Pesquisa associa preferências musicais com transtorno de personalidade borderline
Levantamento publicado na Psychology of Music investigou relação entre o gosto musical e sintomas do transtorno.
A música sempre desempenhou um papel significativo na vida humana, influenciando emoções, estados de espírito e conexões sociais.
No entanto, uma nova pesquisa publicada na Psychology of Music lança luz sobre como as preferências musicais podem estar relacionadas aos sintomas do transtorno de personalidade limítrofe (TPL), fornecendo insights valiosos sobre como os indivíduos lidam com sua saúde mental por meio da música.
O que diz o estudo: análises de padrões e preferências
O transtorno de personalidade limítrofe (ou boderline) é uma condição mental caracterizada por instabilidade emocional, comportamental e de autoimagem. Indivíduos com TPL muitas vezes enfrentam dificuldades em regular suas emoções e relacionamentos interpessoais, o que pode levar a padrões de comportamento impulsivo e relacionamentos tumultuados.
A pesquisa, liderada por Rafał Lawendowski, do Departamento de Estudos da Família e Qualidade de Vida da Universidade de Gdansk, investigou a relação entre os sintomas de TPL e as preferências musicais em uma amostra de 549 participantes. Os participantes foram divididos em dois grupos com base em suas pontuações no Inventário de Personalidade Borderline: um grupo com sintomas de TPL mais graves e outro com sintomas menos pronunciados.
Imagem: Pixabay/Reprodução
Os resultados revelaram diferenças distintas nas preferências musicais entre os dois grupos. Os participantes com sintomas mais graves de TPL mostraram uma preferência por gêneros musicais reflexivos e complexos, como clássico ou jazz, enquanto exibiam menos interesse em gêneros intensos e rebeldes, como heavy metal ou punk.
Essas descobertas sugerem que as preferências musicais podem estar relacionadas à maneira como os indivíduos lidam com suas emoções e interações sociais.
Além disso, o estudo examinou como as funções psicológicas atribuídas à música, como regulação emocional e conexão social, influenciam as preferências musicais dos participantes. Descobriu-se que a gravidade dos sintomas de TPL estava intimamente relacionada à forma como os indivíduos percebiam essas funções da música. Por exemplo, os participantes com sintomas mais graves de TPL valorizavam menos a música como uma ferramenta para promover a autoconsciência e os laços sociais.
Essas descobertas destacam a importância da música na vida das pessoas com TPL e sugerem que suas preferências musicais podem refletir suas necessidades psicológicas internas. No entanto, o estudo também reconhece algumas limitações, como o uso de medidas auto-relatadas e a falta de consideração da influência da terapia contínua nas preferências musicais dos participantes.
Para o futuro, os pesquisadores sugerem estudos longitudinais que possam investigar mais a fundo como as preferências musicais evoluem ao longo do tempo e como a música pode ser eficaz na terapia de indivíduos com TPL. Essas pesquisas têm o potencial de fornecer insights valiosos para terapeutas e profissionais de saúde mental que trabalham com essa população.
Em última análise, a pesquisa destaca a importância de reconhecer e compreender as complexas interações entre saúde mental e preferências culturais, como a música. Ao explorar essas conexões, podemos abrir novas portas para o tratamento e a intervenção em transtornos mentais, oferecendo esperança e apoio a indivíduos que enfrentam desafios emocionais e interpessoais.
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