O esquecimento é um aprendizado e a memória pode ser reativada, dizem cientistas
Os pesquisadores disseram ainda que o fato de esquecer alguma coisa pode ter ligação com o ambiente, o que torna o processo de recuperação de memórias ainda mais compreensível.
Uma pesquisa recente sugere que o esquecimento pode ser uma forma de aprendizado e um processo adaptável. Muito mais do que apenas uma perda de memória, essa dinâmica cerebral pode ser uma resposta a um ambiente em mudanças.
O estudo científico foi publicado na revista Cell Reports com uma análise sobre esse fenômeno cerebral. Além disso, a publicação apresenta descrições de experimentos que estimulam o esquecimento natural.
De acordo com os pesquisadores, o esquecimento pode ser considerado um comportamento aprendido. Portanto, desempenha uma “função adaptativa do cérebro que pode contribuir para o aprendizado e a atualização da memória”.
Para validar a teoria e selecionar as amostras do estudo, eles usaram roedores e um processo de interferência retroativa. Durante o processo, os camundongos foram testados em diferentes situações de memórias recentes.
Como o estudo sobre esquecimento foi feito?
Apesar de ser frequentemente associado à falha de memória ou à incapacidade, o esquecimento pode ser uma vivência que é influenciada pelas mudanças que estão ocorrendo no ambiente.
Por isso, os pesquisadores organizaram um experimento de interferência retroativa, para que novas informações específicas atenuassem as memórias previamente codificadas pelos camundongos.
No teste, os roedores precisavam criar associações entre objetos e os locais em que estavam no ambiente. Depois, a ideia era perceber se eles conseguiam identificar um objeto que foi deslocado do local original. O processo de habituação aos contextos durou cerca de quatro dias.
Parte do processo também passou por um momento de experiências concorrentes que interferiam na primeira memória.
Durante o experimento, eles analisaram as respostas de células cerebrais que são responsáveis pelo armazenamento de memórias. Assim, descobriram que os roedores do teste esqueciam as associações quando sofriam as interferências das experiências concorrentes.
Mas “as memórias interferidas ainda podem ser reativadas por pistas circundantes que levam à expressão da memória ou por experiências enganosas ou novas que terminam em um resultado comportamental atualizado”, disse Livia Autore, uma das autoras do estudo.
(Imagem: Freepik/Reprodução)
O esquecimento pode ser recuperado
Depois da primeira etapa de testes, os roedores receberam uma nova rodada de associações que estavam relacionadas às memórias esquecidas. Nesse momento, os pesquisadores perceberam que as células responsáveis pelas memórias foram recuperadas.
Para Tomás Ryan, professor do Trinity College Institute of Neuroscience, “as memórias são armazenadas em conjuntos de neurônios chamados “células do engrama” e a recuperação bem-sucedida dessas memórias envolve a reativação desses conjuntos”.
Com tudo isso, eles notaram que as memórias esquecidas ainda ficam armazenadas no cérebro, mas precisam ser reativadas.
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