Países desenvolvidos prestam ‘excelência’ ao ensino técnico
Enquanto que na Finlândia, 65% dos alunos se especializam, taxa no Brasil não passa de 10%
Alguém já disse que o preconceito é a senha do atraso. Nada mais verdadeiro quando a questão é o tratamento dispensado pelo brasileiro em relação ao ensino técnico no país, como ‘prêmio de consolação’ aos pobres, enquanto a educação superior se restringiria aos ricos.
Na contramão da mentalidade arcaica tupiniquim, na Finlândia, pelo menos 65% dos alunos cursam o ensino médio, parcela que sobe para 84%, no caso da Suíça. No caso brasileiro, fato é que tal ‘miopia’ trava investimentos e praticamente alija a juventude desse nível de educação profissional-tecnológica, cuja participação não passa de 10%, até porque, talvez por falta de infraestrutura, não há vagas para todos, o que exige uma seleção prévia.
Indo além da concepção ‘estreita’, que ‘vagueia’ entre o sonho do ‘emprego’ ideal e uma aula aborrecida de física, em países mais desenvolvidos, o ensino técnico pode representar, para o jovem, um estímulo que associa teoria e prática, colocando o trabalho como princípio educativo.
Se bem concluído, o ensino técnico exerce, de forma eficiente, o papel de ‘articulador’ de disciplinas centrais para a formação básica, como Português, História, Biologia, além de fazer com que o aluno entenda que a aprendizagem técnica estabelece uma ligação direta entre sua vida pessoal e profissional. Tal constatação é tão verdadeira quanto dizer que as escolas técnicas são aquelas cujos alunos obtêm as melhores notas em vestibulares, ante seus pares das escolas públicas, além de contrariar o pensamento retrógrado de que os primeiros não avançariam ao grau superior.
Neste aspecto, vale lembrar que, além da ‘celeuma’ que envolve a implantação do Novo Ensino Médio – alvo de pedido de prorrogação, por parte dos estados – pouca ou nenhuma importância foi dada à adoção de uma nova regra, que permite às faculdades validar, como créditos, disciplinas cursadas no ensino técnico.
É o que prevê o relatório do respectivo projeto de lei, de autoria da deputada federal Tábata Amaral (PSB-SP), para quem ensino técnico e universidade possuem um ‘objetivo comum’. A iniciativa teria por finalidade cobrir as lacunas de formação, tanto do ensino técnico, como superior, tendo em vista capacitar o futuro profissional para o mercado de trabalho.
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