Origem da doença 'viking' pode ser encontrada nos genes neandertais

Um distúrbio que afeta as mãos pode ser uma herança genética dos neandertais.

De acordo com um recente artigo publicado na revista Molecular Biology and Evolution, pesquisadores descobriram evidências de que a doença de Dupuytren (também conhecida como doença ‘viking’) tem uma origem parcialmente neandertal. Essa condição sempre foi observada como mais prevalente entre os europeus do norte em comparação aos descendentes de africanos.

A doença de Dupuytren é um distúrbio que afeta a mão, resultando na flexão permanente dos dedos, especialmente os dedos anelar e médio. Vários fatores de risco foram identificados pelos cientistas, incluindo idade avançada, consumo de álcool, diabetes e predisposição genética.

A idade é um fator importante, uma vez que a doença tende a se desenvolver mais frequentemente em pessoas mais velhas. O consumo excessivo de álcool também foi associado a um maior risco de desenvolver a doença de Dupuytren. Além disso, os indivíduos com diabetes têm uma probabilidade aumentada de desenvolver a condição.

De fato, estudos têm indicado uma forte influência genética na doença, com relatos de até 80% de hereditariedade. A condição é mais comum em pessoas de ascendência do norte da Europa, como os noruegueses, em que a prevalência pode chegar a até 30% entre os indivíduos com mais de 60 anos.

Origem da doença atual pode ser herança genética dos neandertais

As pessoas de ascendência africana ao sul do Saara têm uma baixa proporção de ancestrais neandertais ou denisovanos, grupos humanos extintos que habitaram a Europa e a Ásia há cerca de 42 mil anos.

Em contraste, aqueles com ancestralidade fora da África herdaram até 2% de seu genoma dos neandertais, e algumas populações na Ásia apresentam até 5% de ascendência denisovana.

Essas diferenças geográficas na ancestralidade genética levaram a variantes arcaicas de genes que podem contribuir para características ou doenças específicas encontradas em determinadas populações.

Para investigar as origens genéticas da doença de Dupuytren, os pesquisadores utilizaram uma amostra de dados que incluíam 7.871 casos de indivíduos com a doença e 645.880 controles saudáveis.

Eles analisaram informações genéticas provenientes do UK Biobank, da coleção FinnGen R7 e da Michigan Genomics Initiative, com o objetivo de identificar variantes genéticas de risco associadas à doença de Dupuytren.

Os pesquisadores identificaram um total de 61 variantes genéticas significativas em todo o genoma que estão associadas à doença de Dupuytren. Surpreendentemente, três dessas variantes têm origem neandertal, sendo que duas delas estão entre as mais fortemente associadas à doença.

Os cientistas chegaram à conclusão de que a ascendência neandertal desempenha um papel significativo na explicação da alta prevalência da doença de Dupuytren na Europa atual.

De acordo com o autor principal do estudo, Hugo Zeberg, essa descoberta demonstra que o contato com os neandertais teve um impacto nas pessoas que sofrem com a doença de Dupuytren. No entanto, Zeberg ressalta que é importante não exagerar na conexão entre os neandertais e os vikings, apesar dessa associação genética.

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