O que foi a Revolução Francesa?

Um dos principais acontecimentos mundiais, a Revolução foi responsável por derrubar um governo absolutista e reconfigurar as relações de poder na França.

O que foi a Revolução Francesa? A Revolução Francesa foi um movimento de origem burguesa, iniciado em julho de 1789. Seus eventos marcaram profundamente a história mundial, determinando, inclusive, o início da Idade Contemporânea.

A tomada da prisão da Bastilha pela população parisiense em 14 de julho de 1789, foi considerada o marco inicial da Revolução Francesa.

Além das grandes mudanças no governo francês, ela provocou profundas alterações no contexto social e econômico do país. Veja abaixo quais foram essas transformações, as causas desses acontecimentos e como eles mudaram a realidade da França e do mundo.

Contexto histórico da Revolução Francesa

Antes de qualquer coisa, é preciso saber, que, naquele momento a França estava, literalmente, falida. O país era majoritariamente agrário, e seu modelo de produção estava baseado no feudalismo.

Sob governo absolutista do rei Luís XVI, a população assistia aos exageros da corte, os privilégios dados aos nobres e à Igreja, os altos gastos em conflitos, a péssima administração econômica do monarca, e além disso, as desavenças com a rival, Inglaterra.

Naquele momento, a sociedade civil francesa estava dividida da seguinte maneira:

  • Primeiro Estado era formado pelo clero
  • Segundo Estado pela nobreza
  • Terceiro Estado pela burguesia

O Terceiro Estado era a maior parcela da população, e também a responsável pelo pagamento dos impostos. Estes, eram altíssimos e afinal de contas, não se voltavam em benesses para a população, pelo contrário, eram utilizados para custear os excessos da nobreza e do clero.

Dessa forma, a situação tornou-se um dos motivos pelos quais a burguesia estava insatisfeita com o governo. Aqui, é preciso observar que eles também desejavam maior liberdade de comércio e o amplo desenvolvimento do capitalismo.

Causas da Revolução Francesa

Um fator importante, e de acordo com a informação citada no início, é que o país passava uma por uma grave crise econômica, e estava falido. O rei não conseguia administrar adequadamente, o índice de desemprego era alto e os salários eram baixos.

Naturalmente, os desajustes econômicos se refletiram rapidamente nos aspectos políticos, somando-se a estes.

Outro aspecto propulsor, é que naquele período o Iluminismo, movimento legitimamente francês que negava os pensamentos medievais e defendia as reformas sociais, ganhava força entre os burgueses, tornando-se uma peça fundamental para o início da Revolução Francesa.

O movimento fez críticas acirradas às situações postas na época, como os privilégios dispensados ao clero, ao mercantilismo e ao governo absolutista. Autores conhecidos como Voltaire, Rousseau e Adam Smith foram intelectuais importantes a discutir estes problemas.

Fases da Revolução Francesa

Para compreender melhor todos os dez anos de acontecimentos, os historiadores dividem-nos em algumas etapas. Veja quais foram as fases da Revolução Francesa:

  • Primeira fase (1789 – 1792) – Monarquia Constitucional;
  • Segunda fase (1792 – 1794) – Terror;
  • Terceira fase (1794 – 1799) – Diretório.

A primeira fase é marcada pela convocação da Assembleia dos Estados Gerais. Encontrando-se sob forte pressão da crise política e econômica, o rei Luís XVI, faz a convocação das três divisões da sociedade (nobreza, clero e burguesia), em 5 de maio de 1789.

Anteriormente, alguns ministros propuseram que Primeiro e Segundo Estados também pagassem impostos, o que obviamente, gerou uma intensa revolta entre os membros dessas camadas. Os ministros terminaram demitidos.

Então, durante a Assembleia, os membros da burguesia, o Terceiro Estado, com o objetivo de alcançar medidas que os favorecessem, propuseram que os votos fossem feitos individualmente, e não por Estados, que tinham direito a apenas a um voto.

Os demais Estados prontamente negaram este desejo, então, os burgueses e parte do clero (chamados de baixo clero) formaram a Assembléia Nacional Constituinte, decidindo ficar juntos até que a Constituição ficasse pronta.

Depois disso, aconteceu um dos momentos máximos da Revolução Francesa. O que ficou conhecido como a “Queda da Bastilha”, foi quando a população invadiu a prisão, simbolizando o fim do governo absolutista. Naquele local estavam os prisioneiros condenados injustamente pelo rei.

Este momento foi tão importante para o país, que passados mais de 220 anos desde aquele dia, os franceses ainda comemoram o 14 de julho como um feriado nacional, conhecido como a Festa da Federação.

