O dinheiro esquecido nos bancos poderá gerar “efeito multiplicador’’ na economia
O cenário de retração econômica também pode influenciar os consumidores a terem um comportamento mais contido na hora de gastar esse dinheiro.
O impacto deverá ser pequeno na economia, tratando-se do resgate dos valores esquecidos, segundo o professor de economia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) João Guilherme Vieira Silva Viera.
Estima-se que exista R$ 4 bilhões a ser devolvido a aproximadamente 29 milhões de pessoas e empresas, conforme informou o Banco Central. O valor total alcança a marca de R$ 8 bilhões e para consultar esses valores é necessário acessar o site valoresareceber.bcb.gov.br.
Considerando o valor ‘’irrisório’’, o professor leva em consideração o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Em 2020, ele fechou em R$ 7,5 trilhões. O PIB é a soma de tudo o que foi produzido e envolve a produção de mercadorias, assim como a prestação de serviços remunerados.
O ‘’efeito multiplicador’’ também é considerado, pois ele faz a medição dos efeitos que a liberação desses valores pode gerar “Uma pessoa ativa diversos outros setores quando ela faz um gasto, ela ativa uma cadeia de suprimentos. Há estudos que calculam que cada R$ 1 gasto com bolsa família gera R$ 1,78 de impacto na economia.’’
Porém, existe um contra ponto, os efeitos gerados através desses recursos no contexto econômico são maiores, quando os valores são utilizados no consumo, geralmente de primeira necessidade. O professor ressalta que caso esse dinheiro seja utilizado para abater dívidas ou realizar investimentos, terá um efeito multiplicador menor.
“Se as pessoas decidirem, por exemplo, utilizar o dinheiro para pagar dívidas, o impacto na economia é menor. Quando você faz o impacto para gastos, se você canaliza o real que você ganha para gastar, ele tem maior impacto na economia do que se utilizar para pagar dívida ou para poupar. Tudo depende, o verdadeiro valor (do impacto na economia) é desconhecido. Não sabemos o que as pessoas vão fazer com esse dinheiro.’’
O cenário de retração econômica também pode influenciar os consumidores a terem um comportamento mais contido na hora de gastar esse dinheiro.
A retração econômica pode ter efeitos sobre o comportamento dos consumidores, levando os a adotar práticas mais serenas ao gastar esse dinheiro. “Eu acho que muita gente vai usar esse dinheiro para abater dívida. Mas é um palpite meu. As pessoas não gostam de ficar com dívidas, com medo de perder crédito. Se existe um dinheiro ali, vai fazer alguma coisa”, entende o professor. “Só o fato de que parte vai ser usado para pagar dívida já mostra que não vai ter um impacto muito significativo na economia. Por que isso acontece? Quando você paga uma dívida, aquele que recebe, seja banco ou credor, tem que decidir se vai reinvestir ou emprestar esse dinheiro. E isso aí, em uma situação de crise costuma não acontecer. As pessoas costumam guardar na crise, sem contar que parte das pessoas que vão receber esse dinheiro e que não vão pagar dividir ou consumir, certamente vão guardar dinheiro devido aos aumentos do risco da economia”, disse Viera
Entretanto, o professor compreende que esses valores chegam em boa hora, visto que existe uma serie de gastos, inclusive com tributos, no começo do ano.
Como saber se tenho valores a receber?
Para descobrir se você tem algum valor esquecido, é necessário consultar o sistema do Banco Central, observe abaixo o passo a passo:
- Acesse o site valoresareceber.bcb.gov.br;
- Digite seu CPF ou CNPJ e a data de nascimento ou de criação da empresa para consultar se você tem valores esquecidos em bancos;
- Se sim, guarde bem a data que o sistema vai te informar. É neste dia que você saberá o valor exato que tem a receber e solicitar a transferência, também pelo valoresareceber.bcb.gov.br.
Quando saberei o valor a ser resgatado?
Foi criado um calendário pelo sistema buscando que a as pessoas físicas ou jurídicas consigam solicitar o resgate e descobrir os valores exatos esquecidos. E para isso foi concebido três períodos para esse objetivo:
- 7 a 11/3 – para nascidos ou empresas abertas antes de 1968;
- 14 a 18/3 – para nascidos ou empresas abertas entre 1968 e 1983;
- 21 a 25/3 – para nascidos ou empresas abertas após 1983.
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