Pesquisa da USP alerta para os RISCOS de descolorir o cabelo e fazer escova progressiva; entenda
Muito comum entre as mulheres, esses procedimentos parecem não fazer tão bem assim à saúde capilar.
Uma recente pesquisa conduzida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Copenhague, na Dinamarca, revelou que a combinação de técnicas de escova progressiva e descoloração pode aumentar a porosidade dos fios de cabelo em até quatro vezes.
Embora a escova progressiva possa conferir um aspecto brilhante, sedoso e alinhado aos cabelos, trata-se de uma “falsa impressão de que os cabelos estão saudáveis e tratados”, segundo Cibele Castro Lima, autora do estudo, em entrevista ao Jornal da USP.
A pesquisa, publicada no Journal of Applied Crystallography, também se aprofundou nos impactos individuais de cada procedimento, buscando compreender os riscos associados e promover melhores práticas para cuidado capilar.
Pesquisadores analisam impactos
O estudo recente se debruçou sobre a interação de tratamentos cosméticos, como alisamento e descoloração, com as moléculas dos fios de cabelo.
Tais tratamentos alteram os componentes capilares, resultando em mudanças nas propriedades físico-químicas e mecânicas das fibras, que levam os cabelos crespos a adquirirem uma aparência lisa e aos fios escuros a perderem seu pigmento.
Durante a pesquisa, os estudiosos se concentraram em um ativo composto por ácido glioxílico associado à carbocisteína.
Embora esse composto não conste na “Lista de ativos permitidos para produtos cosméticos para alisamento ou ondulação de cabelos” da Anvisa, sua utilização ainda é comum no mercado brasileiro.
Para o experimento, mechas de cabelos naturais foram submetidas a três diferentes tratamentos: descoloração, alisamento e uma combinação de ambos.
Posteriormente, técnicas variadas, incluindo espalhamento de raios X, análises térmicas, espectroscopia de massas e termogravimetria, foram empregadas na análise dessas mechas.
Tal procedimento permitiu aos cientistas entender os efeitos desses tratamentos nas fibras capilares em diferentes níveis.
Estudo da USP revela danos a longo prazo
Pesquisadores da USP identificaram que tratamentos de alisamento, como a escova progressiva, causam alterações nas camadas lipídicas do cabelo, responsáveis por manter os fios protegidos de agentes externos.
Essa membrana é essencial para conservar a umidade capilar natural, garantindo sua maciez, brilho e flexibilidade.
O estudo também mostrou que as mechas submetidas à descoloração e ao alisamento foram as que apresentaram os maiores danos nas estruturas do córtex e da cutícula.
O córtex, camada intermediária do fio, é crucial para determinar características como forma, cor, força e elasticidade, uma vez que concentra elementos como queratina, água e melanina.
(Imagem: divulgação)
Por sua vez, a cutícula, a camada mais externa, protege os fios com suas camadas de proteínas. A ação desses tratamentos compromete a capacidade do cabelo de reter água e nutrientes.
Os pesquisadores ainda apontaram que tais procedimentos resultam na perda estrutural da proteína alfa-queratina, vital para a resistência e elasticidade capilar.
Cibele Castro Lima, responsável pelo estudo, alertou para a gravidade dos danos: “Quanto maior a temperatura utilizada no processo, maiores são os danos ao córtex e à cutícula, e essas alterações estruturais são irreversíveis”.
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