Pesquisa aponta que 1 em cada 3 trabalhadores querem semana de trabalho com 4 dias
O levantamento aponta ainda que muitos trabalhadores estão dispostos a ter cortes no salário ou até mudar de emprego para ter redução de carga horária.
Já não é de hoje que a pauta da chamada semana de quatro dias úteis tem ganhado força em todo mundo. Agora, uma pesquisa encomendada pela empresa Monster e divulgada pela rede de TV norte-americana CNBC, veio para aquecer ainda mais a discussão.
De acordo com a pesquisa, 61% dos trabalhadores norte-americanos gostariam de trabalhar apenas quatro horas por dia, em vez das cinco trabalhadas atualmente.
Destes, 33% consideram mudar de emprego para ter menos dias de trabalho, enquanto 10% estariam dispostos até a aceitar uma redução de salário para poder trabalhar menos. A pesquisa foi feita em março e entrevistou 838 pessoas.
Vicki Salemi, especialista em carreiras da Monster, disse que esses números só ratificam a mudança de comportamento dos trabalhadores, que agora estão mais preocupados em equilibrar trabalho e vida pessoal.
Essa realidade está cada vez mais próxima
Com o aumento das pressões em torno do tema, muitas empresas e casas legislativas ao redor do mundo estão olhando com mais atenção para a proposta de semana de trabalho de quatro dias.
Nesse sentido, alguns testes têm sido feitos com o intuito de demonstrar a viabilidade desta metodologia quando aplicada às empresas.
Um desses testes feito ao longo de seis meses pela ONG 4 Day Week Global apontou um aumento significativo na produtividade e satisfação de trabalhadores de empresas que testaram o modelo de jornada de trabalho.
Além da maior satisfação dos colaboradores, as empresas registraram um grande aumento na produtividade, melhora nas receitas e menor rotatividade em diversos cargos.
Tomando como base esses sinais positivos, alguns legisladores estão apresentando projetos de lei para institucionalizar a redução de carga horária nalguns lugares do mundo.
Como exemplo, alguns deputados do estado de Maryland, nos EUA, já apresentaram projetos de lei que visam a redução dos dias de trabalho sem redução de salários e benefícios.
A nível federal, o legislador Mark Takano, da Califórnia, reapresentou a chamada Lei da Semana de Trabalho de 32 horas, que é de sua autoria, no Congresso norte-americano.
Se aprovada, essa lei reduziria oficialmente a definição padrão da semana de trabalho de 40 horas para 32 horas, sem redução de salários ou benefícios.
Para alguns trabalhadores, não há como ser produtivo cinco dias por semana
A pesquisa encomendada pela Monster ainda trouxe um dado interessante. O levantamento aponta que 56% dos trabalhadores entrevistados estariam dispostos a trabalhar mais horas por dia para folgar um dia a mais na semana.
Outros 30% desses trabalhadores admitem que não há como ser produtivo os cinco dias da semana. Alguns relatam, por exemplo, que às segundas ou sextas-feiras, dias “colados” no final de semana, a produtividade é mínima.
Quando o assunto é semana de quatro dias, as empresas diferem quanto ao método de aplicação da medida. Enquanto algumas empresas pensam em aumentar as suas jornadas diárias de 8h para 10h, outras empresas aceitam a redução da carga horária total.
De toda forma, os anseios dos trabalhadores seriam prontamente atendidos com essas medidas, uma vez que o final de semana seria estendido por pelo menos mais um dia.
Quando perguntada sobre o assunto, Vicki Salemi explicou o seu ponto de vista. “Meu primeiro pensamento é que talvez eles [os trabalhadores] estejam preocupados em trabalhar dias mais longos para conseguir o quinto dia de folga, ou eles se perguntam se realmente terão folga naquele quinto dia”, disse ela.
A executiva ainda apontou que devem haver definições claras para deixar esse assunto realmente estabelecido. “É preciso haver definições claras dos empregadores sobre como é a semana de trabalho de quatro dias, a fim de resolver essa hesitação”, concluiu.
Comentários estão fechados.