Pesquisa aponta que apenas 16% dos brasileiros consomem livros
Uma pesquisa revelou que apenas 16% dos brasileiros leem livros, destacando desafios econômicos e culturais que afetam o mercado editorial.
Uma pesquisa inédita da Câmara Brasileira do Livro (CBL) em parceria com a Nielsen BookData revelou um dado preocupante: apenas 16% da população brasileira consome livros.
Embora a leitura seja considerada uma atividade relevante por 85% dos entrevistados, o consumo efetivo é baixo, revelando um cenário desfavorável para o mercado editorial e a cultura literária no país.
Entre os principais fatores que explicam esse número estão o alto preço dos livros, a dificuldade de acesso a livrarias e a concorrência com outras formas de entretenimento, como o consumo de vídeos por streaming.
Esses aspectos afetam diretamente o hábito de leitura, especialmente entre as classes com menor poder aquisitivo, mas também impactam aqueles com maior renda, reforçando a percepção de que o livro é um produto caro e de difícil acesso.
Preço dos livros é um obstáculo
O fator mais apontado pela pesquisa como motivo para a baixa compra de livros é o preço. Independentemente da classe social, o custo elevado dos livros é visto como uma barreira significativa.
Para as classes mais altas, que poderiam ter maior poder aquisitivo, o valor médio de R$ 43,00 por livro também é considerado alto.
Esse dado reflete a crise econômica enfrentada não só pelo Brasil, mas por todo o mundo, impactando diretamente o mercado editorial.
Além disso, o desafio de equilibrar os custos de produção e vendas é enorme. O processo de criação de um livro envolve uma cadeia complexa, que vai desde a compra de direitos autorais até a logística de entrega nas livrarias, o que encarece o produto final.
Como destacado por especialistas, a inflação acumulada nos últimos anos aumentou ainda mais esse fardo, dificultando a percepção de valor acessível ao consumidor.
Distância de livrarias e o acesso ao livro
Outro obstáculo significativo, especialmente para as classes menos favorecidas, é a falta de acesso físico a livrarias.
Muitas regiões no Brasil, principalmente fora dos grandes centros urbanos, não possuem livrarias próximas, o que torna difícil para uma parte considerável da população comprar livros.
Isso agrava ainda mais a questão do consumo, visto que, sem fácil acesso, o interesse e a compra caem drasticamente.
A cultura de entretenimento digital
O estudo também revelou que a maior parte do tempo livre dos brasileiros é dedicado ao consumo de entretenimento digital, como streaming de vídeos.
A leitura de livros ocupa apenas a 13ª posição entre as atividades de lazer mais realizadas por aqueles que não compram livros.
Essa mudança cultural, impulsionada pelo crescimento das plataformas de streaming e redes sociais, tem deslocado a leitura para segundo plano.
Mesmo entre aqueles que compram livros, o consumo de vídeos online é uma das atividades preferidas, superando até a leitura em muitos casos.
Isso mostra uma competição direta do livro com outras formas de entretenimento que exigem menos esforço cognitivo e oferecem recompensas imediatas, como séries e filmes.
Crescimento pessoal e lazer
Entre os 16% que efetivamente consomem livros, os principais motivos de compra estão ligados ao desenvolvimento pessoal e ao lazer.
Os temas ou assuntos específicos de interesse, seguidos do preço e da recomendação de influenciadores, são os fatores mais decisivos na escolha do livro.
Curiosamente, a imprensa tradicional não figura como uma das maiores influências na decisão de compra, o que evidencia uma mudança no comportamento do consumidor, que agora se baseia mais nas recomendações online.
O mercado editorial brasileiro enfrenta um grande desafio: não apenas tornar os livros mais acessíveis financeiramente, mas também mudar a percepção de valor do livro.
Isso passa por um esforço conjunto de editores, autores e influenciadores digitais para revalorizar a leitura como uma forma essencial de crescimento intelectual e lazer.
Para isso, o mercado precisa investir em estratégias que tornem os livros mais atrativos, tanto no formato impresso quanto digital, e encontrar maneiras de competir com outras formas de entretenimento mais populares.
Além disso, campanhas de incentivo à leitura e políticas públicas que facilitem o acesso a livros, especialmente em áreas mais carentes, são cruciais para reverter esse cenário.
*Com informações de Publish News.
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