Primeira fase (1789-1792) – Monarquia Constitucional

Em 26 de agosto de 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi aprovada pela Assembleia. Neste documento foram estabelecidos os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade (“liberté, egalité, fraternité”), que se tornaram o lema da Revolução.

Em setembro de 1791 a Constituição finalmente ficou pronta. O governo absolutista deu lugar a monarquia constitucional, ou seja, o poder executivo continuaria nas mãos do rei, mas a partir daquele momento, os deputados da Assembleia, constituíram o poder legislativo.

Além disso, foi instituído o voto censitário, os privilégios das antigas ordens sociais chegaram ao fim e os bens eclesiásticos foram nacionalizados. A servidão foi abolida, porém, a escravidão permaneceu nas colônias.

Apesar das mudanças consideráveis, o poder ainda permanecia nas mãos de uma minoria privilegiada e os impostos continuavam altos. Essas insatisfações deram margem para a fase mais radical, e de caráter popular, do movimento.

Segunda fase (1792-1794)  – Terror

Neste momento, os revolucionários se dividiram entre girondinos e jacobinos. Do primeiro grupo, faziam parte os membros da alta burguesia, que por sua vez, defendiam posições moderadas.

O segundo, liderado por Maximilien Robespierre, era composto pelos integrantes da média e pequena burguesia, conhecida como a vertente mais radical da revolução.

Em um contexto de guerra civil, em 1793 os jacobinos derrubaram os girondinos do poder, instalando uma ditadura que ficou conhecida como a “O Terror”. Eles acreditavam que para estabelecer uma democracia, era necessário impor o poder à população.

O rei Luís XVI e Maria Antonieta, que tentavam retomar o poder centralizado, foram presos acusados de traição. Eles moram mortos, respectivamente, em janeiro e setembro daquele ano. Além deles, dezenas de pessoas contrárias a revolução morreram guilhotinadas em praça pública.

Além disso, os jacobinos fizeram importantes alterações na constituição. Entre elas, o voto passou a ser universal, insumos básicos tiveram os preços congelados (Lei do Preço Máximo), os inimigos da Revolução passaram a ser julgados por um Tribunal Revolucionário e a escravidão chegou ao fim nas colônias francesas.

O uso exagerado da guilhotina causava medo à população, que ficava mais temerosa a cada dia. Isso fez com que o povo se voltasse contra Robespierre, acusando-o de tirania. Em 1794 ele foi preso e executado, na ocasião que ficou conhecida como o “Golpe do 9 Termidor”.

Terceira fase (1794-1799) – Diretório

Com a morte do líder jacobino, os girondinos retomam o poder. Cinco diretores ficaram encarregados do governo da França, por isso, o nome diretório. Neste momento, termina a participação popular na Revolução Francesa.

Os girondinos revogaram todas as medidas do governo jacobino. Mas com isso, atraíram novamente a insatisfação da população, que sentia-se prejudicada por conta da revogação de algumas medidas.

Além disso, neste momento países próximos, como o Império Austríaco e a Inglaterra, temendo que os ideais revolucionários chegassem aos seus territórios, ameaçavam invadir a França a fim de controlar os revoltosos.

Diante deste cenário e com o objetivo de evitar invasões inimigas, o Diretório busca auxílio no Exército. Daí, surge a figura do general Napoleão Bonaparte, um jovem comandante, reconhecido por sua atuação militar.

Em novembro de 1799, com apoio geral dos franceses, acontece o golpe de Estado que ficou conhecido como 18 Brumário. Por meio dele o Diretório é derrubado, e em substituição, é instaurado o Consulado, caracterizado principalmente pela posição de centro.

Napoleão assume o poder com a missão de buscar estabilidade para a França, para isso, cuidado dos interesses da burguesia e mantendo afastado o fantasma das revoltas populares.

Poucos anos depois, em 1803 começam as Guerras Napoleônicas, carregadas com os ideais da Revolução Francesa, elas foram outro marco para a história mundial.

Consequências da Revolução Francesa

Durante os dez anos de duração, a Revolução Francesa foi responsável por mudanças em diversos setores da sociedade, provando o poder da população em relação à destituição de um governo,

Um dos principais pontos, é que por meio dela a França deixa para trás o feudalismo para assumir um regime econômico capitalista. Isso causou um impacto profundo nas atividades da burguesia, que deixaram de ser limitadas e assumiram proporções nacionais.

Um legado deixado para muitos outros países foi o separação dos poderes. Embora sua Constituição não tenha sido a primeira do mundo, ela é considerada uma das mais importantes.

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