Os Pensadores Iluministas – Voltaire

Celebrar o valor da humanidade diante de si mesma, alcançar a excelência pela virtude de seus próprios esforços. Esses são pensamento do filósofo francês iluminista que nasceu há 322 anos, em 21 de novembro de 1694.

François-Marie Arouet (Voltaire) foi um dos principais pensadores iluministas na França do século XVIII. Voltaire era conhecido por sua ironia e sua grande capacidade retórica. O filósofo francês foi um grande pensador da historiografia política no ocidente e concentrou parte de sua crítica ao clero.

O Século das Luzes, ou o século Iluminista carrega este nome justamente para se contrapor ao que eles mesmos denominaram como Idade das Trevas, a Idade Media. É um período que após o Renascimento clássico, que buscou renovar as artes, a cultura e a ciência se inspirando na retomada da cultura clássica grega, tem por agora, no século XVIII, a busca da Razão como guia do pensamento humano e científico da sociedade ocidental.

Apesar de ser um iluminista e crítico das tradições, o que viria influenciar no processo revolucionário da França, Voltaire era um conservador no sentido em que acreditava no progresso das nações enquanto rompimento com as estruturas medievais e religiosas, mas não exatamente no rompimento com as estruturas aristocráticas da nobreza. Isso se confirma pois Voltaire é o autor da obra sobre o Luís XIV, o Rei Sol. Para Voltaire, o século de Luís XIV era uma arrancada para o futuro e uma libertação dos tempos de obscurantismo ligados à Idade Media e ao domínio total da Igreja.

Voltaire
Voltaire

Voltaire foi um grande historiador político. Através da figura do Grande Rei Luís XIV, o filósofo francês coloca em pauta algumas questões sobre presente, passado e futuro no jogo político europeu. Ele analisa a noção de progresso no pensamento histórico desenvolvido no século XVIII pelos Iluministas, em sua obra “O século de Luís XIV”. Destacando a idéia de um tempo histórico descontínuo, que valoriza a realização criadora no “presente”, voltada para um futuro promissor.

Para Voltaire, o Renascimento do século XVII foi um acúmulo de progressos no conhecimento da humanidade, o século XVIII corresponde então a uma educação da humanidade. É um então um sentido de progresso histórico destacado pelo filósofo francês e que muitos iluministas concordavam. Basta sabermos que o processo civilizatório europeu na colonização de outras culturas da América, África e Ásia, se baseavam nesses preceitos que muitas vezes se constituíam em uma depreciação do outro, o colonizado.

Para Voltaire, a Europa também esteve sob a barbárie cristã até o século XVII, é a partir do século de Luís XIV que acontecerá o esclarecimento e a razão passará a conduzir o progresso no Ocidente. Voltaire nesse sentido, recusa a visão cíclica da história, acredita que somos marcados por grandes séculos e grandes épocas que progridem em linha reta.

Em um paralelo com o filósofo político italiano, Nicolau Maquiavel, que escreveu a obra “O Príncipe”, o governante, através da ação do príncipe deve alcançar a ordem e essa deve ser a partir de então, irreversível. Deve-se ainda, segundo Voltaire, ter a religião como instrumento ideológico apenas e se romper com o clericalismo político.

Voltaire abominava a interferência da Igreja no meio político. Para o francês, as massas precisavam da religião. A famosa frase muitas vezes atribuída a Napoleão Bonaparte no século XIX: “se Deus não existisse, seria preciso reinventá-lo” é na verdade uma frase de Voltaire.

Carlos Beto Abdalla
Historiador e Mestre em Estudos Literários

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