquanto os dois primeiros baseavam as suas teorias na razão, a teoria do último era fundamentada na fé. O Absolutismo chegaria ao fim na Europa em 1789 com a Revolução Francesa, o descontentamento de uma população marginalizada sem direito a participação na política e uma burguesia desejosa de mais poder e autonomia seriam o estopim para a eclosão de um dos maiores movimentos revolucionários da nossa história e o fim de um regime marcado pelo autoritarismo e opressão.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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