Pesquisa do Ceará pode cooperar para o combate à depressão com uso de chá

Um estudo realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) sugere que o chá de ayahuasca, uma bebida usada em rituais religiosos, pode desempenhar um papel relevante no tratamento da depressão grave.

Uma pesquisa, conduzida pelo doutorando Cid Pinto, do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFC, sob a orientação dos professores David de Lucena e Danielle Macêdo, demonstrou que doses dessa substância têm a capacidade de reverter os sintomas associados a essa condição de saúde.

O estudo, realizado como parte da fase de teste pré-clínico, utilizou camundongos para induzir os comportamentos depressivos associados à doença, empregando a corticosterona em animais.

Posteriormente, os camundongos foram agrupados e submetidos a uma série de testes para avaliar diversos fatores, como a capacidade de lutar pela vida, os níveis de corticosterona no sangue e outros parâmetros relevantes.

Os resultados da pesquisa do chá

A pesquisa, iniciada em 2018 e publicada em 2021, não tem o intuito de desenvolver uma nova fórmula de medicamento, conforme esclarece o pesquisador.

Ele enfatiza que, devido ao caráter religioso do chá de ayahuasca, não é possível utilizá-lo como base para a criação de um fármaco, uma vez que a legislação não permite esse tipo de abordagem, e esse não é o objetivo do estudo.

O chá de ayahuasca utilizado na pesquisa foi fornecido pela União do Vegetal, uma religião que utiliza a bebida em rituais. Cid menciona que uma infusão foi enviada a São Paulo para a análise de sua composição.

Além disso, o doutorando destaca que o foco principal da pesquisa é a compreensão aprofundada da fisiopatologia da depressão e como ela opera.

Ele enfatiza que esse estudo levanta mais perguntas do que fornece respostas, com o objetivo de investigar se existem mecanismos adicionais, além dos já conhecidos nos medicamentos ocasionais, que podem explicar a ação mais rápida da ayahuasca na reversão dos sintomas.